Poemas :  Concentração e devoção
Os meus poemas são
energias concentradas
e acumuladas,
de momentos diversos
e sentimentos devocionais.

Saem da concentração
de palavras,
e vão para os corações
carentes de emoções.

Os meus poemas são minha fé,
minhas orações,
meus olhos e meus pulmões,
vibrando por alguma coisa.

A.J. Cardiais
30.07.2018
Poeta

Sonetos :  Sacramento
Não gosto de nada
que ofusque meus sonhos;
de nada que encarda
meus versos transparentes.

Quero ser somente eu,
neste chão coberto de nuvens.
Escrevo de dentro pra fora,
viajando na ideia.

Carrego uma mala sonora,
onde guardo sentimentos
de coisas, cores e perfumes.

Não gosto de nada
que apague meus sonhos,
porque deixo de existir.

A.J. Cardiais
20.03.2016
Poeta

Sonetos :  Egoísmo
O que sei sobre poesia,
me basta...
Não pertenço a uma casta
poeticamente correta.

Não meço palavras,
para exprimir sentimentos.
Nem rimo momentos
só para agradar a corte.

Minha palavra predileta é anarquia.
Liberdade acima de tudo.
Procuro exibir um estudo

completamente às avessas.
Fruto de obeservações
e conversas.

A.J. Cardiais
13.06.2018
Poeta

Textos :  O espírito da arte. E os fantasmas do tempo.
O espírito da arte.
E os fantasmas do tempo.


Impossibilidade de achar uma escala absoluta para determinar o valor de uma obra de arte. Valor relativo da beleza e da feiura. Origem dos nossos sentimentos estéticos. Origem das nossas ilusões sobre o valor absoluto das obras de arte. A arte não tem por fim reproduzir fielmente a natureza. A obras de arte exprimem os sentimentos, crenças e necessidades de uma época, e transformam-se com ela. … a arte como prazer, a arte como expressão e a arte como conhecimento, pois as questões referentes à arte são tão antigas quanto a própria origem da filosofia.

Mas tudo isto conservará em alto grau carácter insular. Isso resulta do facto de elas representarem a efusão natural dum cérebro um tanto excêntrico e que compunha dominado por uma espécie de obsessão. No entanto, o princípio da falseabilidade não é critério único para dar garantia ao processo de pesquisa científica, já que a própria teoria da falseabilidade pode ser aplicada a si mesma, o belo pode ser um dos atributos da arte, mas não é o único, tampouco o mais importante. O feio também pode ser arte. Além disso, existem proposições em que o princípio não é aplicável. A interação ambiente/organismo gera informação e esta causa mudanças no comportamento do organismo, que por sua vez causa alterações em seu ambiente, processo equivalente ao do feedback estudado na teoria da informação.

Desta situação decorrem dois fatos: 1) Não existem valores absolutos e eternamente válidos para todos as espécies de seres que existem e existiram; e 2) Muito menos valores humanos válidos para toda a natureza, inclusive a humana.
A primeira dificuldade apontada concerne à questão da comensurabilidade. Isso porque quando duas coisas - objetos, pessoas, fenômenos - são comparadas, presume-se que se possa medi-las em igualdade de condição (suposição, muitas das vezes, errônea). É difícil imaginar hoje a possibilidade de, em algumas páginas, definir o pintor ou a pintura, o artista ou a arte da vida moderna, pós-moderna, contemporânea, ou como se queira chamar-lhe. Isto é, dirigir-se à actuali-dade, que sentimos como cada vez mais complexa, e traçar-lhe o retrato, a essa actualidade que temos cada vez mais dificuldade em convocar como realidade, em dizer como experiência, ou sequer em configurar como nome.

Não há como mensurar qualquer fenômeno estando fora da história ou da sociedade… se a razão busca uma soberania irrestrita sobre a natureza, ela coloca o humano contra si, do mesmo modo que a natureza o faz quando exerce uma dominação total. Neste último caso, o homem seria um selvagem; no primeiro, um bárbaro. É preciso um singular poder de observação para tornar sensíveis tais particularidades de matéria.

Uma vez presumida a impossibilidade de apreender por inteiro a realidade objetiva, a capacidade de “prestar atenção” (em um número reduzido de estímulos) passa a ser considerada condição de uma subjetividade plena. Trata-se antes de um episódio desseeterno movimento pendular que faz com que a um período de frivolidade suceda um período severo, a um período de liberdade um período de disciplina, mas hoje uma data de gurus universitários, todos a darem-se ares de iluminados para os centenares de alunos que vão dormir a sua marijuana ouvindo-lhes os sermões psicanalíticos, estruturalistas, etc… Tal maneira de ver não teria suficientemente em consideração a complexidade das coisas.

É importante perceber que muito daquilo que tendemos a encarar como “natural”, principalmente no que diz respeito aos valores, costuma ser muito mais uma mescla obscura de orientações morais cujo delineamento e defesa podem ser encontrados em muitos pensadores. Embora tais armaduras simbólicas sejam eminentemente invisíveis, elas possuem também uma parte visível – aquela parte que nós representamos com objetos e imagens.

E tais representações, é claro, não se dirigem apenas aos outros mas também a nós mesmos, ajudando-nos a ajustarmos, embelezarmos e afirmarmos o direito de utilização de nossas armaduras. Grosso modo, se antes uma representação aludia a algo “em si”, como referencial objetivo, passou-se a entendê-la como algo que foi visto por alguém, em sua particularidade e em meio a instâncias dispersas.
E o que caracteriza a pulsão é sua plasticidade, de modo que ela pode ser investida em objetos muito diversos, de formas muito diversas. Mas, como é fácil observar, a experiência imaginária do humano, este ser mergulhado no simbólico, é muito diversa da experiência imaginária do animal, no qual se pressupõe simplesmente que certas imagens os impelem (instintivamente) para ações específicas, como no caso das imagens que atraem sexualmente.

Trata-se, é preciso reconhecer, de uma questão difícil de responder, em parte devido ao grau de enraizamento de tal ideia em nossa cultura, que faz com ela permeie, em formas bastante variadas, uma infinidade de representações
.
Poeta

Poemas de amor :  Sobrevoando sentimentos
Sobrevoando sentimentos
Sem interesses,
amaremos nossos corpos
e uniremos
nossos desejos abrasados.

Deitaremos na linha
do horizonte aveludado,
para ver e sentir o ocaso.

Sumindo o som da nossa voz
num rouco sussurro,
para não acordar
o amor recém nascido
que agora dorme,
embalado pelas ondas prazerosas
dos nossos sentimentos...

E até lá...
Amém, amor.

A.J. Cardiais
28.01.1982
imagem: google
Poeta

Prosas poéticas :  padrões
tivesse eu, que dizer algo
agora, seria tão obvio;
e sei o quanto
estamos distantes disso,
de réguas, balanças, normas e costumes.

tivesse eu, que dizer algo,
sairíamos perdendo,
tempo e sentimento,

e estes dois professoras
já me ensinaram
que argumento
é a porta do não.
do fácil
e da fuga.

resta-me pois,
confiar neste ideal,
que a maior parte do tempo
parece só meu.

talvez seja esta
a verdadeira definição
de fé.
Poeta

Prosas poéticas :  prazeer
E é sempre assim,
se manter limpo
no melhor estilo,
se preparar
e exibir
para a vida.
Com o mais iluminado sonho,
na melhor
das intenções;
Esteja ela
sorridente ou séria
doce ou amarga
rude ou dócil
tanto faz.
aprumar-se ao dia
por dentro e por fora
para cortejar
seu mais oculto
raro e infinito
prazer.
Nem que seja
um cansaço digno
ao entardecer
Poeta

Poemas :  Nos meus sentimentos, as palavras
Nos meus sentimentos, as palavras
Solto meus sentimentos nos versos...
Deixo irem de braços abertos
sentindo os ventos
das emoções exprimidas...

Despejo o orgulho do poeta
na enxurrada de palavras
que invadem minha cabeça,
e deixo que elas se arrumem
ou arrumem-se
como melhor pareça.

Peço que elas fiquem
bonitinhas,
bem comportadinhas,
para que quem lê-las
nunca esqueça.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  O equilibrador de palavras
O equilibrador de palavras
Não sei "destrinchar um poema",
como os teóricos fazem.

Também não sei "montar um poema",
como eles montam.

Eu só sei equilibrar
pedras sobre palavras,
e palavras sobre sentimentos.

Formando uma falsa alvenaria,
que eu ouso dizer
que é poesia.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Poemas sem esquadro
Poemas sem esquadro
Os meus poemas
não são feitos
com esquadros.

São momentos
capturados.

Símbolos de sentimentos,
bem ou mal traçados

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta