Crónicas :  "Heróis" da periferia
"Heróis" da periferia
As armas sempre exerceram um certo fascínios sobre as pessoas. Enfim elas significam o poder, o domínio. E entre a criançada esse fascínio é bem maior. Pode parecer que não, porém o que mais uma criança sonha é ser poderosa e respeitada. Não é à toa que elas querem ser super-heróis: força, poder, respeito, admiração... É por isso que muitas delas, quando são perguntadas o que querem ser, respondem sempre: policiais, bombeiros, artistas... Reparem bem: poder, coragem e fama.
Imaginem as crianças de algumas periferias, que o exemplo vivo que elas têm de poder, coragem e fama são os marginais... Elas veem à toda hora eles circulando armados e impondo o poder... Veem as pessoas “respeitosamente” bajulando os chefes das quadrilhas... Elas não assistem os policiais circulando armados e mostrando poder. E quando assistem alguma coisa sobre policiais na televisão, é o repórter martelando e mostrando manifestações contra policiais que, no exercício de suas funções, alvejaram algum inocente.

A criança, eu sei que não sabe. Mas um repórter, acho que deve saber que um policial é gente. E, portanto, está sujeito a cometer falhas. Um policial também está sujeito a medos, inseguranças e preocupações... O repórter também deve saber que o policial tem mulher, filhos e vontade de continuar vivendo, apesar de todos os dias sair para uma batalha, sem saber se vai voltar.
A imprensa, certas horas, coloca o policial como um marginal. E o pior: fica alardeando.
Nós sabemos que em TODOS os segmentos da SOCIEDADE existem os bons e os maus exemplos. Mas a criança, coitada, não sabe de nada... O que vocês acham que elas vão querer ser quando crescerem?

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta