Poemas :  Aparências
A minha voz...
A minha luz...
A minha cruz,
é o balé da vida.

Eu danço, danço,
à toa, na avenida...
Ninguém me aplaude.
Chamam-me de louco.

Eu tenho uma luz,
que me conduz,
porém você
não tem capacidade de ver...

Se visse,
sairia dançando feito um louco,
e nunca acharia
tudo pouco.

Se contentaria
com os centavos que lhe dão,
aceitaria um pedaço de pão
e perceberia que a vida,
sem esse paletó,
é muito mais divertida.

A.J. Cardiais
26.07.2009
Poeta

Sonetos :  Sem imagem
Sem imagem
Não sei o que pensam de mim...
Não sei qual imagem fazem.
Devem pensar que sou chinfrim,
porque só vivo à margem.

Talvez pensem que sou louco,
porque só escrevo besteiras.
Besteiras para mim é pouco.
Eles precisam ver as asneiras.

Asneira é coisa de asno.
Tem coisas que eu escrevo
e depois fico pasmo...

Fico me perguntando
mais de uma vez:
foi você mesmo quem fez?

A.J. Cardiais
03.06.2014
imagem: google
Poeta

Sonetos :  Desapego
Escrevo como um louco,
procurando uma razão de existir;
buscando um elixir
para beber um pouco.

Escrevo com o desapego
de querer ser escritor.
Como quem carrega um andor,
escrevo para ter sossego.

As ideias me torturam
e, ao mesmo tempo, me ninam.
Às vezes, para me atrair, rimam.

Então prendo-as no papel,
para que elas descubram
o caminho do inferno ou do céu.

A.J. Cardiais
27.12.2016
Poeta

Sonetos :  As coisas possíveis
Numa parede é possível conter
uma obra de arte...
Uma parede quando parte,
deixa cair montículos de rimas.

Paredes: obras primas
do pedreiro,
que ganha dinheiro
construindo casas.

Uma parede ganha asas
sob o olhar do poeta,
que vê além da estética...

Mas o poeta é um louco,
que vê num reboco
uma imagem poética.

A.J. Cardiais
24.07.2016
Poeta

Poemas :  Sinta-se. Seja
Nem toda poesia é feita,
para se ler com lógica.
Nem toda poesia
é para se ler com sintaxe
ou com lucidez.

Tem poesia
que é para se ler com amor.
(deixe o amor entrar)
Tem poesia que é para se ler
deixando a imaginação fluir.
(deixe!)

Tem poesia
que é para se ler com bravura.
(sinta-se bravo)
Tem poesia
que é para se ler com loucura.
(seja um louco)

A.J. Cardiais
13.08.2010
Poeta

Poemas :  Vivendo pela metade
Vivendo pela metade
Eu admiro quem vive muito,
tendo tão pouco...

Eu admiro o louco
que sabe se equilibrar,
no fio da necessidade.

Eu sou um covarde,
porque levo uma vida
só pela metade.

Aliás, vida, vida,
há muito que eu a abandonei...
Agora eu vivo nos sonhos.

Hoje faço meus enredos,
no mundo das poesias.
Elas sabem meus segredos.

A.J. Cardiais
12.04.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Como canção
Como canção
Meu processo criativo
é muito louco,
é muito ativo,
é quase pouco...

É quase tudo,
é quase nada,
é quase estudo,
é quase estrada...

É rima pura
é pura rima
é uma loucura
que não se ensina...

É um devaneio,
uma divagação.
É como estar no meio
de uma canção...

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Poetas & poesias
Poetas & poesias
Vem um poeta doido
e avacalha
e estraçalha,
faz chicana de tudo...

Vem um poeta sisudo
e diz que tudo
é questão de escola,
de estudo...

Vem um poeta "gabola",
dá um chute na escola
e quer mostrar
que é o bom de bola...

Vem um poeta da vida,
rimando as margaridas,
destravando versos,
soltando palavras
e mandando tudo às favas...

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Poesia - parede nua
A minha poesia
é uma parede nua,
desprovida de reboco.

Tenho um verso louco
transpirando sentimentos.
Vivo meus momentos
segundo as fases da lua.

E a lua cheia
pulsa forte em minha veia,
enchendo minha aldeia
de encantos.

Minha parede nua
não pode ser caiada...
A caiação a tornaria
uma poesia desalmada.

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas de desilusión :  Vivendo pela metade
Vivendo pela metade
Admiro quem vive muito,
tendo tão pouco.
Admiro o louco
que sabe se equilibrar
no fio da necessidade.

Eu sou um covarde,
pois vivo uma vida
só pela metade.

Aliás, vida, vida,
há muito que eu a abandonei...
Agora eu vivo nos sonhos.

Hoje faço os meus enredos
no mundo das poesias.
Elas sabem meus segredos.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta