Crónicas :  Os erros e as falhas
Vou começar este texto pedindo desculpas aos leitores que, às vezes, tropeçam em alguns erros no transcurso da escrita. Explico: quando estou escrevendo, saio atropelando tudo: língua, palavras, gramática, concordâncias... Tudo! É uma corrida maluca, onde eu quero chegar ao fim logo, para não perder a ideia no meio do caminho. Porque, quando a gente perde a ideia, a gente perde um tempo enorme procurando porque foi que resolveu escrever o texto. A gente perde o principal do texto: o motivo. Eu pelo menos sou assim: só escrevo motivado por alguma coisa. Parece que fui picado por alguma coisa, aí começo a coçar... Ainda bem que eu escrevi um texto intitulado “Escrever e Coçar, é só Começar".

Até aqui ainda não estou perdido, mas juro que já estou procurando olhar para onde é que estou indo. É justamente quando começa essas preocupações, que a gente se perde. Imaginem se a gente for ficar procurando a concordância mais perfeita etc. É aí que a vaca corre para o brejo, e a gente vai atrás. Vocês já devem ter percebido que, a essas alturas, eu já estou correndo atrás da vaca, não é? Pois estou mesmo. Perdi a faixa de sinalização. Só que eu não quero ficar parado, procurando, porque pode ser pior. Vou seguindo pelo brejo mesmo... Quem sabe lá adiante eu não encontre uma estrada asfaltada?

Estou no brejo e me lembro que eu já li alguns romancistas dizerem que, às vezes, os personagens criados por eles eram quem conduziam as próprias falas. Como aqui o personagem sou eu (ou não?), eu tenho que procurar um jeito de chegar ao fim de qualquer maneira... Vou ficar enrolando até o “motivo” voltar. Quem se arriscar em ler que engula esta xaropada ou então bote fora. Nessa brincadeira de enrolar, o “motivo” já piscou três vezes, e eu o perdi...

Piscou! O “motivo” é este: se eu for ficar parando para verificar se está tudo certo, eu não chego ao fim. Aí acabo perdendo a motivação, deixo para depois e não acabo nunca. Como eu disse: saio atropelando tudo e só deixo para dar uma revisada quando acabo. Dou umas duas revisadas, vem o fogo de ver o texto "no ar", então acabo postando. Não consigo fazer como já disseram os mestres Drummond e Quintana: deixar na gaveta esfriando, para depois ir podando os erros, as falhas. Quando eu tento fazer isso, acabo podando é minha euforia. Às vezes quando leio um texto meu, já com o sangue frio, acho que está ruim e termino não postando. Eles tinham profissionais à disposição para fazerem a revisão dos textos deles, eu não. Eu só conto com o auxílio valoroso do computador. Quando ele grifa de vermelho, já sei que é uma pedra. Aí lá vai eu retirá-la para que meu amado leitor não tome uma topada. Mas vá com cuidado, porque sempre há uma pedra no meio do caminho, que eu não soube (ou esqueci de) retirar.

A.J. Cardiais
Poeta