Este título é de um chamariz e tanto, já que as pessoas hoje em dia só pensam em ganhar muito e trabalhar pouco, ou ganhar sem fazer nada. Mas, para mim, este título passaria “batido”, pois já sou vacinado contra isso. Quer dizer: sou vacinado, não por já ter caído no “conto do vigário”. Sou vacinado porque fui alertado desde pequeno. Foi o seguinte: quando eu era pequeno, eu sempre ia com meu pai à feira aos sábados, fazer compras. Num destes sábados, passou um homem “vendendo” um maço de dinheiro. Vendo aquilo, cutuquei meu pai e disse: pai, olhe! Meu pai olhou a cena, olhou para mim e disse: você é besta? Eu não entendi porque eu era besta, se eu estava querendo levar vantagem. Ora, se o homem estava vendendo um bolo de dinheiro, por um valorzinho de nada, o besta era ele e não eu.
Mas também não perguntei por eu era besta. Fiquei com isso guardado. Muito tempo depois, sem perceber que aquela “lição não explicada” tinha fincado raiz dentro de mim, fui “assediado” por um colega de trabalho a participar de uma “corrente” chamada “pirâmide”. Aí ele me explicou tudo direitinho, como funcionava a tal “corrente”. Analisando a tal “pirâmide”, vi nunca tinha sido tão fácil ganhar muito dinheiro. Mas nessa hora, a pergunta do meu pai veio à tona: você é besta? Aí pensei: É... Esta corrente está muito fácil... E, como sempre, se ela arrebentar, o lado mais fraco é que cairá. Então resolvi ficar de fora da tal “pirâmide”. Algum tempo depois, eu fiquei sabendo que a "corrente" havia arrebentado de vez, lá nos Estados Unidos, e derrubado muita gente.
Depois este mesmo colega veio com outra proposta, sobre uma firma ou sei lá o quê, que vendia de uma agulha, até um avião. Era só comprar os produtos e revender. Produtos de fácil aceitação etc. Então ele levou-me para uma palestra do grupo, no Centro de Convenções da Bahia. Chegando lá: muita gente jovem, bonita, bem vestida, de terno e gravata. Cada uma usando um brochinho, que significava um grau dentro da hierarquia etc. Todos começaram do nada, e hoje estavam com uma “posição” dentro da “armação”. O que eu teria que fazer? Simplesmente comprar um kit ensinado como vender, como ser bem sucedido etc e tal. Depois era só comprar os “produtos” e revender. Conforme a venda, ganhava brindes como: fim de semana em tal lugar, com tudo pago. Conheço uma pessoa que realmente ganhou. Ele e a esposa foram para o Paraná, por conta da tal “firma” (ou sei lá o quê), por terem vendido bastante. Mesmo sabendo (e vendo) todas estas vantagens, preferi ficar de fora...
Tempos depois, começaram a aparecer nos noticiários, as falcatruas deste grupo: pessoas que perderam tudo, pessoas que ficaram loucas por terem escutado tanto o tal “kit orientador”... Um monte de coisas. Fiquei sem saber o resultado do meu colega, que sempre me convidava para estas “empreitadas”, porque eu estava trabalhando em outra repartição. Poderia muito bem ter ligado para ele e perguntado o que aconteceu. Mas preferi deixar de mão, já que eu não tinha entrado na “brincadeira”. E assim tenho escapado dos “ganhos fáceis”.
Resolvi escrever este texto, porque tenho visto um anuncio no facebook, referente a ganhar tanto por hora, sem sair de casa. Pode ser até que seja verdade, mas minha pergunta é a seguinte: quem iria ficar divulgando que está ganhando muito dinheiro, sabendo que muita gente se interessaria e, com a concorrência, diminuiria os seus ganhos? Será que tem alguém tão “bonzinho” assim? Quem gosta de dinheiro fácil, que se arrisque.
A.J. Cardiais imagem: a.j. cardiais
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Poeta
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