O bom da crônica é isto: a liberdade de escrever sobre qualquer coisa. Pode ser o assunto mais sério ou o mais bobo, o mais vulgar. Tudo serve para comentar. Até a falta de comentário. Dizem que a palavra “crônica” deriva da palavra grega “chronos”, que significa tempo. Então, se a crônica significa “tempo”, ela está com tudo: com o passado, o presente, o futuro, as horas, as eras, o sol (tempo bom) a chuva (tempo ruim)... E está acontecendo o tempo todo. O Tempo é tudo. Talvez seja por isso que tudo é um motivo para uma crônica.
Eu já li crônicas que, nas suas palavras, não queriam dizer nada. Mas no seu bojo traziam uma infinidade de ideias, e só quem gosta de ficar observando a vida, é que é capaz entender. Então os que não têm essa “visão especial”, devem achar uma besteira. Mas isso é bem da crônica. Tem tantas coisas “bobas” acontecendo por aí, e as pessoas nem percebem. O próprio tempo, por exemplo: o sol surge, passa por cima de nós, vai embora. E as pessoas já estão tão acostumadas com essa besteira, que só notam quando precisam dele, e ele não está lá para servi-las. Caso contrario, nem notariam sua presença ou ausência.
As pessoas vivem muito preocupadas com os seus afazeres, sonhando em ganhar dinheiro ou procurando esquecer-se das mazelas da vida. Então não têm tempo de ficar observando essas “besteiras de tempo”. Afinal, isso serve para quê? As pessoas só querem saber de coisas úteis, de coisas que possam vender ou, no mínimo, sirvam para debater numa roda de amigos. É por isso que assistem os BBBs da vida: para não ficarem por fora do bate papo. O importante é participar. Não interessa a importância do assunto. Aí, quem não gosta de ficar debatendo “BBBesteiras”, fica de fora observando as besteiras do tempo e aproveitando para escrever um crônica besta.
A.J. Cardiais 17.01.2012
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Poeta
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