Crónicas :  Sobre antologias & internet
Sobre antologias & internet
Não sou nenhum “ingênuo” para acreditar que a poesia possa caminhar, sem ter o dinheiro como “suporte”. Mas quando o dinheiro passa a ser o objetivo principal, a arte perde o valor.
Confesso que já participei de algumas Antologias e Coletâneas, só pela vontade de ver um poema meu num livro. Mas com o tempo fui percebendo que não havia nenhuma outra intenção, por parte do organizador, que não fosse ganhar dinheiro. O único objetivo era o financeiro, não o de divulgar a poesia contemporânea. A começar que eles não faziam (ou não fazem) nenhuma seleção. Então lá está o seu poema (às vezes sem qualidade nenhuma) no meio de outros (às vezes bem piores) representando você, na Antologia...
O que prende qualquer leitor é um bom texto. Quando alguém vai ler um livro de poesias, e logo na primeira leitura não vê nada de interessante, passará para a segunda, a terceira... E talvez abandone o livro muito antes do fim. Se o seu poema estiver no meio, será abandonado também. O ditado é o seguinte: “Quem se mistura com porcos, farelos come”. Quem está entre os melhores, será considerado um dos melhores também. Mesmo que seja o pior, entre os melhores. Mas é melhor ser o pior entre os melhores, de que ser o melhor entre os piores. Quando Elenilson Nascimento me convidou para participar de uma Antologia que ele estava organizando, fiquei lisonjeado e, ao mesmo tempo, preocupado. Apesar de não conhecê-lo pessoalmente, mas pelo pouco que pude perceber nas entrevistas que ele faz, no facebook e nos seus blogs, trata-se de uma pessoa muito exigente e que leva a cultura a sério. Pena isto está se tornando raro no meio Literário (principalmente na internet).
Eu participo de vários sites literários, e o que mais vejo é a vaidade e a falsidade acampando. Digo vaidade porque o que mais as pessoas se preocupam é em ter seus textos “elogiados”. E para que isto aconteça, saem “elogiando” textos dos outros, na esperança de receberem “elogios” em troca. Olha, não sou de jogar água ou areia no entusiasmo de ninguém, pois sigo o que disse o poeta Mario Quintana: “É preferível, para a alma humana, fazer maus versos a não fazer nenhum”. Mas com isto não quer dizer que a pessoa não tenha discernimento, para ficar sufocando os outros com qualquer “coisinha” que escreve, achando que é uma obra prima. Eu, como só consigo fazer “obras irmãs”, fico até com algum receio em mostrar para alguém. Então fica a dica: quem se aventura a escrever e postar na internet, tem que se preocupar em cometer o mínimo de erros possíveis, para não “contaminar” os próximos poetas, escritores etc. Muitas vezes o que a gente lê errado, (sem esperar) fica gravado e, às vezes, difícil de se libertar.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta