Passo os dias deitado E as noites também, Já estou bem treinado Para o tempo que aí vem.
Quando a data chegar Já estarei habituado A dormir sem acordar Ninguém fique admirado.
Não precisarei depois Nem sequer lavar o rosto Um só, eu não tenho dois E nisso tenho muito gosto.
O tempo passará, passará, E terei alguns visitantes E o meu corpo servirá Para regalar esses meliantes.
E se houver pescadores, Sirvam-se, estejam à vontade Asticots de várias cores Digo isto sem vaidade
Depois de bem limpinho Levem-me e colem-me à pedra, Bem à vista e coladinho Na velha Igreja em Évora.
A. da fonseca
|
Poeta
|