Porquê, mas porquê eu me sinto incomodado Pela miséria, fome, sede, sem abrigo, sem Sol Que possa aquecer tanta criança fria no gelado Dos corações que os vêm passar sem terem farol.
Porquê tudo isto me enerva quando o Mundo é rico E eu? que faço eu ? Escrevo, barafusto revoltado Por não ter meios de ajudar mas certo, não abdico De gritar bem alto, olhem, escutem o desamparado.
Mas tenho a impressão que o egoísmo é mais forte Só vêm o que querem vão assobiando para o lado Como se não fossem do mesmo mundo, é a morte Dos sentimentos que faz que o mundo ande atrasado.
Olhem, lá ao largo aquele cruzeiro de luxo navegando. Vejam o parque dos Casinos, não há lugar para o carro. Vejam a roleta, o bacará, e o dinheiro vai esbanjando. Reparem naquele garoto que pede esmola, como é bizarro!
A. da fonseca
|
Poeta
|