Andei perdido Em vielas sem saída, Andei esquecido do que era a vida. Sem Norte sem Sul Sem Estrela Polar Eu andei perdido Sem saber por onde andar. Percorri os bares E tabernas imundas Tive mulheres aos pares E a moral nada profunda. Mas que querem que fosse Sem um cêntimo na algibeira Sem ter onde dormir uma noite inteira? Chamam-me sem abrigo Com toda a razão Mas meus amigos, graças ao meu patrão. Trabalhei tantos anos E pergunto hoje para quê Estou velho, sou lixo que ninguém vê. Pontapé para aqui, são só desenganos. Desde a minha juventude Que o meu corpo dei ao manifesto Mas hoje já nem sequer presto Para as ruas varrer. Desprezo! Os meus banhos, são quando chove E ninguém se comove De me ver indefeso. Eu já nem posso votar, Se pudesse eu o faria de bom coração Exigiria a todos os políticos Para que eu pudesse sorrir A economizar dinheiro E de coração inteiro, Construam pontes para podermos dormir!
A. da fonseca A. da fonseca
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Poeta
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