Prosas poéticas :  CONTINUO A PROCURAR QUEM SOU
Brevemente mais um Natal que bate à porta.
O que mudou nesta sociedade depois do ultimo?
Nada! Ou sim, piorou, a miséria se exporta
Quantos continuam sem saber quem são,
Quantos ainda continuam a dormir no chão.
Procuram calor, procuram amor, procuram ser
Mas não sabem ainda se são seres humanos
Ou se são feitos de ilusões, de nada, de enganos.
Procuro saber quem sou, não tenho resposta
Procuro saber onde estou, estou numa sociedade
Sem,condescendência sem coração, sem atenção
Nem todos os seres têm o mesma possibilidade
Passam por nós como quem passa ao lado de nada.
Mas porquê? Somos seres considerados humanos
Há os que são privilegiados, outros vivem de enganos
Muitos sorrisos, palmadinhas mas sem sentimento
Os punhais sempre afiados sempre prontos a ferir
Enquanto a nossa dignidade sangra, eles ficam a rir.
Mas não fazem por mal, eu até os compreendo,
É simplesmente por cinismo por cobardia, sem coragem
Por nos dizer em face, não, não gosto de ti, não és nada!
É na verdade triste que haja quem acredite em fadas
Eu continuo a acreditar que a amizade mesmo virtual
Deve de ser respeitada senão corta-se o cordão umbilical
Que nos liga sem nos conhecermos, nem todos, certo,
Que por vezes longe , por vezes perto, nos dão o ombro,
Que nos dão calor com as suas palavras verdadeiras
Nos aquecendo a alma e acreditamos que somos alguém.
Eu há muito que procuro a amizade sincera tão almejada
Mas quem sou eu? Sou alguém sem interesse, não sou nada
Mas pouco importa, sou como sou ninguém me mudará
A minha dignidade nasceu comigo e comigo morrerá

A. da fonseca
Poeta