Brevemente mais um Natal que bate à porta. O que mudou nesta sociedade depois do ultimo? Nada! Ou sim, piorou, a miséria se exporta Quantos continuam sem saber quem são, Quantos ainda continuam a dormir no chão. Procuram calor, procuram amor, procuram ser Mas não sabem ainda se são seres humanos Ou se são feitos de ilusões, de nada, de enganos. Procuro saber quem sou, não tenho resposta Procuro saber onde estou, estou numa sociedade Sem,condescendência sem coração, sem atenção Nem todos os seres têm o mesma possibilidade Passam por nós como quem passa ao lado de nada. Mas porquê? Somos seres considerados humanos Há os que são privilegiados, outros vivem de enganos Muitos sorrisos, palmadinhas mas sem sentimento Os punhais sempre afiados sempre prontos a ferir Enquanto a nossa dignidade sangra, eles ficam a rir. Mas não fazem por mal, eu até os compreendo, É simplesmente por cinismo por cobardia, sem coragem Por nos dizer em face, não, não gosto de ti, não és nada! É na verdade triste que haja quem acredite em fadas Eu continuo a acreditar que a amizade mesmo virtual Deve de ser respeitada senão corta-se o cordão umbilical Que nos liga sem nos conhecermos, nem todos, certo, Que por vezes longe , por vezes perto, nos dão o ombro, Que nos dão calor com as suas palavras verdadeiras Nos aquecendo a alma e acreditamos que somos alguém. Eu há muito que procuro a amizade sincera tão almejada Mas quem sou eu? Sou alguém sem interesse, não sou nada Mas pouco importa, sou como sou ninguém me mudará A minha dignidade nasceu comigo e comigo morrerá
A. da fonseca
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Poeta
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