Poemas de tristeza :  VELHO CARRO
Sou um velho carro, sou de colecção.
Com os pneus já muito gastos
E já nem têm hipóteses de reparação.
Os amortecedores a guinchar com o peso
Desta velha carroçaria toda ferrugenta
E já nem sei como ela ainda aguenta.
O delco e a distribuição lá vão, lá vão;
O motor para trabalhar, à manivela com a mão.
O depósito da gasolina cheio de remendos,
Com pastilhas especiais ainda resiste.
O carburador trabalha mas aos solavancos
Distribuindo com dificuldade o carburante.
Os gases lá vão saindo pelo tubo de escape
Mas a explosão é fraquinha, não como dantes.
O radiador vai sofrendo de incontinência;
Para o motor não aquecer, pois que perde água,
Para chegar ao destino rolo com paciência

A. da fonseca
Poeta