Lembras-te Do dia em que nos encontramos Os nossos olhares cruzamos E nos embebemos de amor? Lembras-te Dos passeios na nossa rua? A minha mão apertava a tua E fazíamos a volta do quarteirão Naquelas cálidas noites de verão. Lembras-te Do nosso primeiro beijo? Os meus lábios acariciaram o teu queixo, Tu ficas-te petrificada, Mas num nada... Tu me deste a tua boca E eu louco e tu louca De prazer profundo, Por instantes pensamos Que estávamos sós no mundo. Lembras-te Do dia do nosso casamento? Inolvidável momento! Tu, toda de branco vestida De flor de laranjeira guarnecida E eu de fato preto. E quando lá no Altar Demos o sim sem hesitar, A Virgem sorriu ao ver nosso olhar. Lembras-te Da nossa primeira discussão? Que não nos desuniu , isso não. Foi um grão de areia Que trazido pelo vento Na nossa vida entrou Mas a brisa do amor que nos ligou Supro-o para longe, não mais voltou. Lembras-te do dia em que me disseste Que eu ia ser papá? E tu quiseste Que fossemos comprar o enxoval Sem saber se azul ou cor de rosa, Mas qual importância? A vida é um poema em prosa Cantado pelo rouxinol num roseiral. Lembras-te Quando o fruto do nosso amor Abriu os olhos para a vida E um enorme calor Invadiu os nossos corações? Nós ficamos mais ricos e as emoções Que esse dia nos trouxe E tu pensas-te que eu não fosse A partir daí o teu único amor.
A neve cai. E o seu manto branco brilha na noite. Noite de inverno, noite escura Noite longa mas que nos dá a ventura De poder admirar as labaredas na lareira Que aquecem nosso lar, nosso ninho. Admirar extasiados, nosso netinho. Relembrar o passado, sempre presente, Porque o nosso amor, jamais esteve ausente. Vejo-te sempre toda de branco vestida. De flor de laranjeira guarnecida! Lembras-te do meu fato preto? Lembras-te?
A. da fonseca
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