Quando eu nasci, Nasceram comigo a vida e a morte. Olhávamo-nos olhos nos olhos E lançámos um grande desafio. Partiríamos ao mesmo tempo Para ver quem ganharia a maratona E quem teria a Grande sorte De chegar na ultima recta em primeiro E sem mais aquelas Começamos a correr Por ruas , ruelas e carreiros, Passamos os primeiros metros, Os primeiros quilómetros, O cronómetro marcava o tempo, Começámos a sofrer Eu comecei a sentir cansaço Com dificuldade a correr. Já começava a agarrar a camisola Que a vida trazia vestida E a morte sempre fresquinha, Com um sorrir cínico, macábro, Continuava sempre em terceiro lugar À espera do bom momento Para poder melhor atacar. E eu, pobre alma cansada, Coração que bate apressadamente Como se quisesse chegar à frente Mas hoje ele já com 85 anos Que não entre em desenganos E a morte no momento preciso Dará a sua sapatada, ela é a mais forte Quer eu queira ou não , tudo baterá certinho E eu e a vida ficaremos pelo caminho Abandonadas! E a partir daí, não seremos nada.
A. Da Fonseca
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Poeta
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