Eu tento resistir, vou suportando. Mas assim continuará até quando Não me perguntem, não sei. Sinto a vida me fugir, agarro-a, Ela fica ainda por algum tempo, Se ela acabar, é natural, é a lei. Fecho-a na palma da minha mão, Sinto-a sem forças para resistir Sinto a mágoa do meu coração Por não a poder impedir De seguir o seu caminho e partir. Vou resistindo, o inimigo espreita. Está ali mesmo à esquina da rua Vestido de negro, de alma nua E à mais pequena distracção Ele penetrará no meu coração Aperta-lo-à, não o deixará reagir E a vida, essa, acabará por partir.
A. da fonseca
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Poeta
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