Poemas :  Elevando a imaginação
Elevando a imaginação
Quem vê beleza na favela,
é porque sabe que nela
mora um monte de rimas.
E as obras primas dos barracos
elevam a imaginação.

Quem vê a favela morta,
sem respiração,
não sabe onde é sua aorta,
nem como pulsa seu coração.

Quem tem siso de glória,
inventa uma porta bandeira.
Quem tem no pé a rasteira,
diz alô a sua história.

Quem mal reflete seu bucho,
pode se dar ao luxo
de querer tanta besteira.
Tem na miséria a memória
que o luxo é sua glória
e se apraz com tranqueira.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Anotações laboratoriais
Anotações laboratoriais
O que as cidades falam
ninguém pode ouvir,
mas pode ver, pode sentir
quando passa por suas ruas
mal traçadas, maltratadas
sujas e nuas;

Quando passa
por seus monumentos
maltratados e nojentos,
pedindo socorro.

As cidades não falam,
mas exalam
odor de sentimento:
na poluição do vento,
na exumação dos gases,
na liberação das fezes.

As cidades não pensam,
mas fazem suas orações
aos povos sem corações,
que levam uma vida tensa...

Assim são as cidades,
assim as Sociedades,
assim a vida.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas sociales :  Somos seres o quê?
Somos seres o quê?
Que animal somos nós,
que poluímos
onde moramos?

Que animal somos nós,
que envenenamos
o que comemos?

Que animal somos nós,
que mesmo sabendo
que o que fazemos
será o nosso fim,
continuamos fazendo
mesmo assim?

Não venham me dizer
que somos
seres "humanos"...

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas de amor :  Amor da minha vida
Amor da minha vida
Gostaria muito de dizer que você
é o amor da minha vida...
Mas faltam algumas coisas
para que esta oração
fique inteira.

Não posso dizer,
de qualquer maneira,
porque ficaria esquisita.
Está faltando letras,
acentos e sinais.

É uma oração muito bonita.
Faz milagre pra muitos casais.
Gostaria que isso fosse verdade...
Mas a sensação que me invade,
é de que ela nunca será dita.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Gota de esperança
Uma gota
numa folha,
parece mais
uma bolha...

Uma gota,
pousada "numa boa",
numa folhinha
à toa.

É uma gotinha
de esperança.
Dizem: “quem espera
sempre alcança”.

A gota vive tensa
de tanto esperar
que a esperança
um dia vença.

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas :  O lado azedo da vida
O lado azedo da vida
Não tenho medo de morrer...
Tenho medo das coisas
que acompanham o viver.

Viver é um verbo indecifrável:
às vezes o vento é contra,
às vezes está favorável.

Tem vezes que você levanta,
e "pisa na vida"
com o pé esquerdo...

É dessa coisa
que eu tenho medo:
acordar o "lado azedo".

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas sociales :  Na ausência do amor
Na ausência do amor
Na ausência de luz: trevas.
Na ausência de paz: guerras.
Na ausência de cor: incolor.
Na ausência de água: seca.
Na ausência de som: silêncio.
Na ausência de amor: ...
... ... ... ...

Desarmonia
desequilíbrio
desunião
ambição
violência
desrespeito
etc, etc, etc...

Sem amor, não tem jeito:
nada é feito.

A.J. Cardiais
21.04.2009
imagem: google
Poeta

Poemas :  Linguagem poética
Linguagem poética
Estou aqui de soslaio...
Quer saber?
Procure um dicionário
e se embriague
e se deleite
com o enfeite
de alguns esnobes
que usam caras,
bocas e vozes
para se exprimirem...

Mas eu estava aqui,
só de soslaio,
quando pensei:
estou esnobando?
Não sei... Não sei...

Dizem que na poesia
tem que "conter tanta coisa"...
Mas eu não sei nada
desse "conteúdo".
Porém não me contenho
e não me abstenho:
escrevo do jeito que sei.
Pô!

A.J. Cardiais
19.01.2009
Poeta

Poemas :  Tem perdão
Quando a “coisa” está séria
e não vejo como resolver,
procuro esquecer,
dou um tempo...

Procuro fazer algo
que me dê prazer.

Deixo o problema de lado,
não o deixo de mão...
Não fico encafifado,
procurando uma solução.

O que a gente não sabe,
dizem que tem perdão.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Dar vazão para o amor
Dar vazão para o amor
Não posso falar de amor,
se o amor
que para mim chegou,
doeu e acabou...

Nascente de fonte rasa
vaza
no fundo do mundo.

Cresce no centro da terra
e o meu amor
encerra.
Dar vazão ao ódio, não...

Deixarei crescer amor
pela tangente.
Semearei sementes
nas mentes,
varrendo do centro,
o ódio da gente.

Vetar o ódio
e abrir porteiras
para o amor.
Dar vazão a vida inteira...
A vida inteira, amor.

A.J. Cardiais
02.05.1982
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Poeta