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A porta está aberta, podes entrar. Sim, tu, o cinismo, o desprezo, Não fiquem lá fora tu a hipocrisia Não tenhas receio, tens aqui o teu lugar.
O sincéro... oh...deixem-me ri,rir,rir. Ele tem a mania que assim pode viver, Mas meu pobre és ingénuo, acredita, Continua pobre louco, até onde queres ir?
Tu moras num mundo onde não tens lugar. Tu falas de amor como se ainda existisse Já foi tempo, agora somos nós os mais fortes Não penses que chegas aqui e tudo podes mudar.
E tu? Quem és tu? Um mosqueteiro do Rei? Embainha a tua espada, louco Don Quixote. Tu nada consegues, não tens força, só loucura Aqui são os espertos que decidem, não a lei.
Ser esperto é ser malandro mas não inteligente. Saber aproveitar as ocasiões que se apresentam Saber evitar que a amizade e o amor vençam Porque somos os mais fortes que toda a gente.
A quê pode servir a inteligência sem hipocrisia? Não serve de nada ou muito pouco nestes meandros. Escrevem leis, escrevem poesia, escrevem sobre a paz Mas caros amigos, nada conseguem sem a hipocrisia.
Vejamos aqueles a quem chamam de diplomatas. São inteligentes, certo, mas dizem o que não pensam Mas aquilo que lhes convém, não a sincéridade E esses, sim, são o que o povo diz, verdadeiras ratas
A. da Fonseca
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Poeta
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A minha caneta, veio correndo, correndo E se instalou entre os meus dedos. Escreve, escreve, escreve, Dizia-me ela. Fiquei atrapalhado, mesmo engasgado E porque não dizer... tive medo. Isto era magia! Outra coisa não podia ser. Escreve, escreve, escreve. Mas que vou eu escrever? Quando tenho tempo para pensar Tenho dificuldade para encontrar um tema E se tu me vens forçar... Isto vai ser um dilema! Escreve, escreve, escreve. Escrever? mas sobre o quê? sobre a Terra? Mas todos sabem que este Mundo Anda constantemente em guerra! Escrever sobre a pobreza Que no nosso mundo grassa? Todos sabem que ela existe Todos sabem que ela persiste E nos sabemos também Que a combate-la não há ninguém. Escreve, escreve, escreve. Mas que queres tu que eu escreva? Que escreva sobre Adão e Eva? Todos conhecem a história...! A maçã está na nossa memoria E é por causa dela que nos estamos aqui. Escreve, escreve, escreve. Se tu continuas a insistir Eu vou começar a me afligir. Espera... e se eu escrever sobre o amor? Daquele do bom, com esplendor. Escreve, escreve, escreve. Lá... tu começas a me entusiasmar! Silencio vou começar!!! Ò querida... não batas com a porta!!! Quero ouvir a minha caneta deslizar!
A. da fonseca
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Poeta
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AMAR A LIBERDADE
Gosto da liberdade mas com respeito. Respeito as leis impostas pelo Estado. Gosto de viver num sistema perfeito Mas não gosto de viver acorrentado.
Não respeito alguma regra da poesia E considero que tenho razão, a minha. Tenho, porque não sou poeta, cabeça vazia Respeitaria fosse poeta em toda a linha.
Mas não sou. E então viva a Liberdade Viva a poesia bem livre como o vento Que atravessa cordilheiras com dignidade, Os Oceanos os prados e o firmamento.
Mas não só na poesia, o povo também. Viver com igualdade das possibilidades Que o mundo lhe dê amor e não desdém Tudo não passa de promessas, de futilidades
Sou como sou, não como queiram que eu seja. Todos têm o direito a viver humanamente. De ter pão sobre a mesa e no mínimo uma sopa, E um teto para viver sem que o calor lhes dê frio.
A. da fonseca
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Poeta
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Je vois les heures qui passent. Les jours qui vont passant. L’espoir qui se perd, Les années qui s’entrelacent, Formant des tresses d’illusion Et la vie n’est plus verte.
J’ai vu les années qui passèrent. Je vois celles qui vont passant. Peut être que je verrais celles qui vont passer. J’ai entendu des chansons qui ont été chantées. J’entendrais celles qui vont se chanter. Demain… je ne sais pas si j’entendrais chanter
A. da Fonseca
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Poeta
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Olhei para o meu espelho E vi um homem que me parecia velho. Coloquei os meus óculos, Meu Deus... mas sou eu! Fiquei incomodado Não por ser eu!... A minha consciência interroguei; Sem óculos, quantas pessoas Infelizmente já eu mal julguei?
Antes de se julgar quem quer que seja, devemos primeiro nos interrogarmos a nós mesmos e se tivermos consciência, nos julgarmos. Todos nós sem exceção, temos uma nódoa em qualquer parte.
De A. da fonseca
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Poeta
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Sou cultivador de palavras Mas não sou especialista. Procurei um bom terreno Que desse um pouco nas vistas E Eureka!!! um simpático encontrei! Logo nele me instalei Vendo à entrada um regulamento De seguida a ferramenta posei. Sou um cultivador de palavras! Comecei por escolher o meu terreno Com certeza, o mais apropriado Depois de meus estudos terminados Comecei a enterrar as palavras, Sou cultivador de palavras! Mas vi que havia por lá estrume Nem olhei para trás e estrumei a terra. Dizia eu, assim as minhas palavras Vão crescer e desenvolver em catadupa Mas não foi que enorme desilusão! As palavras cresciam, mas as flores... fanadas! Para mim dizia eu que sou cultivador de palavras, Isto não tem mesmo nenhuma importância! Cultivo só para passar o meu tempo. Sou cultivador de palavras semearei noutro momento E assim vou aprendendo a cultivar palavras. Pois é! mas tudo isso foi sem contar Com os bons, os verdadeiros cultivadores, Que riam a bom rir com os meus dissabores. As minhas palavras, fanadas, não davam flor! Mas não faz mal... enquanto os donos do terreno Não me derem o pontapé no traseiro, cá vou ficando! Talvez um dia se os experts em palavras Tiverem para comigo criticas desagradáveis Só tenho um caminho a seguir, vou-me embora! É natural sim, porque eles já cá estavam E se neste terreno acho que não tenho lugar... Portanto devem ficar e ser eu a desandar. Mas sou cultivador de palavras!
A. da fonseca
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Poeta
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Tenho em cima da mesa um papel branco cheio de nada. Tenho o meu cérebro que procura uma possível inspiração. Rolando nos meus dedos uma caneta que ri à gargalhada, Pois que ela já compreendeu que escrever é uma ilusão.
Sim ilusão. Porque pensava que era bem fácil ser poeta Bastava escrever uma palavras que dariam algumas rimas. Puro engano! Ser poeta, não é só inspiração, nem pateta, Tem que se ter coração, ideias puras, e nada de pantomina.
Por vezes acontece que a minha caneta não tem preguiça E sozinha começa a escrever sem que eu lhe diga o quê. Acho estranho, deixo-a continuar se a sua vontade se atiça Depois de ter terminado, não fico admirado se ninguém me lê.
A razão é simples. Se eu não sou poeta apenas sei escrever Como quem foi à escola, sou como o comum dos mortais. O melhor é deitar fora a minha caneta e me contentar de ler Aquilo que os poetas escrevem, nada mau, posso pedir mais?
A. da fonseca
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Poeta
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Escrevi este texto que é um grito de revolta por todos esses crimes cometidos sobre crianças indefesas, não quero de maneira nenhuma ofender todos aqueles que acreditam em não importa qual religião. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Vou perguntar a Deus o porquê De tantas crianças raptadas Será que lá dos Céus não vê Crianças e famílias destroçadas.
Se Deus, dizem, que Ele tudo vê Porquê Ele não protege essas crianças Começo a acreditar que Deus Ele não é E que tudo o que se diz Dele são semelhanças.
Qual foi o pecado por elas cometido? Por qual razão são elas castigadas? Os seus sós pecados foi terem vivido Por quem lhe chamam Deus, abandonadas.
A, da fonseca
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Poeta
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Obrigado minha mãe, por ter-mos sido pobres. Nunca me podes-te dar uma instrução superior Mas fomos felizes assim, com sentimentos nobres Ensinaste-me os sentimentos e o que era o amor.
Eu que tanto queria ser instruído, na vida ser alguém. Invejava os que tinham muitas possibilidades de estudar, Muitos dos meus colegas de escola foram mais além E eu não estudei e com onze anos comecei trabalhar.
Hoje vejo muitos que estudaram e são doutores Em medicina , em farmácia e até alguns advogados. Minha mãe, te agradeço de me teres ensinado o amor Pois que os instruídos há muitos que são malcriados.
Que me serviria em tribunal defender um criminoso Se eu preferia que ele fosse condenado com rigor? Não sou um cretino, não sou cínico, mas amoroso Da boa educação, da moral e estar na vida com pudor.
Fiquei com a instrução primária e agora não o lamento. Sei dar mais valor à vida, das dificuldades que se herda. Mesmo não tendo ciclo superior escrevo com sentimento Eu sei meus amigos que os meus escritos são uma merda.
A. da fonseca
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Poeta
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Quando nasci Ninguém me disse que existia a tristeza. Quando nasci Ninguém me disse porquê o mundo rodava Só me disseram que tudo era só beleza. Quando nasci Não me disseram que o sol só brilhava de dia Quando nasci Não me disseram que ele não brilhava para todos Só me disseram que viver era muita alegria Quando nasci Não me disseram que existiam as favelas Quando nasci Que para muitos era sempre noite, não viam Que a Lua só chegava à noite com as estrelas.
Cresci, e vi muita tristeza, muita solidão Muitos sem amor sem lar, e sem cama Resistindo ao frio e dormindo no chão Vidas vividas tristemente e sem chama.
Quando nasci Ninguém me disse toda a verdade Quando nasci Comecei logo ali a ser bem enganado E eu acreditei que tudo era igualdade. Quando nasci Logo nasci entre palavras de mentira Quando nasci Ninguém me falou do cinismo, da hipocrisia Que no fim é a verdade no nosso dia a dia. Quando nasci Nasci entre beijos e muitos e belos sorrisos Quando nasci As caricias não faltavam e os elogios também Hoje acredito que tudo isso não era preciso.
Cresci, e vi muita tristeza, muita solidão Muitos sem amor sem lar, e sem cama Resistindo ao frio e dormindo no chão Vidas vividas tristemente e sem chama.
A da fonseca
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Poeta
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