|
AINDA VEJO EM TI...
Ainda vejo em ti tais opulências Figuras estrambóticas, cenários Momentos tão diversos são falsários Mostrando desta vida uma excrescência
Aonde havia há tempos, florescência Apenas os retalhos de um fadário Do velho batistério, um relicário O medo destruiu logo a inocência...
As farpas entre dentes, olhos, garras Enquanto me devoras já desgarras E deixas a carcaça como herança
Hienas e chacais, abutres; vermes, Os restos devastados vãos inermes Do que fizeste crer ser esperança...
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
HÁ TEMPOS
Pudesse transformar água no vinho Que tanto necessitas, doce alento No quarto de dormir, eu me atormento, Estando quase sempre tão sozinho.
Quem dera se esta espera num carinho Pudesse transformar o próprio vento, Distante de teus braços mal agüento Saber que não terei jamais teu ninho.
Outrora fui até um pouco audaz Agora esta figura vã, mordaz Que a noite em silêncios sempre traz
Dizendo do vazio amor sem paz O quanto desejei já se desfaz O mundo se perdeu tempos atrás...
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
É PRECISO NAVEGAR
As águas beijam praias; clara areia Do sal de tantas lágrimas passadas, No canto sedutor de uma sereia, As almas pelos deuses são tocadas...
Netuno doma as ondas e as procelas, Nas límpidas baías eu me aporto, Em meio a mil saveiros, caravelas, As dores das saudades, eu suporto...
Eu sei quanto é preciso navegar, Vencer os nossos medos, ir em frente. Adentro destemido o imenso mar, Enfrento em alto mar cada serpente...
Buscando esta Penélope moderna, Jamais meu barco tomba nem aderna...
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
O AMOR COMANDA
Servindo ao servidor, amor comanda E segue sem destino, toma tudo, Num solitário luto, inda me iludo, Contudo a relação cedo desanda.
Afasto-me do cerne da questão Buscando outro caminho que trouxesse Bem mais do que leilão, simples quermesse, De todos os problemas, solução
Estou de prontidão qual sentinela Vislumbro meteoros kamikazes, E as feras mais audazes e vorazes O grande sentimento já revela.
Calcado nesta antiga experiência, Não creio ser o amor, coincidência...
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
EL QUEBRANTO
No más pudiera haber alguna luce Las cruces pesan tanto, pero voy, Mismo cuando en verdad nada soy, Al menos otro engaño se produce,
Palabra cuando nada representa, Apenas me tramase otro problema, Aunque en realidad poco se tema La soledad es siempre violenta,
Restando casi nada, sigo en frente, Mostrando mi mirada dolorida Representando así toda la vida De quien se buscó tanto y ahora ausente
De todos los deseos nada existe, Solamente el quebranto, un canto triste…
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
O AMOR QUE A GENTE FAZ
Venha logo pros braços de quem amas, Meu corpo angustiado busca o teu, Acendem o pavio, espalham chamas, Meu fogo no teu gozo se acendeu.
Valetes procurando suas damas, No mundo desde sempre aconteceu, Por isso é que fizeram grandes camas, Um gênio quem tal fato concebeu.
Rolando a noite inteira sem descanso, Não vejo outra saída senão esta, O amor quando redunda em grande festa
É tudo o que eu procuro, e quando alcanço, Balança esta roseira, quebra o pau, O amor que a gente faz: sensacional!
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
O AMOR PERFEITO
Cantar o amor perfeito, sem enganos, Viver desta esperança e crer na paz. Seguir com lealdade; belos planos, Pensar que finalmente sou capaz
De crer nas artimanhas dos ciganos, Se imensa fantasia, a noite traz, Sanando com ternura, cortes, danos, Delírio que domina e satisfaz...
Um dia imaginei fosse possível, Engodos tão comuns da mocidade, E de repente vejo a realidade,
E o que me parecia ser plausível, Transforma-se no imenso e vago tédio. - Doutor há para o mal algum remédio?
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
El fin de mis tormentos…
Jamás se imaginase la dura cena Adonde una palabra me mostrase Realidad terrible que condena La suerte de quien tanto se negase,
Restauro con terror lo cuanto hubiera, Bebiendo, listo, un vaso de aguardiente Y cuando se ha buscado primavera, La nieve entre mis dedos se presiente.
Anduve por estradas tan diversas, Chacales y serpientes, mis amigos, No pudo discernir los desabrigos,
Y cuando más allá tú siegues, versas, Apenas un gusano restará, Que el fin de mis tormentos moldará…
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
OTRO MOMENTO
Pudiera describir otro momento Adonde la esperanza sea más Que apenas un segundo sin jamás Decir lo que tramase algún aliento,
Vencido por lo rudo pensamiento, Mi paso se perdiendo, busco paz, Y sé que en la verdad no volverás, Tu nombre se ha jugado en pleno viento,
Ninguna luce trace otra alborada, Mi muerte se mostrando deseada, Sanando lo que sea una ilusión,
Dejando para tras toda mi vida, La porta se cerrando, destruida No veo ni más creo en solución…
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|
FIM DE PAPO
É fim de papo e chega de conversa, O nosso casamento está no fim. Tu tens andado assim, vaga e dispersa, Deu praga e destruiu nosso jardim.
A fantasia agora é tão diversa, Estás sempre distante; até que enfim, Cansei desta mulher burra e perversa, Não tenho vocação pra querubim...
Chegando de manhã embriagada, Falando que estudou a noite inteira, Depois inventa uma outra baboseira
E finge que jamais andou errada. Não vou ficar chorando; dê o fora, Não fique aqui torrando, vá embora!
MARCOS LOURES
|
Poeta
|
|