Poemas :  Olhar o passado
Temos tantas coisas perdidas
ou guardadas no esquecimento...
E quando as encontramos,
vivemos um grande momento.

Felizes recordações...
Encontros com passados,
às vezes muito distantes.

Felizes semblantes
que devem ficar
em nossos corações.

Olhar para o passado,
é procurar ver
a miséria ou a fortuna
que deixamos de lado.

A.J. Cardiais
28.01.2011
Poeta

Poemas de reflexíon :  O ESPELHO
Olhei para o meu espelho
E vi um homem que me parecia velho.
Coloquei os meus óculos,
Meu Deus... mas sou eu!
Fiquei incomodado
Não por ser eu!...
A minha consciência interroguei;
Sem óculos, quantas pessoas
Infelizmente já eu mal julguei?


Antes de se julgar quem quer que seja, devemos primeiro nos interrogarmos a nós mesmos e se tivermos consciência, nos julgarmos. Todos nós sem exceção, temos uma nódoa em qualquer parte.

De A. da fonseca
Poeta

Poemas de reflexíon :  SOU CULTIVADOR DE PALAVRAS
Sou cultivador de palavras
Mas não sou especialista.
Procurei um bom terreno
Que desse um pouco nas vistas
E Eureka!!! um simpático encontrei!
Logo nele me instalei
Vendo à entrada um regulamento
De seguida a ferramenta posei.
Sou um cultivador de palavras!
Comecei por escolher o meu terreno
Com certeza, o mais apropriado
Depois de meus estudos terminados
Comecei a enterrar as palavras,
Sou cultivador de palavras!
Mas vi que havia por lá estrume
Nem olhei para trás e estrumei a terra.
Dizia eu, assim as minhas palavras
Vão crescer e desenvolver em catadupa
Mas não foi que enorme desilusão!
As palavras cresciam, mas as flores... fanadas!
Para mim dizia eu que sou cultivador de palavras,
Isto não tem mesmo nenhuma importância!
Cultivo só para passar o meu tempo.
Sou cultivador de palavras
semearei noutro momento
E assim vou aprendendo a cultivar palavras.
Pois é! mas tudo isso foi sem contar
Com os bons, os verdadeiros cultivadores,
Que riam a bom rir com os meus dissabores.
As minhas palavras, fanadas, não davam flor!
Mas não faz mal... enquanto os donos do terreno
Não me derem o pontapé no traseiro, cá vou ficando!
Talvez um dia se os experts em palavras
Tiverem para comigo criticas desagradáveis
Só tenho um caminho a seguir, vou-me embora!
É natural sim, porque eles já cá estavam
E se neste terreno acho que não tenho lugar...
Portanto devem ficar e ser eu a desandar.
Mas sou cultivador de palavras!

A. da fonseca
Poeta

Poemas de desilusión :  NADA ME INSPIRA
Quando todos chegamos a um momento da vida
E não temos vontade de fazer o que quer que seja,
Que fazer? Que pensar de nós mesmos, que pensar?
Deixar andar sem me bater, a vida desce numa subida.

Não sei se é cansaço mental ou se é talvez intelectual.
Nada me inspira, tudo me é estranho, nada eu aprecio,
Como se vivesse num mundo estranho, sem interesse
Tudo me aborrece; não leio, não escrevo, tudo é virtual.

O amor, a amizade, chego a não saber se tudo existe.
Creio viver num mundo vazio sem ideias nem realidade.
Às vezes como por acaso tenho uns minutos para pensar
E não chego a alguma conclusão e o vazio persiste.

Hoje escrevo estas linhas sem mesmo saber o porquê.
As letras e as palavras fazem frases sem mesmo eu querer.
Não façam atenção se nada corresponde à realidade
Pois que tudo o que escrevo acredito que ninguém lê.

A. da fonseca
Poeta

Poemas de desilusión :  REGAR NO MOLHADO
Ontem não houve Sol, choveu todo o dia.
E hoje pela manhã cedo fui regar o jardim.
Na rua as pessoas passavam, toda a gente ria
Cheguei à conclusão que todos se riam de mim.

Não sei porquê! Porque dava a beber à flores?
E depois? Nada de mais natural, havia Sol.
Se cá em casa há tempestade, trato o meu amor
Pois que devo dar a beber ao amor, é o meu rol.

É como na politica, tudo vai mal e vai continuar
Nós sabemos que vamos continuar a ser enganados.
Vamos continuar a barafustar, a continuar a criticar,
Então? Não será a mesma coisa que regar o molhado?



A. da Fonseca
Poeta

Poemas de desilusión :  O DESTINO DE UM ALGUÉM
Caminhei naquelas vielas estreitas onde mora a vida,
Como é difícil caminhar naquele empedrado negro.
As paredes quase se tocam, a luz do sol está esquecida,
Só as sombras caminhavam comigo, vi passar um morcego.

O meu corpo comprimido entre aquelas paredes, gemia.
Sentia que a vida o fazia sofrer mas não havia avenida
Onde ele pudesse caminhar sem sofrimento, com alegria
Mas para ele estavam destinadas velhas vielas perdidas

Tentei abandonar esses caminhos sinuosos, perigosos.
Uma força estranha me negava um caminho cristalino.
Cedi. Continuei a caminhar nesses caminhos impiedosos,
Fiquei convencido que o meu caminho era o meu destino

A. da fonseca
Poeta

Poemas de nostalgia :  FICA A SAUDADE
Quando eu era jovem, eram os velhos tempos.
Tempo de guerra, tempo de ditadura, dificuldades.
Na minha juventude também vivi bons momentos,
E é desses maus momentos que ainda tenho saudade.

Os anos avançaram mas as facilidades, essas não.
Nem todos podiam ter algum pão em cima da mesa.
Acabou a guerra, mas não, a paz não estava no coração
E para ter um futuro risonho ninguém tinha a certeza.

Mudaram-se os séculos, mudaram-se as tecnologias.
O povo pensava que com a revolução tudo ia mudar.
Apenas se ganhou a Liberdade, ficou a demagogia,
A lei do mais forte continua a nos trazer o mal estar.

Tudo se tenta, trabalha-se estuda-se nas universidades
Nem todos, nem só doutores nem também só pedreiros
Mas tantos anos de labuta, e guardamos as dificuldades,
Somos obrigados a deixar o nosso País por anos inteiros.

Tudo isto é triste, que tem de bom esta nova sociedade?
Porquê para uns são rosas e para outros só há espinhos?
Obrigados a nos separar de quem amamos, fica a saudade
Só guardamos em pensamento e sentimo-nos sozinhos.



A. da fonseca
Poeta

Poemas de amor :  AI, SE EU SOUBESSE
Ai se eu soubesse
Quando irei morrer!...
Encomendaria as flores
E faria amor
Até amanhecer.

Ai se eu soubesse
Essa data que é certa!...
Para bem amar
Para a vida beijar
Teria a porta aberta.

Ai se eu soubesse
Quais são os meus amigos
Que estarão presentes,
Os que serão ausentes
Esses, serão os inimigos.


Ai se eu soubesse
Quem por mim irá chorar...
Dar-lhe-ia o coração
Para que essa emoção
Fosse para durar.

Ai se eu soubesse
Que o amor viria mais forte,
Que não haveria mais guerras
Mas só amor na Terra...
Fecharia a porta à morte.

A. da fonseca
Poeta

Poemas de reflexíon :  AQUILO QUE OS POETAS ESCREVEM
Tenho em cima da mesa um papel branco cheio de nada.
Tenho o meu cérebro que procura uma possível inspiração.
Rolando nos meus dedos uma caneta que ri à gargalhada,
Pois que ela já compreendeu que escrever é uma ilusão.

Sim ilusão. Porque pensava que era bem fácil ser poeta
Bastava escrever uma palavras que dariam algumas rimas.
Puro engano! Ser poeta, não é só inspiração, nem pateta,
Tem que se ter coração, ideias puras, e nada de pantomina.

Por vezes acontece que a minha caneta não tem preguiça
E sozinha começa a escrever sem que eu lhe diga o quê.
Acho estranho, deixo-a continuar se a sua vontade se atiça
Depois de ter terminado, não fico admirado se ninguém me lê.

A razão é simples. Se eu não sou poeta apenas sei escrever
Como quem foi à escola, sou como o comum dos mortais.
O melhor é deitar fora a minha caneta e me contentar de ler
Aquilo que os poetas escrevem, nada mau, posso pedir mais?

A. da fonseca
Poeta

Poemas :  Sardonia
no tenia ni su sombra
para cambiarla por un vaso
de palabras reconfortantes
por un beso que hidrate
ese desierto de labios mustios
y sin embargo
dispuesto a convertir sus cenizas
en el color de la acuarela
para hacer un grafiti
en la casa del ave fenix
cuya pared oscila
entre el fuego y la blancura
era tan clara su sonrisa
que no hacían falta las bombillas
el momento que explotaba su risa
en mitad de las piedras negras del día a día
era la primera hora del mundo
ya sin fuerzas para seguir danzando
y ahí estaba
lleno de sonrisas gratificantes
como un espejo donde se miran los payasos...
Poeta