Poemas :  A cúmplice
A cúmplice
A vida para mim,
está sendo assim:
Eu vou andando...
De vez em quando paro,
e fico procurando algo
que me traga alguma alegria...

Pode ser uma música,
uma flor qualquer
sem nenhum valor reconhecido,
um amor adormecido,
um sorriso de bem-me-quer...

Reparem bem: a vida
bem conduzida,
tem como cúmplice
a mulher...

É o que me falta:
uma cúmplice.

A.J. Cardiais
02.03.2010
Poeta

Poemas :  Acendendo as horas
Acendendo as horas
Gosto de acender as horas,
para o tempo enxergar o caminho.
O tempo nunca anda sozinho.
Anda com uma comitiva de chuva,
sol, vento e tempestade.

O tempo parece lento.
O tempo não tem idade.
Mas o relógio não acompanha
sua velocidade.

Ninguém consegue medir o tempo.
O tempo é imenso
e, ao mesmo tempo, curto.
O tempo é uma loucura...

Tem coisas que com o tempo,
mata...
Tem coisas que com o tempo,
cura.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Clareando as ideias
Clareando as ideias
Estou me abastecendo
de Adélia Prado, Waly Salomão,
Paulo Leminski, Chacal,
Afonso Romano de Santana**
etc, etc e tal...

Cada dia eu saboreio alguns.
Misturo os tons,
as ideias e os sons.

A.J. Cardiais
29.11.2014
imagem: google

**Poetas brasileiros
Poeta

Poemas :  Calmaria das horas
Calmaria das horas
A vida me mostra um relógio...
Luto contra o tempo.
O tempo é longo,
mas com espaços
curtos e rápidos.

E eu já perdi muitos espaços...
Agora só tenho a pressa
do ponteiro de segundos.
Perdi a calma do ponteiro
das horas.

Meu Deus, é agora???
Os ponteiros não giram
ao contrário!
Perdi meu tempo em segundos,
não me procurando mais profundo,
confiando na calmaria das horas.

A.J. Cardiais
maio/1982
imagem: google
Poeta

Poemas :  Onde está o poema?
Onde está o poema?
Alguns poetas me deixam mais à vontade,
na hora de poetizar.
Outros tentam me desestimular,
exibindo poemas
que não consigo “diagnosticar”...

Onde está o poema?
Este é o meu tema...
Ou, para dizer melhor: meu dilema.
Vou ali no mato, e volto...
Para engajar uma rima:
vou fazer uma “obra prima”.

Mas acontece que eu
não primo tanto por “obras primas”...
Primo por obras irmãs,
obras amigas... Obras sãs
e loucas também.
Afinal todos têm
o direito de “obrar”.

A.J. Cardiais
20.01.2015
imagem: google
Poeta

Poemas :  Norma da criação
Norma da criação
Fazer poesias é como fazer filhos
e descobrir com criá-los.
Se os prendemos,
nunca saberemos
onde poderiam chegar...

Se os soltamos,
temos que nos preparar,
pois podem nos criticar
chamando nossa atenção
para nossa forma de criação...

Mas cada um tem sua forma.
E “reformular” o que existe,
está dentro da norma.

A.J. Cardiais
27.08.2011
imagem: oogle
Poeta

Poemas :  Caminho de todos
Caminho de todos
Ando com os pés no passado.
Por isso não ando apressado.
Meu tempo não é uniforme,
e minha alma não dorme.
Ela segue o tempo,
bisbilhotando cada movimento.

Sei de tudo que se passa,
na raça.
Preferiria não saber...
Assim não iria sofrer.

Eu queria era viver
alheio a tudo isto:
toda esta ideia de prazer,
toda esta ilusão, todo dever...

Mas não adianta disfarçar,
nem se vangloriar...
Nós caminhamos
para o mesmo lugar.

A.J. Cardiais
29.08.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Erva daninha
A minha poesia
e como erva daninha:
nasce sozinha,
em qualquer lugar,
sem precisa cuidar.

A minha poesia
é como o mato:
às vezes alto,
às vezes rasteiro.

A minha poesia,
de janeiro a janeiro
está aí, de treta...
Sempre se apresentando.
Mesmo não estando
perfeita.

A.J. Cardiais
29.05.2011
Poeta

Poemas :  A mutação das palavras
A palavra quando sai de circulação,
fica existindo só no dicionário.
Quando o poeta operário,
coloca a palavra em sua construção,
ela vai de mão em mão...

Sofrendo desgastes,
sofrendo manipulações
através dos tempos
e das declamações.

A.J. Cardiais
04.08.2011
Poeta

Poemas :  Um túmulo de sentimentos
Um túmulo de sentimentos
A paixão do vento uiva,
quando passa minha dor.
Teus olhos mudam de cor.
A conversa muda os sinais:
sim... Não... Mas...

Tudo é a mente: Deus, as rosas, a dor...
Deus meu, o amor me seduz!
Este teu jeito tímido de demonstrar amor...
Acanhado...

Pelo caminhar, nem sabes como ele é.
E eu, o que sei?
Tudo e, redondamente, nada...

Sou um túmulo de sentimentos,
depois de tantas arguições
da vida.

A.J. Cardiais
10.03.1992
imagem: google
Poeta