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O que me faz poeta, não é uma seta indicando: escreva.
O que me faz poeta, é a minha meta fincada numa coisa incerta; é meu olhar cheio de volúpia pela vida, e desprovido de ambição...
O que me faz poeta, são as sensações de deserto no meio da multidão.
A.J. Cardiais 03.07.2016
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Poeta
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Enterrei as minhas recordações Num canteiro do meu jardim, Os desgostos e as ambições E cobri tudo com jasmim.
Assim ficarão perfumadas Do que foi a minha vida Feita de amores e pecados Nasci com a minha sina lida.
Ao redor desse canteiro Plantei os meus amores, Uma cruz e um letreiro... Aqui jazem as minhas dores.
Bem à vista dos visitantes Escrito também estão ali As mais belas variantes Dos erros que cometi.
Por vezes tenho saudades Outras vezes sinto repúdio Entre desgosto e felicidade Da vida vivida no prelúdio.
Pois que não se pode viver hoje Uma vida que é de amanhã Assim a mocidade nos foge De uma maneira nada sã.
A. da fonseca
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Poeta
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Para onde vais criança? Caminhas em estrada sinuosa Numa caminhada perigosa Tentando dar rumo à vida. Eu sei, eu sei que tu procuras A felicidade que outros têm Mas para ti ela não vem E porquê? Todos temos direito ao Sol Todos temos direito à educação E temos também o direito à indignação!. Não te deixes abater Não te deixes cair num abismo Donde dificilmente sairás. Para de parar nessa estrada da vida Procura outra, a que te é devida. Levanta a cabeça, mostra a tua dignidade Caminha de peito aberto Grita, grita, reclama Que queres uma estrada sem lama Que queres viver a vida com amor Sem miséria e com pudor.
A. da fonseca
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Poeta
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Ter ou não ter, eis a questão. Ter alma ter vida ter coração. Ter sensibilidade, saber amar, Ter uma vida sã, não perder a razão
Ter ou não ter, eis a questão
Ter coragem para saber dizer não Ter coragem para uma causa defender Se ela é justa, mesmo se se queimar Ter amor pelo próximo sem se conter
Ter ou não ter é uma questão de querer
A. da fonseca
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Poeta
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Ando perdido na sombra da tua sombra. Procuro te encontrar e não consigo. Tu foges de mim como uma tímida pomba Como se eu fosse para ti um grande perigo.
Ando perdido porque me negas o teu amor. Vagueio nas ruas sem saber para onde ir. Na tua singela rua só encontro dissabor, O meu coração anda triste, não pode rir.
Ele sente fortemente o desprezo por ti dado. Ele que te ama e que só amor te quer dar, Mas sabe que não pertence ao teu reinado.
E de desgosto o meu peito ficou inundado Com mil e uma lágrima choradas de saudade De um coração que de ti se sente abandonado.
A. da fonseca
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Poeta
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Sou um velho carro, sou de colecção. Com os pneus já muito gastos E já nem têm hipóteses de reparação. Os amortecedores a guinchar com o peso Desta velha carroçaria toda ferrugenta E já nem sei como ela ainda aguenta. O delco e a distribuição lá vão, lá vão; O motor para trabalhar, à manivela com a mão. O depósito da gasolina cheio de remendos, Com pastilhas especiais ainda resiste. O carburador trabalha mas aos solavancos Distribuindo com dificuldade o carburante. Os gases lá vão saindo pelo tubo de escape Mas a explosão é fraquinha, não como dantes. O radiador vai sofrendo de incontinência; Para o motor não aquecer, pois que perde água, Para chegar ao destino rolo com paciência
A. da fonseca
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Poeta
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Reconheço as bobagens que escrevo... Mas fazer o quê, se no momento é a bobagem que impera, e me pede que a escreva assim mesmo, como bobagem?
Faz parte da minha linguagem, descrever o lado ingênuo de tudo. Então eu “descrevo”, e não mudo.
Piso fundo na imaginação, como um policial perseguindo o ladrão: dou contramão, invado sinal...
Faço tudo pra pegar o marginal, e aprisiona-lo no caderno.
A.J. Cardiais 20.04.2011
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Poeta
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A arte da crise não é a crise da arte. A arte nunca fica em crise, porque ela se parte, reparte e se transforma. A arte, fora da norma, é uma válvula de escape.
A.J. Cardiais 23.06.2016
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Poeta
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Sin querer, fui perdiendo la razón en un torbellino, de vida material.
Sin querer, fui perdiendo a la sazón el ser lo esencial.
Sin querer, perdí el alma y corazón, el cuarto mandamiento “Honrar padre y madre”.
Sin querer pero en el querer consciente, perdí lo vital, lo esencial, el alma, el corazón,
Queriendo, no honre padre y madre, no vi lágrimas en sus ojos, pero presentí un escalofrío de mea culpa, que muy dentro de ambas almas el inexpugnable vórtice, de un ahogado llanto mortal.
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Poeta
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Não lembro o começo do poema... Mas estava tudo na mente, antes da inspiração ir adiante, e me trazer um problema:
O que é poesia? Me pergunto isso sempre, quando estou envolto nas ilusões.
Mas eu gosto mesmo é de me perder entre poetas, que ficar discutindo opiniões.
A.J. Cardiais 25.06.2016
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Poeta
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