Poemas de amor :  Entretenimento de amor
Entretenimento de amor
Quero citar teu nome num poema.
Quero ouvir tua voz.
Quero deixar desabrochar em mim,
algo que espero que exista entre nós:

Um acordo, um pacto,
um entretenimento de amor.
Dissertando palavras fáceis,
fui ao mundo...

Subi em sílabas etc.
Curvei bugalhos, olhares equidistantes...
Os holofotes em mim,
talvez te indiquem o caminho.

Estou tão sozinho amor,
que as frases me atropelam volúveis.
Mudo, quieto, espinho...
O teu nome em mim é pátria.
Citá-lo-ei breve, num poema.

A.J. Cardiais
17.01.1990
imagem: google
Poeta

Poemas sociales :  Sociedade desalmada
Sociedade desalmada
Sou um ser muito sensível...
E ser sensível é horrível,
no meio desta Sociedade desalmada.

Viver tornou-se uma ferocidade:
tem gente matando a troco de nada.
Tem gente prejudicando o próximo,
simplesmente pelo prazer de ver
a vida do próximo desandar.

Poucos procuram ajudar.
A maioria só quer se “dar bem”.
Sendo assim, ai de quem
se puser em seu caminho,
rumo ao “sucesso”.

Fama, dinheiro e poder,
virou símbolo de “felicidade”.
Se fosse assim, na verdade,
famosos e endinheirados
não se drogariam,
nem se matariam.

São todos uns “pobres coitados”,
que não sabem de nada.
A verdadeira felicidade
vem da Alma,
e não da fama ou da riqueza.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas :  Cada dia
Cada dia
Cada dia, um início.
Cada dia um precipício
ou uma nova situação.
Cada dia uma emoção
banhada de chuva.

Cada dia é uma curva
ou uma esquina.
Cada dia é uma virada
de página ou de pranto.
Cada dia você nem imagina
o que acontecerá no seu canto.

Cada dia a imaginação
é semeada de ilusão,
para aguentar o tranco.
Cada dia tem seu dia.
Cada dia tem seu manto.

A.J. Cardiais
02.08.2010
imagem: google
Poeta

Poemas :  Um novo olhar
Um novo olhar
Eu só queria que as pessoas tivessem
um novo olhar sobre a vida.
Que esquecessem um pouco da televisão,
e usassem mais a contemplação.

Que passassem a observar mais
o céu, as nuvens, o sol, a lua...
Procurassem observar as pessoas nas ruas,
cada uma com seu caminhar
em busca da felicidade:
umas procuram as religiões,
outras procuram os shoppings
e a maioria procura os bares.

Enquanto isso, os lares
estão se dissolvendo...
Ninguém pensa no que está perdendo,
só pensa no que está ganhando.
Não há um casamento certo
entre felicidade e necessidade,
ou entre necessidade e realidade.
Só há uma rima frágil.

As pessoas estão se perdendo,
porém estão achando
que estão vivendo.
E quem há de dizer que elas estão erradas,
se elas viram isso na TV?
Viver é consumir até morrer.

Quanto mais consumo, mais consumição.
Compram tudo que manda a televisão:
vida, sonhos, felicidade, amores...
Tudo isso nas telenovelas.
Compram também os horrores
dos programas sensacionalistas:
sangue, balas, mortes, medos...

Enquanto tudo isso acontece,
uma simples pedrinha é “craque”
em driblar as autoridades.
E ninguém sabe como barrar
esta “coisinha”.

A.J. Cardiais
02/05/2013
imagem: google
Poeta

Poemas :  A humildade do chão
A humildade do chão
Às vezes,
nós precisamos cair
para sentir
a humildade do chão...

Nós pisamos nele
e nunca pedimos perdão.
Nós cuspimos
nós sujamos
nós construímos
nós moramos...
Tudo nesse chão.

Nós o cobrimos
com pedras
com cimento
com asfalto
para esconder sua pobreza.

O chão suporta calado
nossas malvadezas.
Quando caímos,
por ele somos amparados...
Quando morremos
por ele somos abraçados.

A.J. Cardiais
11.01.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Escola de poesia
Escola de poesia
Alguém pode aprender a versar,
a rimar, a “metaforizar”
a usar e abusar
de toda linguagem da poesia...

Mas não aprende a filosofia.
Esse alguém pode até ganhar
aplausos e elogios...

Mas não ganha o sentimento
que o verdadeiro poeta tem,
ao colocar no mundo
mais um rebento.

Para “este alguém”
tudo é uma questão de técnica,
e não de alma poética.

A.J. Cardiais
05.01.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Oitavo sentido
Oitavo sentido
Nas zonas erógenas dos meus sentidos,
os nervos sensitivos
causam-me um clímax irreal...

Às vezes entro num êxtase mental,
e tenho sensações emocionais,
casuais, sensuais
e muitos “ais”
dos sexuais.

Gozo, em plena madrugada,
com o bafo frio do orvalho
em meu corpo...
Gozo, em plena praia,
com os “chuás”
das ondas na areia...

E assim vou gozando:
emocionalmente,
casualmente
sensualmente
e muitas outras mentes
dos sexualmente
aptos
a gozarem esta vida.

A.J. Cardiais
26.03.1982
imagem: google
Poeta

Poemas :  O poeta está por aí...
O poeta está por aí...
O poeta está por aí:
namorando as paisagens,
desenhando imagens
e se comovendo
com problemas alheios.

O poeta quer dizer
pra que veio
no meio
desse engarrafamento
de emoções.

O poeta passa por situações,
que nem os versos
conseguem entender...

O poeta, para sobreviver,
tem que alimentar
uma matilha de ideias
e sacrificar as dores
com palavras.

A.J. Cardiais
01.12.2010
imagem: google
Poeta

Poemas :  O fingidor
O fingidor
Eu estou chorando...
Apesar de não ter
uma lágrima caindo.

Eu estou sofrendo...
Apesar das pessoas
me verem sorrindo.

Não estou fingindo.
Apesar do Pessoa *
morrer afirmando.

A.J. Cardiais
16.11.2010

* Fernando Pessoa
Em: Autopsicografia
imagem:google
Poeta

Poemas :  Brincando de existir
Brincando de existir
Quero continuar existindo
nesta casa pequena,
com esta vida amena
e esses quadros cafonas
na parede...

A minha rede
é este horizonte aveludado.
Onde me deito quieto, calado,
escutando a voz do vento
quando passa assanhado.

O meu perfume
é o de brisa do mato.
Só uso quando visto o lume
das estrelas, e saio
para brincar com os astros.

O resto é sonho.

A.J. Cardiais
03.11.2010
imagem: google
Poeta