Poemas :  Era da velocidade
Era da velocidade
Estamos na era da velocidade.
Não se contempla mais nada.
A vida é só um vulto nessa estrada:
vem vindo... Passou!

Amores velozes:
mal começam, acabam.
Não existe mais
começo, meio e fim.

Tudo é criado com a intenção
de não durar.
O presente rapidamente
vira passado.
Logo, tudo é superado.

Estamos na era das paixões...
Este fogo que arde, queima,
consome tudo até se extinguir
rapidamente.

A.J. Cardiais
14.11.1997
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Poeta

Poemas :  Da favela, o céu
Da favela, o céu
Nesses trilhões de pessoas
que habitam a Terra,
quantos será que acreditam
verdadeiramente em Deus?

Quantos será
que olham para os céus
e admiram toda essa maravilha?

Eu, cá do meu canto,
sei que sou só um ponto
neste vasto mundo.

Fico admirando
toda essa beleza
entre céus e casebres.

A.J. Cardiais
07.08.2010
imagem: a.j. cardiais
Poeta

Poemas :  Garimpo literário
Garimpo literário
Está difícil extrair ouro das palavras...
Está difícil garimpar...
É preciso quebrar blocos de ideias.
É preciso imaginar.

Demarcar o veio
em que se vai trabalhar,
e começar a cavar ideias...
Até achar um filão.

Mas, muita atenção,
pois o ouro está misturado ao cascalho...
É ouro em pó.
Tem que ser muito bem trabalhado.

Imaginem o monte de letras
que alguém tem que cavar
para encontrar as palavras,
extrair o ouro
e transformá-lo em um texto.

A.J. Cardiais
17.12.2010
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Poeta

Poemas :  Poesia sentida
Poesia sentida
Não acredito na poesia “fabricada”...
A poesia para mim
tem que ter alma,
tem que ter vida...

Não precisa ser vivida.
Mas que seja sentida.
Como quando a gente sente
a dor de alguém.

A.J. Cardiais
29.10.2010
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Poeta

Poemas :  Fim da tristeza
Fim da tristeza
Cubro-me de riso
porque é melhor para mim.
Amasso minha tristeza
e jogo no fundo do poço.
Se ela gritar por mim
finjo que não ouço.

Tomo uma dose de alegria
e fujo da nostalgia,
que vem vindo em meu encalço...
Se ela conseguir pegar-me,
o que é que eu faço?

Eu fui visto com a tristeza
ainda há pouco...
Vou ser condenado
por ter jogado a tristeza
no fundo do poço.

O que será que aconteceu?
Será que ela morreu?
Tomara que sim...
A tristeza mereceu
esse triste fim.

A.J. Cardiais
18.12.2010
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Poeta

Poemas :  Deus é quem sabe
Deus é quem sabe
Não sei o que vem
pela frente...
Não sei como será
meu futuro.

Amanhã, se eu acordar,
acordarei inseguro.
Não saberei
como será meu dia.

Planejo, almejo,
mas Deus é quem sabe
o que será de mim.

A.J. Cardiais
06.08.2010
imagem: google
Poeta

Poemas :  Devaneios cotidianos
Devaneios cotidianos
Quando uma ideia vem à tona,
as palavras me condicionam.
E eu, acuado, sou obrigado
a devanear...

Sem imaginar
no que vai dar .

A.J. Cardiais
09.06.2014
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Poeta

Poemas infantiles :  Palavra: um poema supérfluo
Palavra: um poema supérfluo
Deturpadas palavras más,
que os dicionários vão engolir.
Os poemas supérfluos hão de exibir
todas as palavras. Mas...

O abdômen, inimigo do homem,
e a barriga, aquela nossa amiga,
estão na maior briga
por causa de um nome.

O nome: substantivo desconhecido,
de pai e mãe abstratos.
Muitos nomes, muitos retratos
de fome e de povo subdesenvolvido.

Nome feio equivale a palavrão:
paralelepípedo, inverossimilhança...
Mas, nome feio para a criança,
é aquele que não se pode dar não.

Então eu grito: Rimas! Rimas à mão cheia!
E as mãos: cheias de calos.
Brigo, xingo, ofendo os cavalos...
Sou louco... Sou louco não, creia.

A.J. Cardiais
06.02.1990
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Poeta

Poemas sociales :  El catador
El catador
Um homem pobre
caminha por um bairro nobre,
à procura de algo
para sobreviver...

O rico não quer nem saber...
É do lixo
que o homem tira
o que comer.

O homem pobre vasculha o lixo,
cantando uma canção,
indiferente à mansão
que está na sua frente.

Para ele este povo só serve para isto:
jogar uma porção de coisas no lixo.
Coisas que ele cata, e vai vender.

A.J. Cardiais
10.08.2010
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Poemas :  A voz do coração
A voz do coração
Quando meu coração disse sim,
eu fiquei indeciso, não obedeci.
Segui a razão...
Com medo de ouvir um não,
então eu disse: não!

Quando meu coração disse não,
eu duvidei, não acreditei.
Escutei a razão...
E pensando que ouviria um sim,
eu disse: sim!

Então eu ouvi um NÃO!
Que até hoje ecoa
em minha solidão.

A.J. Cardiais
13.12.1981
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Poeta