Poemas :  Temperando um poema
Temperando um poema
Pegue algumas dúzias de palavras
e misture-as com seu sentimento.
Jogue tudo que se passa
no momento...

Deixe fervilhando
por um bom tempo,
e vá colocando
doses de rima. (se você gosta)

Procure mexer as palavras,
num ritmo que não desande...
Quando achar que está pronto,
deixe esfriando na gaveta,
até que você o esqueça...
(conselho de Drummond e Quintana)

Depois que passar a euforia,
leia seu poema, experimente-o.
Se achar que está bom, sirva-o.
Mas não espere agradar todo mundo.
Cada pessoa tem um paladar.

A.J. Cardiais
25.02.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  Eu sou amor
Eu sou amor
Eu sou um ator...
Jogo meu mundo nas nuvens
e, descalço,
finco os pés no chão.

Desnudo-me de toda poluição
que a “vida perfeita” propicia.
Sou vida bandida. Sou vida vazia,
ou cheia de coisas ditas “imprestáveis”,
pela maioria.

Eu sou fantasia.
Sou a mais pura alegria.
Sou a ironia
que a vida não rimou.
Eu sou o amor.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas sociales :  Filhos da mãe natueza
A Natureza sofre em nossas mãos...
A Natureza é nossa mãe
e nós somos filhos ingratos.

A Natureza está em todos
momentos da nossa vida.
Tão sutilmente, tão humildemente,
que nem percebemos.

Para simplificar: é a mãe Natureza,
que purifica o ar.
A mãe Natureza é nossa água,
nossa luz, nosso alimento...

A mãe Natureza é nossa vida.
Chego até pensar que
não somos só filhos do Pai...
Somos também filhos da Mãe.
Filhos da Mãe Natureza.

A.J. Cardiais
25.04.2009
Poeta

Poemas :  Cheiro de amor
Cheiro de amor
Deixe meu amor invadir seus lábios,
e o prazer nos derreter,
transformando-nos em um só...

Deixe o suor lavar nosso lençol,
e perfuma-lo com este cheiro
que acabamos de produzir.

A.J. Cardiais
11.03.2011
image: google
Poeta

Poemas de desilusión :  Morte em vida
Morte em vida
Vivo me iludindo
para continuar vivendo...

Mas
por trás
da ilusão,
acreditem:
estou morrendo.

A.J. Cardiais
03.08.2010
imagem: google
Poeta

Poemas :  O que espero da poesia
Espero que a poesia
sempre aponte
para um novo dia.

Que não seja só uma rima,
e não se envaideça
como obra prima.

Espero que a poesia
seja como um despertador,
para acordar o trabalhador.

Que aponte erros e defeitos.
E se precisar ir à luta,
meta os peitos.

Que ela se arrume para agradar...
Mas que sua finalidade
seja sempre ajudar.

A.J. Cardiais
04.03.2012
Poeta

Poemas :  O animal em mim
O animal em mim
Eu nunca deixei morrer
o animal em mim...
Sempre procurei manter
meus instintos apurados.

Não me ajoelho
aos engravatados,
pois farejo maldades.

Não faço festas
aos perfumados,
pois não cheiram às florestas...

Não observo suas vestes,
seus bens e nem seus poderes.
Eu procuro suas almas...

Suas almas estão no olhar,
estão na falsidade da voz,
estão na avidez feroz...

E ao primeiro sinal de perigo:
lá vamos nóóóós!

A.J. Cardiais
11.01.2011
imagem: google
Poeta

Poemas :  O defensor dos poemas
Ninguém sabe da situação do poeta...
Só sabe das suas ideias às avessas;
das suas escritas às pressas,
tentando capturar algum poema...

Psiu!
- Deixe o poema liberto, ô meu!
- Quem falou foi eu!
- Vem procurar briga comigo,
pra ver se eu não te ensino
como é ficar “preso numa página”...

- É pior do que você imagina.
- Você só é liberto
se for “descoberto”,
e se agradar a alguém...
- Aí é que vão libertar você,
e você poderá ganhar o mundo...
- Quer passar por isso, seu vagabundo?

A.J. Cardiais
18.12.2010
Poeta

Poemas :  Poetas são tudo
Poetas são tudo
Poetas são seres de plástico:
não enferrujam e são maleáveis.
Poetas são seres de elástico:
se esticam até onde podem.

Poetas são seres horríveis...
Com seus sonhos “impossíveis”,
querem que todos acordem.

Poetas podem ser tudo:
pedreiro, pintor, marceneiro,
mecânico, motorista, borracheiro,

policial, advogado, arquiteto...
O poeta, como um objeto,
é um sofrível escudo.

A.J. Cardiais
06.03.2015
imagem: google
Poeta

Poemas :  Conflito interno
Conflito interno
Está tudo aí para eu escolher
sobre o que escrever...
Existe um vazio dentro de mim,
como existe um vazio no ar.

Uma canção no rádio
insiste para que eu a escute...
Por que meu travesseiro
não me mostrou nenhum caminho?

Caio despedaçado,
igual às flores despetaladas
pelos enamorados,
em busca de revelações...

Eu também busco revelações.
Porém não posso perguntar
a nenhuma flor...
Será que ela sabe?

Está tudo aí,
diante dos meus olhos:
este céu nublado,
este dia enjoado,
este conflito interno...

"Mundo mundo vasto mundo"...**
O Santos Drummond não seria solução.
Nem adianta procurar voar
na sua imaginação...

Então deixo tudo como está.
Tudo aí, no mesmo lugar...
Quando eu voltar,
talvez este conflito já tenha passado
e eu possa escrever sossegado.

A.J. Cardiais
21.04.2011
imagem: google

**O poeta Carlos Drummond de Andrade,
em: Poema de Sete Faces
e Santos Dumont, o inventor do avião.
Poeta