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Ontem não houve Sol, choveu todo o dia. E hoje pela manhã cedo fui regar o jardim. Na rua as pessoas passavam, toda a gente ria Cheguei à conclusão que todos se riam de mim.
Não sei porquê! Porque dava a beber à flores? E depois? Nada de mais natural, havia Sol. Se cá em casa há tempestade, trato o meu amor Pois que devo dar a beber ao amor, é o meu rol.
É como na politica, tudo vai mal e vai continuar Nós sabemos que vamos continuar a ser enganados. Vamos continuar a barafustar, a continuar a criticar, Então? Não será a mesma coisa que regar o molhado?
A. da Fonseca
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Poeta
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Caminhei naquelas vielas estreitas onde mora a vida, Como é difícil caminhar naquele empedrado negro. As paredes quase se tocam, a luz do sol está esquecida, Só as sombras caminhavam comigo, vi passar um morcego.
O meu corpo comprimido entre aquelas paredes, gemia. Sentia que a vida o fazia sofrer mas não havia avenida Onde ele pudesse caminhar sem sofrimento, com alegria Mas para ele estavam destinadas velhas vielas perdidas
Tentei abandonar esses caminhos sinuosos, perigosos. Uma força estranha me negava um caminho cristalino. Cedi. Continuei a caminhar nesses caminhos impiedosos, Fiquei convencido que o meu caminho era o meu destino
A. da fonseca
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Poeta
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Como eu gostava de ser poeta! O meu nome em letras gordas lá bem no alto da lista Mas não passo de um pateta Que só sabe fazer pirueta Mas nunca chega a artista.
Será a minha caneta ou serei eu Que não tem o dom da escrita? A caneta não gosta de mim, eu sei Vê como escreves, meus Deus!.... Escreve com mais jeito.... meu!..... Se quiseres chegar a artista.
Mas que queres? Nada mais consigo Do que dizer o que me vai na alma A inspiração dá-me uma pista Eu faço o possível de contigo Convencer um verso amigo A rimar para ser artista.
Mas as hipóteses são raras Ser poeta é ser alguém Que escreve com sentimento Para ele as letras são searas Onde ele colhe palavras raras, O poeta é mais que artista.
A. da fonseca
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Poeta
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Foi feitiço que um dia te trouxe até mim. Foi surpresa que adoeceu meu coração. Mas o destino decidiu que fosse assim E entre nós nasceu uma grande paixão.
Juntos à lareira sentados lado a lado Trocávamos palavras e beijos de amor, Era um amor verdadeiro, não era pecado E a vida assim vivida tinha mais sabor.
Lembro-me ainda daquelas lindas rosas Que com muito amor eu te as ofereci. Ainda as vejo vermelhas, muito vaidosas Por saberem que elas seriam só para ti.
Hoje o lugar frente à lareira está vazio Leio as cartas de amor que trocávamos As chamas da lareira, só me dão frio Não há beijos de amor, nos abandonamos.
Procuro e não te encontro, estou só Os jardins de Lisboa não têm Luar, O nosso amor se transformou em pó Não há um banco de jardim, para sonhar.
A. da fonseca
SPA Autor 16430
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Poeta
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Cala-te Mundo! Já muito disseste E muito pouco é a verdade. Onde está a paz que prometes-te? Onde está o amor sem tréguas? Disseste, é verdade, que haveria guerras Mas nada fizeste para as evitar. Cala-te, cala-te por favor! Não firas mais os meus ouvidos Com falsas, sim, falsas promessas. Não firas mais tantos corações Que em ti confiaram, Não firas mais a esperança Que prometeste a tantas crianças E que hoje o seu teto sãos as estrelas. Cala-te, cala-te, não digas mais nada. O que prometeste foi só para alguns. Esses vivem em Palácios, Passeiam em grandes carros Navegam em Iates de grande luxo, Esses te agradecem as tuas promessas Mas Mundo, prometeste tudo à avessas. Cala-te Mundo, cala-te, não digas mais nada.
A. da fonseca
SPA Autor nº 16430
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Poeta
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Hoje acordei e quis falar com a vida. Da minha vida, claro, a que me pertence. Ela estava presente, ali mesmo em mim. Bom dia minha vida, julguei-te escondida Não te via, mas estavas no meu jardim.
Sim, o meu jardim. O jardim de infância, O jardim da adolescência e da irresponsabilidade, Aquela que me deu o perfume do amor Aquela que me deu toda a importância Á medida que aumentava a minha idade.
Mas ando intrigado, sabes? Sinto-te menos! Antigamente tu me davas a alegria dia a dia E depois de algum tempo não sei porquê, Sinto que me abandonas, os dias não são serenos Se como por mim agora só tenhas antipatia.
Sinto que foges de mim como água entre os dedos. Todos os minutos te sinto menos carinhosa, Te sinto como se tu quisesses me abandonar, Como se eu para ti nada fosse que vinho azedo Tu que sempre me ajudas-te, sempre amorosa.
O teu amor começou no ventre de minha mãe. Ali me trouxeste esperança e a respiração. Continuamos amigos e tu me deste os olhos Para poder ver o meu caminho, ir mais além E hoje sinto que tu queres parar o meu coração.
A. da fonseca
SPA Autor 16430
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Poeta
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Quando nasci, já era um sem abrigo. Apareci cá fora todo nu, todo sujo, Sem dentes nem cabelo, um velho. Todo enrugado, não via, e chorava. Pois que alguém de maus instintos, Deu-me duas palmadas no rabo. Chorava da minha pouca sorte Aparecer no mundo para meter o bodelho. Alguém teve pena de mim E com carinho me levou para o banho. Outra pessoa bondosa, me trouxe roupa. Mas cabelos e dentes... nada! Nada havia à minha medida. Outra veio depois para me dar a comer, A beber... a beber leite nada de sólido, Devido à minha fraqueza, era perigoso. Deram-me guarida e lá fui vivendo E mudei muito, podem crer! Engordei, era mais pesado, e maior, É giro, não é? Como podemos mudar Se nos tratam bem e é importante, Se nos respeitam como somos, Sentimo-nos alguém. Comecei a ver e tudo era lindo. As pessoas que me rodeavam As pessoas que me acarinhavam As cores variadas das flores, O perfume que elas exalavam. Diziam-me que eu era bonito, Que era parecido com o meu pai. Ah... não! Ele parece-se com a mãe! Eu ouvia tudo isto e era feliz. Com o tempo vi que fui enganado Nada era lindo, As flores murcharam O perfume, ai o perfume... desapareceu. Não havia sinceridade, mas hipocrisia. Que não havia paz mas sim guerras. Que muitos tinham voltado Para a mesma maneira de viver Como eu vivi, eram sem abrigo, Sem higiene, sem nada para comer, Sem casa para viver, sem felicidade. Não, não quero viver num mundo assim Deixei-me voltar para donde eu vim, Lá, eu era feliz!
A. da fonseca
SPA autor 16430
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Poeta
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Recorrí un sendero de pastizales verdes y gloriosos Árboles llenos de vida, un cielo y un sol luminoso Caminé por encima de tierra dorada con piedras preciosas y coloridas flores Entre hormigas naranjas, caballos cafés, castillos y torres Abrí puertas con candados sin llaves, con respiraciones profundas, corazón rojo y cien emociones... Cuervo de oscuras noches, alimentándose de pan podrido y basura en botes Volaste hacia mi sendero rojo y llenaste de sombra mi cielo y mis flores Ángeles divinos fúnebres, lluvia nostálgica de agosto, riega mis pastizales ahora amarillos y dales fe de futuros mejores Aunque no los haya y el silencio reine nuestro pobre campo, y las torres se derrumben como pinos sin verano, aunque la vida haya perdido vida en los atracos Aunque la luna no brille más y el sol esté ya del otro lado...
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Poeta
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Y yo aquí, medianamente vivo, absolutamente solo en la hora muerta de la siesta muerta del pueblo muerto que siquiera despertará cuando yo muera con tal de no dejarme esperanzar.
Sin embargo decidí vivir aquí con estatismo de lagarto al sol y ocasional presencia, apenas, de alguna mata de ilusión reseca que pase rodando con el viento como pasan de mí las alegrías.
En las noches planeo dedicarme a cantinero del bar abandonado y embriagarme de fracasos nobles con mis espíritus de amores idos. O inaugurarme solitario crónico y apático escritor de endechas.
Una así, por ejemplo: quién dijo que nací para vivir acompañado. Soy cactus del desamor; espinas fuera y recóndito frescor, brazos al infinito diciendo: gracias señor por este solo y desértico lugar.
Y dormirme puteando el universo.
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Poeta
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Tudo que me resta é esperar o fim da festa, o fim do dia o fim do ano...
Tudo que me resta é a porta aberta, e eu sair para passear e não mais voltar...
Tudo que me resta é esse pedaço de vida que ainda tenho que aguentar, enquanto a morte não me levar.
A.J. Cardiais 17.11.2010
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Poeta
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