Poemas de desilusión :  REGAR NO MOLHADO
Ontem não houve Sol, choveu todo o dia.
E hoje pela manhã cedo fui regar o jardim.
Na rua as pessoas passavam, toda a gente ria
Cheguei à conclusão que todos se riam de mim.

Não sei porquê! Porque dava a beber à flores?
E depois? Nada de mais natural, havia Sol.
Se cá em casa há tempestade, trato o meu amor
Pois que devo dar a beber ao amor, é o meu rol.

É como na politica, tudo vai mal e vai continuar
Nós sabemos que vamos continuar a ser enganados.
Vamos continuar a barafustar, a continuar a criticar,
Então? Não será a mesma coisa que regar o molhado?



A. da Fonseca
Poeta

Poemas de desilusión :  O DESTINO DE UM ALGUÉM
Caminhei naquelas vielas estreitas onde mora a vida,
Como é difícil caminhar naquele empedrado negro.
As paredes quase se tocam, a luz do sol está esquecida,
Só as sombras caminhavam comigo, vi passar um morcego.

O meu corpo comprimido entre aquelas paredes, gemia.
Sentia que a vida o fazia sofrer mas não havia avenida
Onde ele pudesse caminhar sem sofrimento, com alegria
Mas para ele estavam destinadas velhas vielas perdidas

Tentei abandonar esses caminhos sinuosos, perigosos.
Uma força estranha me negava um caminho cristalino.
Cedi. Continuei a caminhar nesses caminhos impiedosos,
Fiquei convencido que o meu caminho era o meu destino

A. da fonseca
Poeta

Poemas de desilusión :  GOSTAVA DE SER POETA
Como eu gostava de ser poeta!
O meu nome em letras gordas
lá bem no alto da lista
Mas não passo de um pateta
Que só sabe fazer pirueta
Mas nunca chega a artista.

Será a minha caneta ou serei eu
Que não tem o dom da escrita?
A caneta não gosta de mim, eu sei
Vê como escreves, meus Deus!....
Escreve com mais jeito.... meu!.....
Se quiseres chegar a artista.


Mas que queres? Nada mais consigo
Do que dizer o que me vai na alma
A inspiração dá-me uma pista
Eu faço o possível de contigo
Convencer um verso amigo
A rimar para ser artista.

Mas as hipóteses são raras
Ser poeta é ser alguém
Que escreve com sentimento
Para ele as letras são searas
Onde ele colhe palavras raras,
O poeta é mais que artista.

A. da fonseca
Poeta

Poemas de desilusión :  NÃO HÁ BANCO DE JARDIM PARA SONHAR
Foi feitiço que um dia te trouxe até mim.
Foi surpresa que adoeceu meu coração.
Mas o destino decidiu que fosse assim
E entre nós nasceu uma grande paixão.

Juntos à lareira sentados lado a lado
Trocávamos palavras e beijos de amor,
Era um amor verdadeiro, não era pecado
E a vida assim vivida tinha mais sabor.

Lembro-me ainda daquelas lindas rosas
Que com muito amor eu te as ofereci.
Ainda as vejo vermelhas, muito vaidosas
Por saberem que elas seriam só para ti.

Hoje o lugar frente à lareira está vazio
Leio as cartas de amor que trocávamos
As chamas da lareira, só me dão frio
Não há beijos de amor, nos abandonamos.

Procuro e não te encontro, estou só
Os jardins de Lisboa não têm Luar,
O nosso amor se transformou em pó
Não há um banco de jardim, para sonhar.

A. da fonseca

SPA Autor 16430
Poeta

Poemas de desilusión :  MUNDO DE PROMESSAS
 
Cala-te Mundo!
Já muito disseste
E muito pouco é a verdade.
Onde está a paz que prometes-te?
Onde está o amor sem tréguas?
Disseste, é verdade, que haveria guerras
Mas nada fizeste para as evitar.
Cala-te, cala-te por favor!
Não firas mais os meus ouvidos
Com falsas, sim, falsas promessas.
Não firas mais tantos corações
Que em ti confiaram, 
Não firas mais a esperança 
Que prometeste a tantas crianças
E que hoje o seu teto sãos as estrelas.
Cala-te, cala-te, não digas mais nada.
O que prometeste foi só para alguns.
Esses vivem em Palácios, 
Passeiam em grandes carros
Navegam em Iates de grande luxo,
Esses te agradecem as tuas promessas
Mas Mundo, prometeste tudo à avessas.
Cala-te Mundo, cala-te, não digas mais nada.

A. da fonseca

SPA Autor nº 16430
Poeta

Poemas de desilusión :  ESTIVE FALAR COM A VIDA
Hoje acordei e quis falar com a vida.
Da minha vida, claro, a que me pertence.
Ela estava presente, ali mesmo em mim.
Bom dia minha vida, julguei-te escondida
Não te via, mas estavas no meu jardim.

Sim, o meu jardim. O jardim de infância,
O jardim da adolescência e da irresponsabilidade,
Aquela que me deu o perfume do amor
Aquela que me deu toda a importância
Á medida que aumentava a minha idade.

Mas ando intrigado, sabes? Sinto-te menos!
Antigamente tu me davas a alegria dia a dia
E depois de algum tempo não sei porquê,
Sinto que me abandonas, os dias não são serenos
Se como por mim agora só tenhas antipatia.

Sinto que foges de mim como água entre os dedos.
Todos os minutos te sinto menos carinhosa,
Te sinto como se tu quisesses me abandonar,
Como se eu para ti nada fosse que vinho azedo
Tu que sempre me ajudas-te, sempre amorosa.

O teu amor começou no ventre de minha mãe.
Ali me trouxeste esperança e a respiração.
Continuamos amigos e tu me deste os olhos
Para poder ver o meu caminho, ir mais além
E hoje sinto que tu queres parar o meu coração.

A. da fonseca


SPA Autor 16430
Poeta

Poemas de desilusión :  LÁ, EU ERA FELIZ
Quando nasci, já era um sem abrigo.
Apareci cá fora todo nu, todo sujo,
Sem dentes nem cabelo, um velho.
Todo enrugado, não via, e chorava.
Pois que alguém de maus instintos,
Deu-me duas palmadas no rabo.
Chorava da minha pouca sorte
Aparecer no mundo para meter o bodelho.
Alguém teve pena de mim
E com carinho me levou para o banho.
Outra pessoa bondosa, me trouxe roupa.
Mas cabelos e dentes... nada!
Nada havia à minha medida.
Outra veio depois para me dar a comer,
A beber... a beber leite nada de sólido,
Devido à minha fraqueza, era perigoso.
Deram-me guarida e lá fui vivendo
E mudei muito, podem crer!
Engordei, era mais pesado, e maior,
É giro, não é? Como podemos mudar
Se nos tratam bem e é importante,
Se nos respeitam como somos,
Sentimo-nos alguém.
Comecei a ver e tudo era lindo.
As pessoas que me rodeavam
As pessoas que me acarinhavam
As cores variadas das flores,
O perfume que elas exalavam.
Diziam-me que eu era bonito,
Que era parecido com o meu pai.
Ah... não! Ele parece-se com a mãe!
Eu ouvia tudo isto e era feliz.
Com o tempo vi que fui enganado
Nada era lindo, As flores murcharam
O perfume, ai o perfume... desapareceu.
Não havia sinceridade, mas hipocrisia.
Que não havia paz mas sim guerras.
Que muitos tinham voltado
Para a mesma maneira de viver
Como eu vivi, eram sem abrigo,
Sem higiene, sem nada para comer,
Sem casa para viver, sem felicidade.
Não, não quero viver num mundo assim
Deixei-me voltar para donde eu vim,
Lá, eu era feliz!

A. da fonseca


SPA autor 16430
Poeta

Poemas de desilusión :  Paraíso
Recorrí un sendero de pastizales verdes y gloriosos
Árboles llenos de vida, un cielo y un sol luminoso
Caminé por encima de tierra dorada con piedras preciosas y coloridas flores
Entre hormigas naranjas, caballos cafés, castillos y torres
Abrí puertas con candados sin llaves, con respiraciones profundas, corazón rojo y cien emociones...
Cuervo de oscuras noches, alimentándose de pan podrido y basura en botes
Volaste hacia mi sendero rojo y llenaste de sombra mi cielo y mis flores
Ángeles divinos fúnebres, lluvia nostálgica de agosto, riega mis pastizales ahora amarillos y dales fe de futuros mejores
Aunque no los haya y el silencio reine nuestro pobre campo, y las torres se derrumben como pinos sin verano, aunque la vida haya perdido vida en los atracos
Aunque la luna no brille más y el sol esté ya del otro lado...
Poeta

Poemas de desilusión :  Pueblo Fantasma
Y yo aquí, medianamente vivo,
absolutamente solo en la hora
muerta de la siesta muerta
del pueblo muerto que siquiera
despertará cuando yo muera
con tal de no dejarme esperanzar.

Sin embargo decidí vivir aquí
con estatismo de lagarto al sol
y ocasional presencia, apenas,
de alguna mata de ilusión reseca
que pase rodando con el viento
como pasan de mí las alegrías.

En las noches planeo dedicarme
a cantinero del bar abandonado
y embriagarme de fracasos nobles
con mis espíritus de amores idos.
O inaugurarme solitario crónico
y apático escritor de endechas.

Una así, por ejemplo: quién dijo
que nací para vivir acompañado.
Soy cactus del desamor; espinas
fuera y recóndito frescor, brazos
al infinito diciendo: gracias señor
por este solo y desértico lugar.

Y dormirme puteando el universo.




Safe Creative: 1601176268929
Poeta

Poemas de desilusión :  Desilusão
Tudo que me resta
é esperar o fim da festa,
o fim do dia
o fim do ano...

Tudo que me resta
é a porta aberta,
e eu sair para passear
e não mais voltar...

Tudo que me resta
é esse pedaço de vida
que ainda tenho que aguentar,
enquanto a morte não me levar.

A.J. Cardiais
17.11.2010
Poeta