Poemas :  Poesias tortas
Gosto de ler poetas
que me abrem as portas,
me mostram poesias tortas
e gritam:

Vem!
Isto é poesia também.
Aí me mostram:

Uma panela vazia,
um quadro da fome,
uma doença sem nome,
e um pobre homem
vendendo alegria.

A.J. Cardiais
22.08.2011
Poeta

Poemas :  Expondo meu drama
Quando exponho meu drama
e desnudo minha alma,
solicito ao poema
para ver se me acalma.

O cheiro da tinta da caneta,
modifica a trajetória da minha letra.
Não escolhi ser poeta,
nem sei qual foi o incidente
que me fez ser o que sou.

Não tenho uma trajetória definida:
vivo rimando minha vida,
sempre de olho na morte.
Finjo-me de forte,
para ocultar minha fraqueza.

Jogo-me na correnteza
e, com um pouco de sorte,
chego onde o poema quer me levar...
Tudo isto, sem deixa de sonhar.

A.J. Cardiais
25.01.2011
Poeta

Poemas :  O irresponsável
Apesar de brincar dizendo
que sou irresponsável,
sou responsável pra cachorro...
(pra filhos, gato, periquito, plantas...)

Apesar de viver fugindo da realidade,
ela está sempre comigo...
Mesmo eu sendo seu inimigo.

Ela diz que inimigo declarado
é melhor que amigo falso.
Amigo falso vive no seu encalço,
só para vê-lo derrotado.

Apesar dos pesares,
sempre estou "nos ares",
quando se trata de viver.
E quando a responsabilidade me chama,
dá um trabalho danado pra descer.

A.J. Cardiais
25.01.2011
Poeta

Poemas :  Vivendo e poetando
Talvez por ser poeta
eu sofra mais
do os outros mortais.
Porém uma coisa é certa:
eu vivo muito mais.

Eu vejo vida
numa gota de orvalho,
vejo vida num risco, num talho...
E quando misturam o baralho,
me seguro em algum galho.

Enquanto os outros só vivem
se estiverem participando,
eu não preciso participar.
Fico a observar
e me satisfaço poetando.

A.J. Cardiais
30.01.2011
Poeta

Poemas :  Poesia no cardápio
Fico estudando tudo que vejo...
Daí vou misturando
com o meu desejo,
e fazendo
estas construções de letras;
estas obras abertas,
estas ideias desertas,
que não sei até onde irão.

Fico nesta alimentação
de pão e poesia,
semeando pra que um dia
ela possa entrar
no cardápio da população.

A.J. Cardiais
17.05.2011
Poeta

Poemas :  Pesadelo medonho
Não posso deixar que a realidade
tome conta de mim...
Como é que vou viver assim:
com tanta responsabilidade?

Vivo a poesia de todo dia,
e não posso ficar dando atenção
a obrigações e deveres.
Primeiro os prazeres,
depois as distrações.

Nas rimas são fáceis,
mas na realidade não...
A realidade
só rima com responsabilidade,
com seriedade...

Na verdade,
a realidade é um sonho
que eu chamo
de "pesadelo medonho".

A.J. Cardiais
25.01.2011
Poeta

Poemas :  No descompasso do meu coração
Desafinado, descompassado...
Algo está errado
com meu coração.
Ele não bate mais
como um "surdão"...

Antigamente, quando ele batia,
eu ouvia e seguia
a sua marcação.
Eu o acompanhava direitinho...
Não tinha desafinação.

Agora, alguém está desafinado.
Não sei se é ele, ou se sou eu...
Mas alguém está tocando errado.
Talvez eu seja o culpado,
porque o coração é meu.

A.J. Cardiais
01.05.2011
Poeta

Poemas :  O empreendedor
Eu queria muito que o mercado da leitura
estivesse crescendo,
para aumentar a procura
pelas poesias que estamos fazendo.

Mas poesia não se vende...
A poesia não atende
aos apelos financeiros.

Quem investe em poesia
vai investir sem garantia
de ter retorno algum dia.

Eu sou um empreendedor.
Já construí inúmeras poesias.
Mas também, sou um sonhador...

E sonho que algum dia
o mercado da leitura vai crescer,
e nossas poesias irão aparecer.

A.J. Cardiais
27.04.2011
Poeta

Poemas :  Amor bandido
O amor entrou em meu coração,
através de uma canção...
Este amor bandido,
pegou-me distraído;
pegou-me à traição.

A.J. Cardiais
02.05.2011
Poeta

Poemas :  Pilha da necessidade
Deixe o poema livre...
Deixe ele correr solto
pelo vale literário...

Não crie itinerário,
forçando-o a passar
por onde você quer chegar...

Deixe o poema livre...
Deixe que ele colha
palavras à vontade.

Deixe ele saciar
a sede de liberdade.

Deixe-o falar, falar, falar...
Até esgotar
a pilha da necessidade.

A.J. Cardiais
27.04.2011
Poeta