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AGRADECIDA
Nos teus braços sou feliz. Como ninho de veludo num jacarandá florido, sinto-me segura, quente e abençoada. Nos meus tenho na lonjura do tempo alguém, que tanto amo. Mas que sem causa se afastou para muito longe. Por isso os teus são o meu refúgio, a minha ajuda para minguar esta mágoa tão sofrida. Tu sabes e tentas ajudar-me, nunca te agradecerei o bem que me fazes. Nos teus braços, tenho a fé, a confiança, a força de ultrapassar a ausência de alguém. Que anjo bom nos cruzou? Em caminhos paralelos, no impossível cruzamos as nossas vidas. É bom, é tudo no vazio do esquecimento em que me colocaram. Como notas de um piano longínquo, a melodia do carinho envolve-me e renasce-me. Se soubesses como é bom ter-te em casa, mesmo dormido no sofá, é a corrente de um rio manso, no meio de verdes prados onde me sento na sombra e sonho. Como o vento não sei donde vieste e quem te mandou. Brisa doce no inferno da desilusão, em que por vezes me afundo. Sabes!? Choro muito, mas tu não vês. Nem quero que vejas a dor imensa que me acompanha quando estou só. Sem vontade de nada, vagueio pela casa, revivo ao fim da tarde, estás a chegar e nos teus braços volto a ser feliz. Hoje a minha vida é uma espera, nem sei bem de quê, devia ser diferente, pois na etapa da minha vida em que estou, nem sei o tempo que me resta. Quero que os teus braços estejam sempre à minha espera, quero o veludo do ninho, o prado verde, o rio manso a beijar as flores selvagens que o orlam. Os teus olhos de menino, grandes e doces, que aceitam e afagam as minhas rugas, os possam sempre ter. Bênção divina, o teu sorriso, a simplicidade da tua maneira de ser, eu que nunca tive ninguém que me tocasse o coração assim, aos Ceus, agradeço o ter-te conhecido. Perfeito não eres, assim como eu, como todos. Mas és simplesmente tu, na simplicidade da verdade e da tua maneira de ser. Temos o nosso mundo, o nosso sentir, é nosso e de mais ninguém. Assim será até que Deus o queira. Porto 17 de Setembro de 2014 Carminha Nieves
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Poeta
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Queria poder colher com as minhas mãos, os sonhos e torna-los realidade. Voar até ao infinito brincar com o sol poente, embrulhar-me numa nuvem branca e pairar entre o azul do céu e o mar. Muitas coisas mais inquietam a minha alma, mas sou um farrapo sem peso, nem cor, que esvoaça ao vento, umas vezes rente ao chão, pisado de vez em quando, por distracção de alguém. Peregrinos sem destino, sem caminho, perdidos num mar de pranto, erram por lugar nenhum. Não o sabem, não o sentem, só muito tarde dão conta que foram usados, que se alegraram com momentos de falsa felicidade. Desconfiar de “amigas” que telefonam assiduamente, alguma coisa querem para seu proveito. Vender alguma coisa, pedir um favor, depois de terem o que queriam, não voltam a entrar em contacto. Tudo no fundo é por eles, abençoados somente os que por razões que não entendo, nunca sentiram que nada significaram, que tanto faz serem ricos ou pobres. São sempre queridos e amados. O que sobra do prato da comida que quando nasci Deus me deu, umas migalhas restam, penso que foi o que sempre tive e pensei que estava cheio de iguarias. Com pouco me contentei, com um nada vivi, senti-me princesa, sem castelo, tive muito carinho, sem o ter. Hoje sei que me usaram, inocência a mais é estupidez, mas pelo menos tinha um caminho, um destino muito diferente do que hoje é. Talvez em algum momento a felicidade do meu futuro tenha passado por mim, não discerni nem vi. Ele passou e nunca mais voltou. Vazio imenso, na penumbra do entardecer, choro e lamento, mas ninguém vê. Não quero, não devo mostrar como estou. Ninguém precisa de saber, quero que pensem e sintam inveja da minha alegria e boa disposição tirada a ferros sabe Deus como e ser sempre aquela que pensaram que eu era. Quem por mim vela e me aconchega, não pode sentir como vivo, não tenho esse direito. Dar felicidade a quem devo, é ainda o que posso fazer. Assim recordar-me-ão como eu desejo. A sempre jovem e alegre Carminha, que animou a toda a gente. Com pouco, seria feliz. Talvez ainda o possa ser. Talvez encontre um caminho onde possa andar com passo seguro, sem ser usada.
Porto,7 de Setembro de 2014 Carminha Nieves
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Poeta
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Quando minha nega se deita, seu corpo enfeita nosso ninho de amor.
A.J. Cardiais 24.08.2014
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Poeta
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"NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO", pois na vida não há precisão, o futuro é incerto é o que nos diz o poeta Fernando Pessoa
Este “PRECISO” tem que ser entendido no português de Portugal e como advérbio de modo.
Por isso navegar tem que SER PRECISO, não pode haver erros, pois senão não chegaremos ao destino previsto, e poderemos até morrer..
Então “NAVEGAR É PRECISO,
Já "VIVER NÃO É PRECISO”, não é exato,
MAS É PRECISO E MUITO VIVERMOS, e como não poderia deixar de ser.
Mas que todos os letrados dão uma interpretação errada, considerando o "preciso" como verbo, como se fosse um aforismo "VIVER NÃO É PRECISO", e como se Pessoa fosse dizer uma besteira dessa, mas, de qualquer forma, devido à essa conotação errada difundiu-se o poeta por aqui. Coisa de tupiniquim
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"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass – www.graal.org.br
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Poeta
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Uma musica antiga desperta os olhos e os ouvidos da saudade.
A.J. Cardiais 22.07.2014 imagem: google
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Poeta
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Cinco da tarde. Desci e fui à confeitaria buscar dois mil folhas para fazer uma sobremesa. Duas empregadas, cadeiras vazias, três pessoas para recolher um bolo de aniversário. Esplanada sem ninguém. Atravessei a rua e fui à Igreja. Vazia. Tinha subido 37 degraus, no átrio um mundo de avisos, “não há missa diária” secretaria aberta das 17 e trinta As 18 horas, Igreja aberta aos Domingos das 17 às 19 horas. Lojas bastantes todas fechadas abandonadas sem nada. Pensei, estou no meio da cidade, olhei para os prédios, onde vivo tem ar de triste, gaiola onde definhamos. Automóveis, muitos. Saí para apanhar um pouco de ar e sentir o sol, vim pior. Senti-me nada no meio de nada. Abandonada há três anos pela filha e neta, ao sabor do destino, vagabunda de sonhos desfeitos, em realidade é desolador tudo, nem sei o porquê de viver. Os cães e gatos têm onde ficar enquanto os donos estão de férias, com piscina aquecida, médico, nada lhes falta. Mas entretanto definham em hospitais Pais abandonados, já não falando dos que ficam em cidades desconhecidas sem documentação enquanto os familiares vão de férias e quando regressam não os procuram. Mas se um Pai os quer deserdar não podem. Que tempos são estes? Ao longe outra cidade comtemplo, quanta miséria esconde. Mais moral que física ou monetária. É urgente, vital para o mundo que se reponha a igualdade entre novos e velhos. A força da juventude é um dom. o cansaço da velhice uma punição. Senhores das leis, parem, pensem, modifiquem sejam honestos. Desigualdade não é só entre pobres e ricos, entre saúde e doença, entre amor e desprezo, entre aconchego e solidão. Olhem pelos que tudo fizeram e deram, sem nada ter quando fraquejam as pernas, quando curvados andam sem destino arrastando os pés cansados de andar a trabalhar para os filhos. Esses que os renegam, insultam e inventam que estão com insanidade mental. Quando é o contrário. Cada vez vai ser pior, hoje um fedelho de quinze anos bate nos Pais e avós e ficam impunes. Nem só as mãos o fazem, com palavras e silêncios bate-se muito mais e com mais dor. Como eu sem Família há milhões, como eu sem casa porque me foi usurpada também. Mas leis que nos protejam não há. Vivos mortos erramos por ruas desertas, as mesmas que de mão dada andamos com os filhos e netos em pequenos. A vida é madrasta, os filhos carcereiros da nossa liberdade alegre. Quero morrer num salão de baile cheio de luz e flores, abraçada a ti, que não existes ao som de uma valsa e elevar-me deste mundo ingrato às nuvens do paraíso. Morrer sim, mas feliz. Porto, 18 de Agosto de 2014 Carminha Nieves
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Poeta
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Casas y cosas se casan... son casuales, personas son apasionadas, pasean, posan y pasan...
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Poeta
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Mi psique tiene dos dragones. El primero es máscara flexivel. Ya el segundo es "me real" insuperable.
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Poeta
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Sinto um não sei quê, algo que esfria a pele, um desconforto imenso. Queria dormir e acordar com o corpo quente, sentir que sou alguma coisa, menos lixo. O amanhã de alguns quando o cabelo se tornar branco, o peso de tanto mal terem feito, encurvá-los-á. Olhos pregados ao chão, sem coragem param os levantar, pois o olhar de Deus lá do cimo, os condenarão. Pode acontecer que nem tenham que esperar tanto tempo, talvez o amanhã, já os curve de remorsos. Todos somos pecadores, uns sem maldade, outros por ódio. Não se pode gostar de tudo e de todos, mas é obrigatório aceitá-los. È sempre tempo de fazer uma introspecção, meditar no que fazemos e abandonar caminhos que não são mais que o nosso para o abismo sem retorno. Ser mentiroso compulsivo é uma doença, ninguém a pode curar só o próprio. Reflectir, aceitar que se ultrapassou o aceitável, emendar-se é o único que não te curvará com o peso de ti próprio. Se se consegue pedir perdão a quem se ofende, somos um pouco humanos, se assim não for somos sujidade embrulhada em altivez e desprezíveis. Vemos a nossa sombra, mas mais nada. Nem sabes quem és. E na escuridão não és nada. Por mentiras, mata-se, por mentiras desfazem-se lares, a verdade mesmo que doa dignifica, é água límpida que lava a lama da alma. Sejamos, o que somos, passageiros num mundo que não é nosso e que o deixamos de um momento, sem contarmos. Tanto magoa uma pedra polida com mentira como uma pontiaguda. A finalidade é a mesma. Magoar. Desejava tanto que as mentes retorcidas fossem simples e normais! Seriamos todos um pouco mais felizes. Tudo daria por ver um sorriso, em cada um. Não se compra, é-nos dado, em troca do nada de sermos humanos e doces. Porto, 4 de Agosto de 2014 Carminha Nieves
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Poeta
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Quero sentir sensações, sentimentos, desejos, quero amar e sentir que também sou amada, ter mãos suaves que me acariciem. Nas noites frias de inverno um corpo quente onde enroscar-me como era no tronco de uma árvore. Ouvir o toque do telefone e correr para atender e ouvir a voz doce de alguém. Quero ser um todo sem corpo, só a alma e coração por muito tempo sentir que sou mais que cinza e pó. Que os meus olhos possam ver as madrugadas, frescas e límpidas, o ocaso cor purpura e alaranjada, imaginar o fim do oceano onde o sol se esconde. Ouvir o chilrear dos pássaros, músicas inacabadas, que nos dão calma e por vezes pranto. Ter inteligência para compreender e conseguir emendar o que por ignorância faço mal. Afinal pouco me contenta, basta ter o dom de viver o meu interior, que é só meu. Atravessei pontes, subi montes, pisei terra molhada descalça, senti a natureza a renascer em cada primavera. Sempre só, entre muitos. Sempre acompanhada mas só. Critico os meus defeitos, choro por muita coisa que queria ter e não posso, talvez algumas já as tive, mas o tempo roubou-mas. Mas o firmamento é como o mar devolve tudo novamente de maneira diferente no seu aspecto. Mas no fim é o mesmo, nós é que já não somos o que fomos. Caminho perdido, em lugar nenhum, sombras de quem fez parte da minha vida e que com dor tive que me despedir para sempre. Sombras indeléveis, que vagueiam junto a mim, dos entes queridos que terminaram o seu tempo de viver. Sinto-os e gosto, uma saudade doce invade-me, somente falo com o coração e lhe digo olá. Talvez em lugar nenhum serei sombra e acompanharei a quem me amou e eu amei. Porto, 29 de Julho de 2014 Carminha Nieves
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Poeta
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