Poemas sociales :  O VERBO
O VERBO
Esfera azul, jóia imensa,
solitária Terra-Mar,
até quando irás girar?
Um verme voraz te permeia
e a febre que desencadeia
está por te devorar.

Circula nas veias do homem,
mina-lhe os campos da paz.
O verbo vil da avareza
cria esse verme voraz.

Quem poderá salvar-nos
desse mal que nos infesta?
Ah, ânsia de ter e mais ter -
febre funesta -
que apenas no homem
se manifesta!...




(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)
Poeta

Poemas sociales :  CRONICA DE UNA SERVILLETA
Esta mañana estabas en un estante,
cubierta por un paquete
blanca y pulcra en tu ramillete
lista para ser vendida en cualquier instante

Entre tantas posibilidades
justo sobre ti se posa la mano del tendero
el extraño del pantalón saca el dinero
y adiós, adiós, a probar tus habilidades

Eres una propiedad ajena a sí misma
estas sobre la mesa como muchas otras
esperas pacientemente que en un rato
contigo sean limpiadas las sobras

Has secado lágrimas recorriendo las mejillas.
las manchas de leche sobre la mesa
has servido de porta vasos
y limpiado la mucosidad de las doncellas

Manchada, sucia e inútil,
tu periodo de vida a caducado
ahora tu destino es la basura
mientras hay un gordo en la silla acomodado

Tan fiel nos has servido
tan rápido te hemos desechado
espero que con las personas no sea lo mismo
y que no se nos salga lo despiadado.

auris
2009
de "PARA TI MI COLIBRÍ"
Poeta

Poemas sociales :  30.000
Los llaman desde el fondo del silencio,
retumban sus rostros y sus manos
como tambores sin dueño.
Inseminan su fuego multitudes,
hay ausencias que acontecen
en las llamas inquietas del deseo.
¿Quiénes ocuparán tu silla, tus huellas profundas?
Te atrapan con miradas imposibles
retratos sepias en repisas pequeñas
donde atardecen las vidas incumplidas.
Hay un cielo de soledades esperando
tu palabra que no llega.
Como una herida reciente
crecen en la Memoria
los pasos cercenados de jóvenes sueños
que en punta de pié iluminaban el camino.
Otras manos aferran la tea
en las calles del mundo,
marejadas de esperanza
dejan oír sus voces indignadas .
Tienen que ver con la Justicia.
Tienen que ver con Vivir.
Tienen que ver con el Amor.
Poeta

Poemas sociales :  UM HOMEM MORRE DE FRIO
UM HOMEM MORRE DE FRIO
Nos braços de Morfeu queda a cidade.
Gélida avança a noite sob o vento
Que zune açoites, bravio.
Por leito e barricada andrajos tendo,
Num canto, ao pé de arranha-céu imenso,
Um homem morre de frio...

Agonizando, ali, talvez delire,
Vendo os pedestres últimos, em busca
Do leito morno, macio...
Talvez, sinta-se um deles, por momentos...
Um homem desses, livres das algemas
Do destino. Ah, desvario!...

Morre indigente. Já não mais lhe ocorrem
Reminiscências de melhores dias.
Não tem mais traços de brio.
Distantes sons de uma boate em festa
A custo põe-se a ouvir. Perdem-se, agora,
no seu imenso vazio...

Nem todos dormem. Ornam-se de luzes
Os altos edifícios. E eis, um carro
Pára junto ao meio-fio.
Traz de Mammon uns súditos restantes
Que, indiferentes, tiritando e rindo,
Vão-se com seu vozerio...

Ensaia erguer-se; embalde, embalde tenta...
Thanatos já, movendo as longas asas,
O envolve, terno e sombrio.
À volta, entre as paredes, que ironia:
Há tantos indivíduos que se abraçam
E tanto leito vazio!

Bem cedo hão de encontrar-lhe o corpo, inerte.
Hão de exprobrar-se, por negar-lhe auxílio,
num gesto inóquo, tardio...
Talvez, alma remida, ao sol do Além planando,
Não mais proscrita, logo exulte e louve
O Averno da crosta, frio...

“- Coitado!”... “- Oh, que infeliz!"... “- Quem era ele?"
“- Um ébrio, com certeza". “- Um andarilho."
“- Um réu, talvez, arredio"...
Descerrem seus portais, guardiões do Inferno!
Estendam o seu fogo ao mundo infrene!
Um homem morre de frio...

(Da coletânea "Estado de Espírito")

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Poeta

Poemas sociales :  Sem inspiração
Falar da epiderme das raças,
da violência nas estradas,
dos que dão contramão...

Falar da fome, da falta de pão;
do sentido obrigatório da vida,
da alma perdida,
do sem teto, do sem chão...

Falar do meu itinerário,
do meu dicionário
sem direção...

Falar do quê?
Fala não...
Você não vê?
Estou sem inspiração.

A.J. Cardiais
30.12.2009
Poeta

Poemas sociales :  El catador
Um homem pobre
caminha por um bairro nobre
à procura de algo
para sobreviver...

O rico não quer nem saber...
É do lixo que o homem tira
o que comer.

O homem pobre vasculha o lixo,
cantando uma canção
indiferente à mansão
que está em sua frente.

Para ele, este povo só serve para isto:
Jogar uma porção de coisas no lixo.
Que ele cata, e vai vender.

A.J. Cardiais
10.08.2010
Poeta

Poemas sociales :  Intervalo
Intervalo
No meio de tanta balburdia,
um momento para uma delícia...
Esqueça os carros, a policia,
o desemprego, a fome, o medo...

Esqueça, esqueça
e se aqueça
no sonho, no som...
Inale, exale, expire e suspire
que o mundo é bom.

Ruim
é quem faz ele
assim.

A.J. Cardiais
25.11.1983
imagem: google
Poeta

Poemas sociales :  Paz & harmonia
Vivemos num clima de paz,
não de harmonia...
Na verdade, vivemos
sob uma guerra fria.

E para sobreviver,
fingimos ser alegria
os risos e cantorias,
movidos a álcool,
nos finais de semana.

A paz é o cessar fogo,
a ausência de artilharia.
A harmonia é união,
fraternidade e alegria.

A paz está contida na harmonia.
A harmonia, nem sempre,
está contida na paz.

A.J. Cardiais
23.10.1993
Poeta

Poemas sociales :  Sonho de Consumo
Sonho de Consumo
A televisão me oferece
além do que eu posso ter,
mais do que o necessário.
E eu, como um otário,
entro nesse conto do vigário...

A televisão me facilita:
Começo, meio e fim...
Facilita tudo para mim!
Me interesso... Nem meço!
Entro...

Depois, não aguento...
Não suporto a cobrança.
E nessa, quem dança?
Eu!
O sonho de consumo
acabou me consumindo.

A.J. Cardiais
imagem: google
05.04.1997
Poeta

Poemas sociales :  Lados opostos
Lados opostos
A minha necessidade
é pouca
e minha felicidade
é louca...

Ela agride a Sociedade
porque, na verdade,
não seguimos a mesma direção,
nem rezamos a mesma oração.

Eles querem muito,
eu só quero o necessário...
Eles são os astutos,
eu sou o otário.

Esta é a “problemática”
que nos diferencia:
eles vivem para a matemática,
e eu vivo para a poesia.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta