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Esfera azul, jóia imensa, solitária Terra-Mar, até quando irás girar? Um verme voraz te permeia e a febre que desencadeia está por te devorar.
Circula nas veias do homem, mina-lhe os campos da paz. O verbo vil da avareza cria esse verme voraz.
Quem poderá salvar-nos desse mal que nos infesta? Ah, ânsia de ter e mais ter - febre funesta - que apenas no homem se manifesta!...
(Da coletânea "Estado de Espírito", de Sersank)
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Poeta
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Esta mañana estabas en un estante, cubierta por un paquete blanca y pulcra en tu ramillete lista para ser vendida en cualquier instante
Entre tantas posibilidades justo sobre ti se posa la mano del tendero el extraño del pantalón saca el dinero y adiós, adiós, a probar tus habilidades
Eres una propiedad ajena a sí misma estas sobre la mesa como muchas otras esperas pacientemente que en un rato contigo sean limpiadas las sobras
Has secado lágrimas recorriendo las mejillas. las manchas de leche sobre la mesa has servido de porta vasos y limpiado la mucosidad de las doncellas
Manchada, sucia e inútil, tu periodo de vida a caducado ahora tu destino es la basura mientras hay un gordo en la silla acomodado
Tan fiel nos has servido tan rápido te hemos desechado espero que con las personas no sea lo mismo y que no se nos salga lo despiadado.
auris 2009 de "PARA TI MI COLIBRÍ"
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Poeta
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Los llaman desde el fondo del silencio, retumban sus rostros y sus manos como tambores sin dueño. Inseminan su fuego multitudes, hay ausencias que acontecen en las llamas inquietas del deseo. ¿Quiénes ocuparán tu silla, tus huellas profundas? Te atrapan con miradas imposibles retratos sepias en repisas pequeñas donde atardecen las vidas incumplidas. Hay un cielo de soledades esperando tu palabra que no llega. Como una herida reciente crecen en la Memoria los pasos cercenados de jóvenes sueños que en punta de pié iluminaban el camino. Otras manos aferran la tea en las calles del mundo, marejadas de esperanza dejan oír sus voces indignadas . Tienen que ver con la Justicia. Tienen que ver con Vivir. Tienen que ver con el Amor.
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Poeta
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Nos braços de Morfeu queda a cidade. Gélida avança a noite sob o vento Que zune açoites, bravio. Por leito e barricada andrajos tendo, Num canto, ao pé de arranha-céu imenso, Um homem morre de frio...
Agonizando, ali, talvez delire, Vendo os pedestres últimos, em busca Do leito morno, macio... Talvez, sinta-se um deles, por momentos... Um homem desses, livres das algemas Do destino. Ah, desvario!...
Morre indigente. Já não mais lhe ocorrem Reminiscências de melhores dias. Não tem mais traços de brio. Distantes sons de uma boate em festa A custo põe-se a ouvir. Perdem-se, agora, no seu imenso vazio...
Nem todos dormem. Ornam-se de luzes Os altos edifícios. E eis, um carro Pára junto ao meio-fio. Traz de Mammon uns súditos restantes Que, indiferentes, tiritando e rindo, Vão-se com seu vozerio...
Ensaia erguer-se; embalde, embalde tenta... Thanatos já, movendo as longas asas, O envolve, terno e sombrio. À volta, entre as paredes, que ironia: Há tantos indivíduos que se abraçam E tanto leito vazio! Bem cedo hão de encontrar-lhe o corpo, inerte. Hão de exprobrar-se, por negar-lhe auxílio, num gesto inóquo, tardio... Talvez, alma remida, ao sol do Além planando, Não mais proscrita, logo exulte e louve O Averno da crosta, frio...
“- Coitado!”... “- Oh, que infeliz!"... “- Quem era ele?" “- Um ébrio, com certeza". “- Um andarilho." “- Um réu, talvez, arredio"... Descerrem seus portais, guardiões do Inferno! Estendam o seu fogo ao mundo infrene! Um homem morre de frio...
(Da coletânea "Estado de Espírito")
Leia mais no blog: http://sersank.blogspot.com
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Poeta
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Falar da epiderme das raças, da violência nas estradas, dos que dão contramão...
Falar da fome, da falta de pão; do sentido obrigatório da vida, da alma perdida, do sem teto, do sem chão...
Falar do meu itinerário, do meu dicionário sem direção...
Falar do quê? Fala não... Você não vê? Estou sem inspiração.
A.J. Cardiais 30.12.2009
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Poeta
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Um homem pobre caminha por um bairro nobre à procura de algo para sobreviver...
O rico não quer nem saber... É do lixo que o homem tira o que comer.
O homem pobre vasculha o lixo, cantando uma canção indiferente à mansão que está em sua frente.
Para ele, este povo só serve para isto: Jogar uma porção de coisas no lixo. Que ele cata, e vai vender.
A.J. Cardiais 10.08.2010
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Poeta
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No meio de tanta balburdia, um momento para uma delícia... Esqueça os carros, a policia, o desemprego, a fome, o medo...
Esqueça, esqueça e se aqueça no sonho, no som... Inale, exale, expire e suspire que o mundo é bom.
Ruim é quem faz ele assim.
A.J. Cardiais 25.11.1983 imagem: google
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Poeta
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Vivemos num clima de paz, não de harmonia... Na verdade, vivemos sob uma guerra fria.
E para sobreviver, fingimos ser alegria os risos e cantorias, movidos a álcool, nos finais de semana.
A paz é o cessar fogo, a ausência de artilharia. A harmonia é união, fraternidade e alegria.
A paz está contida na harmonia. A harmonia, nem sempre, está contida na paz.
A.J. Cardiais 23.10.1993
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Poeta
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A televisão me oferece além do que eu posso ter, mais do que o necessário. E eu, como um otário, entro nesse conto do vigário...
A televisão me facilita: Começo, meio e fim... Facilita tudo para mim! Me interesso... Nem meço! Entro...
Depois, não aguento... Não suporto a cobrança. E nessa, quem dança? Eu! O sonho de consumo acabou me consumindo.
A.J. Cardiais imagem: google 05.04.1997
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Poeta
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A minha necessidade é pouca e minha felicidade é louca...
Ela agride a Sociedade porque, na verdade, não seguimos a mesma direção, nem rezamos a mesma oração.
Eles querem muito, eu só quero o necessário... Eles são os astutos, eu sou o otário.
Esta é a “problemática” que nos diferencia: eles vivem para a matemática, e eu vivo para a poesia.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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