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No computador os meus apontamentos. Normal que já esteja um bocado perdida no meio de tanta papelada. Algumas coisas contei outras guardei talvez mais tarde as transcreva, e esta cabeça sempre a fervilhar com recordações antigas, outras actuais, pensamentos sobre o que se passa actualmente. Vivemos na era da cegueira. Ninguém ou só alguns pensam no futuro. Entristece-me pois previ muitas das coisas que se estão a passar. Neste País onde vivo o ambiente está feio, não há onde ir para tomar um café para ver gente! A que vejo está suja, sem gosto, animalesca, sem educação sem maneiras civilizadas mal vestidas tudo terceiro mundo. Até a iluminação parece mais fraca, as ruas sujas e rodeadas de casas novas, mas que aparentam ser velhas é deprimente! Escusado será dizer que escrevi isto no regresso a casa num dia que tinha necessidade de espairecer. Mal entrei fui logo mudar as lâmpadas, de 25w para 40w! Penso: -Vou dar uma volta, para quê? Se em casa já há tristeza, lá fora há muito mais! Portanto pergunto: que faço? Como vou ultrapassar esta fase? Se calhar nunca. As toupeiras (sabem? aqueles animais que vivem debaixo da terra) hoje vivem por cima e nós, os bem formados com princípios morais e valores ancestrais vivemos escondidos. Que mudança! É ISTO O PROGRESSO? Hoje só há antros a que chamam discotecas de droga, prostituição etc. onde a “gentinha” do jet set que aparecem em todas as revistas se vão pavonear a fazer de conta que são Senhores e Senhoras com os seus penteados elas cheias de mechas coloridas e extensões para tornar os cabelos mais compridos com os seus grandes decotes para mostrar o silicones, as saias ou calças no fundo da barriga, para quando se baixarem se ver o fio dental, eles com o cabelo como se tivessem levado uma descarga eléctrica todo de pé cheios de cores dignas de um palhaço, já nem falo nas maquilhagens e outras aberrações. De copo na mão, sempre atrás dos fotógrafos para aparecerem nas revistas. Entretanto não sabem por onde andam os filhos com quem e a fazer o quê. Onde estão os serões alegres, os convívios em família onde a juventude aprendia com os mais velhos? Que fizeste ó homem do mundo que Deus te emprestou para passares a tua vida? E do futuro que esperas? Que miséria tão grande… gentalha insignificante, onde vamos parar? Para onde vamos? Dei-me conta que estou invulgarmente desconfortável contudo o que me rodeia. Hoje levantam-se metem-se nos carros por pagar, elas todas iguais o corpo emprestado pelas clínicas de estética, eles com roupas de “marca” que é feita em qualquer sítio e sem qualidade nenhuma, todos à moda. Todos com GPS, MP3, telemóveis última geração.
E as crianças uma lástima, uma dor de alma, 5, 6, 7….todas com saias ou calças iguais aos pais, 2,3 ou 4 brincos em cada orelha e isto é que é hoje a felicidade, dos Pais. Que são, iguais ou piores, aberrações da natureza e tão convencidos com os “monstrinhos” em que tornaram os seus filhos. É um massacre total do ser humano.
O saber estar, o saber ser pessoas, com letra maiúscula, o saber educar, não existe. Se a civilização continua por este caminho pouco falta para um Mundo humano acabar são muitos anticristos para um Cristo só. Que Deus nos defenda e ajude. A luz da sabedoria terá que ser muito forte para estes pobres “cegos” verem pelo caminho que levam. Hoje, foi um dia negro, tive luz suficiente para ficar assustada, como só não posso fazer nada, recolho-me em casa e pouco olharei pela janela.
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Poeta
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Portanto, resumindo, nasci no tempo errado, vivi na vida errada, sou um erro completo! Mas é muito engraçado, sabem, a sensação que se tem de ter a certeza do que as pessoas estão a pensar? É como estar num grande salão de baile e dançar sozinha sem esforço. Por isso gosto da vida, das rugas que a idade faz, dos pequenos impedimentos que não nos deixam subir às árvores, saltar, correr, fazer gestos que pensamos já se não podem fazer porque os outros não aceitam…mas espírito alegre! É o mais importante pois podemos acompanhar os mais jovens em tudo! Mesmo que chova tem que haver sol dentro de nós. Peço a Deus que nunca mo tire. Feliz por fora, infeliz por dentro. E como se diz a cara é o espelho da alma, portanto tento sempre ter a luz interior reflectida nos meus olhos, um pouco cansados ou até húmidos, mas aos que me rodeiam dar-lhes a certeza de que sou feliz. Um dia quero que me recordem com lágrimas junto com sorrisos. Lágrimas de saudade; sorriso de amor e carinho. Só isso. Somente assim estarei presente até ao fim, sem ser amarga nem cinzenta. Quero que a minha recordação, para os outros, seja leve e que os conselhos e a minha maneira de ser tenham o condão de os ajudar a ultrapassar os momentos menos bons que aparecem durante a vida. Principalmente às minhas sucessoras. Se pudesse-se só o óptimo, o melhor lhes daria. Espero ainda andar por cá muito tempo para ir limando as arestas do dia-a-dia.
Não sei porquê, mas em Novembro ao cair da folha, como se fosse uma árvore fico despida, sem folhagem; desamparada ao vento agreste da rotina diária. Tudo custa, falta paciência, sensível, triste e a cada folha que cai sobe a revolta, incapacidade de ter coragem para ser dura, magoar os outros para me curar a mim mesma. Tudo dói, sem vislumbrar melhores dias, sou obrigada a aguentar dia-a-dia a minha vida. Terei sido uma criança inocente e só agora é que percebo melhor? Fazendo uma introspecção cheguei à conclusão que tinha que escrever qualquer coisa para aliviar a tristeza do que perdi. E como sincera que sou, também vou transcrever o meu adeus a quem tanto me ajudou.
Partis-te sem dizer adeus, até porque não signifiquei nada na tua vida e nem de mim te lembraste. Ou porque a infernal doença te ocupou o espírito e o pensamento. Ou talvez não mo quisesses dizer, sei lá?! Pode ter sido por tanta coisa…Mas Deus, na Sua sabedoria, e sabendo tudo de mim agraciou-me com um sonho que eu tanto ansiava. Vi-te. Andavas e vinhas na minha direcção. Falei contigo. Foi tão real que durante muito tempo o vou rever a toda a hora. Não sei onde estás, o que há para além da morte, mas se por acaso sentires os meus sentimentos, agora já sabes. Amei-te muito com serenidade, com ternura para todo o sempre. Tu como muitos, mesmo tentando não conseguem sentir o que é o amor, a amizade ou a ternura. É o querer bem, é o querer dar, é o querer amar, sem pressão e sem exigir. Acatei tudo da tua parte mas tenho muita mágoa de não te ter dito o quanto te queria, o quanto era diferente o meu sentimento. Vives comigo para sempre, que Deus te dê a glória eterna, mereces. E obrigada pelos momentos felizes que me deste. Se pecaste, que sejas perdoado, e continuo a querer sonhar contigo e sentir o ternurento abraço como o do sonho. Foi muito bom. Obrigado meu Deus! Não te digo adeus, faço como se estivesses em viagem e um dia regresses. A vida e a morte mandam em nós, não avisam quando uma termina e a outra chega. Não consegui ser forte o suficiente e dizer-te em vida tudo o que devia ter sido dito. Perdoa-me e até sempre.
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Poeta
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Se tivesse dinheiro montava uma sala confortável, (só assim é que sei viver) para quem quisesse conversar, contar coisas das suas vidas,. Com o coração aberto e a mente, milhões de pessoas precisam. Levantar os pés do chão e elevarmos como às vezes, mas poucos, consigo em sonhos é tão bom….com um pequeno impulso voar, andar por cima das árvores, dos fios da electricidade, é uma leveza, uma sensação tão boa que nem consigo transcrevê-la, não tenho peso, vejo as pessoas a olharem para mim, em baixo, não é descritível; só espero que pelo menos uma vez toda a gente tenha este sonho. Conto isto, e podem dizer, é maluca! Mas que me importa isso, aconteceu, é verdade, porque não perdemos a vergonha e abrimos o nosso interior? Somos como crianças, no infantário, o que aprendemos foram os mais velhos que ensinaram, mas, quem nos ensina a nós, só pode ser Deus e quem é Deus? Quase que O vi, mas como sempre não foi completo fui acompanhada por alguém em sonhos, era uma escadaria muito alta, comecei a subir vinha uma luz muito intensa do cimo, subi e subi…. até que as escadas acabaram, quem me acompanhava nunca falou, e no último patamar havia uma porta, sabia que atrás dessa porta estava Deus, muito calma e leve esperei que se abrisse, e quando isso aconteceu a Luz era tão intensa, tão branca tão intensa, não vi nada mas senti que ele estava lá. Se alguém um dia ler os meus pensamentos, nem por segundos duvidem da verdade que testemunho por escrito, se quisesse inventar tinha capacidade 100% para o fazer Muito escreveria mas, o tempo fechado no relógio inventado pelo homem, implacável na contagem não dá margem para transcrever toda uma vida. Vou continuar, ao fim de muito tempo, a divagar agora sobre os meus pensamentos. Mais tarde voltarei a transcrever episódios da minha vida. Começo por fazer umas perguntas e explanar a minha maneira de sentir, e pergunto: Porque não dizemos que há ligações de amizade fortíssimas que duram toda a vida sem ofender ninguém? Tudo tem um porquê. Se estamos fora de casa e temos fome, vamos a um café ou restaurante; se estamos em casa e não temos amor ou carinho, inconscientemente vamos procurá-lo fora. Quem de todos vós em pensamento não o fez? O amar com carinho, o querer bem sem pedir nada em troca é belíssimo; é a única bagagem que levamos para o fim da nossa viagem e que nunca nos abandona pela vida fora. Só termina quando nós terminamos, mas mesmo assim, o que ficar continua esse elo de ternura enquanto viver. E mesmo sem procurar no subconsciente, no coração ou na consciência, o sentimento lá estará, em momentos tristes, solitários. É o bálsamo para podermos continuar a sorrir. É difícil relatar a complexidade da vida. Já pensei: Deus criou o Adão e a Eva, tiveram dois filhos, um morreu e como é possível haver tanta gente? Portanto o nosso mundo foi feito para ser uma colónia penal para onde Deus nos mandou expiar os nossos pecados e culpas. Ou então outros seres mais inteligentes, de outra galáxia fizeram um campo de prisioneiros com os “fora-da-lei” e no meio deles vieram os simples e os humildes, que com a capacidade de sentir sentimentos foram transmitindo ao longo dos tempos os valores de bondade, verdade, carinho, solidariedade e do amor ao próximo. Resumindo, o Adão e a Eva não me convencem. Seja como for, neste pensamento sem nexo quero louvar a filha e a neta que choram comigo e por mim, que me acompanham segundo a segundo. São as testemunhas do que passei. Quero agradecer as gargalhadas límpidas da neta, a defesa da filha quando me atacam verbalmente, quando negam factos e tentam chamar-me mentirosa. Senti-me sempre caminhante na estrada da vida muito só, a única companhia foi a sombra refrescante de saber que alguém em pensamento me acompanhava. . Hoje, graças a Deus, a estrada tornou-se mais fresca, mais alegre com paisagens belíssimas. Devo este bem-estar ao meu Anjo da Guarda e às minhas companheiras, que Deus fez o favor de as fazer parecidas comigo; além de que vivem junto de mim. Sei que se alguém aprofundar o que escrevo vai concerteza pensar que sou egoísta, mas não é verdade. Pelo contrário, vivo para os outros, embora muitos não o mereçam. Mas não faz mal, mais tarde ou mais cedo, vão sentir o quanto injustos foram. Portanto, a vida continua e só queria ter o condão de tirar as dores físicas dos doentes; Deus podia retirar do dicionário celestial a palavra dor. Principalmente a física. Para a dor do sofrimento psíquico há sempre alguém para ajudar, inclusive nós próprios. Não me recordo muito bem o que narrei. Também não é importante. Só pouca sas pessoas que vão ler e tenho a certeza que em alguma parte vão parar, porque alguma feliz recordação aparece. De tudo que existe do passado, nada ganha teias de aranha. Eu costumo chamar ao meu cérebro quarto de arrumos, podem crer, está sempre organizado; penso que até estantes tem e catalogadas! Por isso, a criança que tão inquieta fui, continua lá. É muito bom. Creio que um psicólogo ficava louco se falasse comigo em profundidade! Aliás, falo às vezes com quem o é só me perguntam porquê? E eu, simples dona de casa e cozinheira a tempo inteiro explico-lhes. É muito engraçado.
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Salvo do naufrágio, Agora ando exilado em mim. Buscando o que não perdi, Encontrando o que nem sei.
Respiro uma vida, enquanto aspiro outra; Dividido entre elas, não inspiro nenhuma. Mantido só pela razão, Temo e não arrisco nada.
Crio fórmulas sem formas, Componho músicas sem letras. Ao medir-me, constato limites, Reconheço que pouco me conheço.
Também não entendo o que se passa, Tampouco, em tudo consinto. Resta-me a esperança que ainda tenho em Ti, Resta-me o conforto que ainda vem de Ti.
por Magno Ribeiro em 20/9/2009 às 5:00h
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Estou tão perdida! não sei o que fazer, para onde ir quero pensar e não consigo, quando o faço, lembro-me da minha idade e fico sem forças para continuar, nada posso fazer, que pena não ter sido antes quando o coração dos outros estavam abertos aos meus sentimentos,agora é tarde,só um milagre me traria o que sempre ansiei na vida,lagrimas brotam dos meus olhos,coração apertado,raiva por ver a minha pele a sentir a idade,nada me resta não consigo aceitar não ter nada a que me agarrar,nem mesmo futuro,tenho palavras de carinho,afecto,mas não posso senti-las,sei que acabei como mulher,sou a recordação de uma mulher muito bonita e meiga, nada mais e quando me dizem que o sou hoje é uma facada em mim própia,sangra o coração e a alma, para onde vou? que fazer? que me resta? nada de nada.O destino implacável anulou-me,um dia partirei sem ter vindo.Amo a vida, amo o sol, amo poder correr,saltar,amar, mas numa esquina está o aviso de que não tenho direito a ser mulher,porque ninguem me quer.Tão triste,tão triste, tão infeliz, que estou sem rumo,sem esperança,sem lugar,para ter paz.Tanto amei sem terminar de o fazer em pleno só por momentos,partiste,sem um adeus fiquei sem ti,nunca mais tive vontade de querer alguem,hoje que o quero fazer já não posso. Deus ajuda-me tem caridade,preciso de amar e ser amada,dá-me o que te peço,por favor o caração nada tem a ver com a idade ou aparência,tanto para dar e ninguem para receber.Se não tivesse nascido teria sido muito melhor,sei no fundo que estou a pagar o mal que fiz a alguem que tanto me amou e foi a unica vez que não disse a verdade,tambem não menti, omiti simplesmente.Boémia sem o ser,perdida nas ruas do pensamento, sou farrapo,sou tristeza, sou NADA!O solnão me aquece,o sorriso dói, mãos vazias.Esperança perdida, sem rumo, para onde vou? Que fazer?Que pensar? NÃO SEI NEM DEUS O SABE,porque se esqueceu de mim. Bastou um momento para a ultima esperança morrer,por vezes com o entusiasmo de que gostam de nós e que somos felizes,morre a alegria.Aconteceu, FOI ONTEM? só sei que hoje nada tenho.Só um carinho e os desejos de te ter podido amar por mais um tempo e entregar-me com todo o amor que senti. Que tudo de bom te seja dado,não te culpo,mesmo que tenhas brincado com os meus sentimentos,tens omeu obrigado,mesmo a brincar comigo,fizeste-me feliz.
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Na minha vida tão atribulada, tive um grande amigo!!! Se tive! Salvou-me de morrer afogada, 1ª vez na Foz, 2ª na quinta nesse dia assustei-me. O tanque era enorme, fechado e tive que descer umas escadas em ferro, quando pousei os pés no chão escorregadio, pensei que nunca mais conseguiria sair debaixo da água, mas Ele estava lá e ajudou-me. Da 1ª foi na Foz como o meu Pai me levava nos ombros, nesse dia resolvi ir ter com ele (tinha 2 ou 3 anos, só me lembro de me agarrar à areia e que o mar me levava, que aflição que passei! Foi a empregada que me retirou. Mais tarde já com idade para saber ou ter juízo, vou a Espinho, deixo a Mamã no café com as amigas e resolvo ir dar um passeio pela praia e claro está, não satisfeita, vou pelo paredão que entra pelo mar dentro e que da fúria do mar estava todo partido, aqueles blocos de cimento, cheios de verde escorregadio. E claro caí com tanta sorte que fiquei presa nas fendas. Levantei-me como pude, o vestido que era branco ficou verde! Nem consigo descrever a cara da Mamã quando me viu! Pelo relato que faço de pequenas passagens da minha vida, sou uma aguarela sem cor. Nunca me senti culpada só dou graças a Deus, por ter poupado os Pais. Nunca souberam de nada.
Tive um Tio chamado António, vivia no Brasil, tinha bigode e tomava muitos cafés. Um dia veio visitar-nos e ficou uns dias connosco. Ao fim de 4 ou 5 dias (eu era muito, muito curiosa ainda sou) andava sempre atrás dele, achava graça à maneira como falava e das histórias que contava. Como estavam sempre a ralhar comigo e a bater-me, um dia estando sentado na galeria chamou-me, deu-me uma medalha pequenina, azul, parecia que a imagem da Virgem se movia quando lhe tocava-mos; --disse-me:”anda sempre com ela, precisas de protecção”és muito magra e os teus ossinhos sofrem. Honestamente nunca senti dor. De certeza que a mão do meu Amigo é que aguentava. Portanto sou um desassossego para os outros e para mim. Se calhar foi o leite da minha ama, já que não fui amamentada com o da minha Mãe, ainda por cima levei uma transfusão com sangue de um carteiro, de certeza foi alguma destas coisas que me fez ficar diferente, é que não encontro parecenças com ninguém da família, ---irmã parada, só de vez em quando dá umas voltas tipo valsa, ---irmão calmo até dizer basta! --- Mãe faladora sempre pronta para sair, ---Pai, calmo, sereno e pensador. Eu? Nem deitada consigo parar se estou acordada a minha cabeça é pior que um Ferrari da fórmula 1. Desde pequena que me chamavam olhos de cobra não havia maneira de fechá-los para dormir quando estava ao colo da ama. Os pensamentos reais que tenho passado à escrita conforme sou sem pensar muito se estão bem escritos, serão concerteza parecidos com os de outras pessoas. Sempre me preocupei muito com os outros. E verdade. Ás vezes não tenho muita paciência para estar ao telefone a ouvir desabafos. Tantas confissões, nunca ninguém ficará a saber, morrem comigo. Sou feliz porque contribui com o silêncio para que hoje quando olho essas pessoas as veja felizes. Não digo AGRADECIDAS, porque jamais comentei fosse com quem fosse as suas confidências. Pelo contrário fiz o maior esforço para as compreender e não acusá-las. No entanto, comigo é ao contrário confidências e desabafos só a Deus, o pouco que disse sem rancor e sem maldade só serviu para me ferirem. Problema deles (as), terão a paga, podem crer a consciência é muito poderosa, mais tarde ou mais cedo o remorso vem – e eu não quero tê-lo. Quantos telefonemas tive de pessoas tenho que se sentem sós, dou conta que hoje há uma solidão envolvente na faixa etária que se acentua a partir dos 60 anos, impressionante, não vivem sós, mas, sentem-se…
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No tempo tudo fica, no tempo tudo se esquece e é normal, porque a fronteira que sempre impus a mim mesma do respeito pelos outros impediu-me de ser hoje uma pessoa feliz. Abençoado seja quem mesmo que por instantes, me alegrou a alma e me fez sonhar. Gostaria muito de voltar atrás. Impossível. Peço a Deus que antes de terminar o tempo da minha passagem pela terra me dê a alegria de poder sentir que sou um ser humano, de falar de sentimentos, de amor e se possível de mão dada ao pôr-do-sol. Oh Deus, tenho consciência de que não fui cem por cento boa, pura no sentido de palavras, de não ter dado a amizade que algumas pessoas deviam ter. Talvez tivesse intercalado bons e maus pensamentos. Mas será tão grande o crime para ter prisão perpétua? E assim se perde a oportunidade da felicidade. Não choro da dor física, que tive bastante e grande desde muito nova, isso já passou, choro porque ninguém quis o carinho que tanto desejei dar. Gostava de ter experimentado ser amada suavemente, de estar com alguém em que o seu olhar falasse como o meu numa comunhão de sentimentos, de ter sido a nuvem que passa por cima da montanha sem ela sentir, de ser o nascer do sol calmo, belo e sereno, e que no meu companheiro, nos seus olhos eu visse tudo isto reflectido. Aos meus pais eu perdoo a falta do seu amor, à vida que não me quis, a alguém que não me viu, a outros que me enganaram…a mim não perdoo. Sei que tive força e tenho para ter feito e fazer melhor. Há muito que não escrevia e para quem pensa relatar as suas memórias está mal escrito. Oh, mas hoje mais triste e cansada, desiludida e sem a tal esperança que sempre tive tornei a pegar na caneta. Infelizmente hoje estou pior do que quando comecei a escrever. Todo o amargo, o quase ódio que sentia como ferida aberta na carne fechou, mas só por fora. Mas entretanto vou escrevendo sem ordem temporal que preencheu os dias que vivi. Tenho saudades de mim; graças a Deus que os meus pais nunca souberam os perigos que corri, na quinta fiz tudo. Desde andar pelos telhados até quase afogar-me num tanque que era tapado e tinha que descer por uma escada escorregadia. Trepava às árvores, enfim, era selvagem mas feliz, com os meus cães e gatos. Fazíamos caçadas às ratazanas. Abria a porta do galinheiro e soltava tudo que lá estava! Cortei erva com a foice, se me apanhava a mão ficava sem ela! Nunca fiz nada certo. Faltou sempre qualquer coisa.
Na festa de gala para angariar fundos para o instituto de oncologia, além do trabalho que tive na decoração e responsabilidade: fui a Vigo comprar um vestido comprido, era branco e tinha uma ramagem do lado direito. Resolvi levar um forro com receio que fosse translúcido e que ao passar pelas luzes que havia à volta, rentes ao chão, me vissem as pernas! Quando um cantor muito conhecido estava a actuar tive que ir chamar o director do instituto para ir ao telefone. Atravessei o enorme salão (2000 pessoas) e tive que fazer o mesmo na pista de dança. Quando estava no meio, senti qualquer coisa a escorregar por mim abaixo – era o forro! Parei, baixei-me, esperei, recolhi-o e continuei. Dei o recado ao doutor e voltei para a mesa com o forro embrulhado debaixo do braço, calada até o cantor terminar. Depois contei a aventura à mesa e foi gargalhada geral...não havia necessidade! Como fazíamos passagem de modelos e vestíamos as misses nos concursos de beleza, tinha que fechar a boutique e levar alguma coisa que faltasse. Era sempre a última a ir. Chovia torrencialmente nesse dia. Claro, estava com o cabelo super arranjado, super bem vestida. Meto-me no carro, ando 50 metros e este começa a perder energia e pára. Como estava muito perto da estação de serviço (era pegada à boutique) saí do carro e fui pedir ajuda. Era a bateria que estava com humidade. Resultado, a minha elegância, o meu penteado levaram um banho...quando cheguei ao local do desfile, era como se tivesse saído da banheira! No ano em que o meu cunhado se formou em medicina, houve um baile de gala. Levei um vestido branco, como a Sissi (princesa austríaca) o penteado muito parecido e era o meu 1º baile de vestido comprido! Tinha 15 anos! Os rapazes todos de smoking, as senhoras muito elegantes brilhavam de tantas jóias. O meu Pai imponente, a minha Mãe muito elegante, assim como os meus irmãos e os pais do meu cunhado. Era tudo uma maravilha, Aquele salão enorme, com tanta gente, não é que me aparece um rapaz, pelos vistos riquíssimo, mas tipo michelin que não me largou a noite toda? Resultado, não dancei com ninguém, como era conhecido da família do meu cunhado, ficava mal se fosse dançar com outro. Havia tantos por onde escolher! E assim ficou a Sissi sentada não no trono, mas, numa cadeira a noite toda!....e sem príncipe. Pela Páscoa quando era pequena, davam-me sempre um vestido novo. Este era de tafetá aos quadrados, com muita roda e tinha renda de guipour à volta do decote. Atravesso a rua para ir à minha amiga e companheira das brincadeiras, mostrá-lo. Ao sair do portão zás rasguei a saia de cima abaixo. A tia da minha amiga era costureira e arranjou-o pelo menos para não apanhar uma sova no dia de Páscoa. Num sábado vão-me buscar ao colégio para comprar uns sapatos. Feliz! Segunda-feira a vaidade assim obriga, ponho-os. Eram de camurça, pretos e tinham uma tira por cima do pé…Meio-dia um estava aberto até aos dedos. Como pode? As freiras, penso que com pena, mandaram-no ao sapateiro para que fizesse os possíveis, pelo menos que durassem um mês.
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Del pasado al porvenir vamos como de paso vivimos en el presente nuestros dioses son humanos.
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Devia recordar o passado longínquo envolto em neblina ou simplesmente não me lembrar, mas consigo ver-me pequenina numa cama de criança com grades de madeira, de estar deitada a ouvir o médico no andar inferior a entrar para me ver, do meu pai a fazer sombras chinesas na parede do lado esquerdo da minha cama, de ser rechonchuda, de ter barriga, de ter deixado cair uma moeda e vê-la rolar para debaixo do rodapé que era tão baixo quanto eu, de ter adesivos nas janelas cruzados, do guarda-nocturno a bater à porta para apagarem as luzes e ver focos de luz a varrer o céu. Do meu pai estar no hospital, num a chegar para me ver. Quando o meu Pai foi internado num quarto em que a cama ficava à esquerda da porta beige como o resto dos moveis e das madeiras da janela em frente, de olhar e vê-lo deitado, tinha uma cicatriz que não fechava e estava a ser tratado, ir para casa de eléctrico, do cheiro da palhinha dos assentos, do som da campainha que o condutor accionava como pé, da alavanca preta sempre segura não mão, do fio preto que as pessoas puxavam para o eléctrico parar. Todos os cantos da casa, móveis, de tudo me lembro. De ter sido vacinada deitada de barriga para baixo numa cadeira e levar a vacina na coxa, no colo da minha ama, do mordomo, da cozinha, das empregadas, do meu irmão mais velho quatro anos com as calças à golfe beges e o blusão de fecho eclair. Da minha irmã vestida igual a mim, da escola que ela frequentava, da praia, de andar aos ombros do meu pai… como num filme, calma e feliz passei seis anos da minha vida. Como foi bom! Era tudo tão suave para mim, penso que teria três anos. Quando chegava a casa subia as escadas e ia meter numa gaveta a roupa com que tinha saído. Ia sozinha ao quarto de banho e um dia, já noite, cai dentro da sanita e fiquei com os pés pendurados do lado de fora, assim como a cabeça. Não me assustava quando o meu pai tinha hemorragias nasais e a minha mãe lhe punha um molhe de chaves na parte de trás do pescoço porque dizia ela que fazia parar a hemorragia. De madrugada, saíamos para ir a Espanha, a casa do meu avô. O papá ficava do lado de cá. Nessa altura não compreendia o porquê. E as duas, eu e a minha mãe, íamos de táxi até …. Lembro-me de ter chegado uma vez e o meu primo vir ao fundo das escadas com uma lâmpada, que hoje sei que é querosene, visto que não havia luz, a partir das 22horas. Ainda hoje sinto o cheiro! Sei que foram tempos tristes em Espanha, mas só depois de começar a entender. O meu primo levava-me ao colo até ao primeiro andar, fazia uma festa à minha mãe e lembro-me de ver o meu avô na cama, que era alta. E hoje tenho orgulho de lhe ter arranjado as almofadas; sei que eram brancas com lençóis com grandes rendas. Hoje posso dizer que conheci o meu avô. Talvez estivesse doente, mas o sorriso de ternura que me deu não esqueço. Na casa do meu avô havia uma varanda e a minha prima Merceditas, tinha os pratinhos de brincar com um ovo frito….adorava-os! Havia também um quintal e um poço para tirar água. E uma tarde, que andava pelo quintal, na varanda estava a minha mãe, as minhas tias e penso que a avó, vestida de preto, e claro, a rirem-se de mim. Penso que por causa de uma galinha. Muitas coisas me lembro mais.
Sessenta e cinco anos passados. Sinto que não vivi, que não tive capacidade para aproveitar a dádiva da via. Culpa minha ou não. A partir dos seis anos começou a época de descobrir que embora o céu fosse azul, e da galeria da minha casa visse o mar, que tudo era calmo, a casa não era a mesma. O sítio era outro e tudo se modificou. Tínhamos mudado da Foz para uma quinta lindíssima com um palacete imponente, com jardins, um cavalo com o respectivo carro, um galinheiro enorme, e tanta coisa mais. Senti-me uma exploradora, tudo vi. Em tudo mexi e remexi. Sachei, reguei, tirei leite das vacas, cacei principalmente ratazanas, subi às árvores, arranjei um monte de gatos, uma cadelinha chamada Coimbra e tudo o que podia experimentar fazia. Hoje sei que me criei sozinha: selvagem e feliz. Nunca fui aceite pela minha mãe nem pela minha irmã. O porquê jamais o saberei e nem quero saber, não vale a pena. Aos oito anos fui para o colégio. O meu pai estacionou ao portão e disse: “entra e vai”, e eu fui!? Atravessei o pátio com dois livros debaixo do braço, sem saber nem conhecer ninguém. Tive sorte porque a telefonista me conhecia. Vivia perto da quinta. Veio ter comigo e perguntou-me: “a menina, que está aqui a fazer?”; a minha resposta”o meu pai disse para eu entrar”; e ela perguntou” e o pai onde está?” – “já foi embora”. Pegou-me na mão, levou-me junto da superiora que já sabia que eu ia e assim começou o período escolar. Na quinta lindíssima, no palacete imponente o ambiente era triste. Só discussões entre os meus pais, coisas horríveis que eu ouvia, desarmonia constante. Então pedi ao meu pai para ficar interna. E assim foi. Que belos tempos entre risos e choros, sentia-me tão bem…! Era a minha família. Tinha uma alegria muito grande dentro de mim e auto-defesa para não pensar no que me entristecia. Fiz de tudo, era um vendaval, mas sem querer. Era a vida dentro de mim que era maior do que eu! Amiga de toda a gente, sempre fiel às companheiras. Quando me deixavam aquele pacotes enormes do bolacha, de manteiga, os pastéis, as cerejas…era para todas. Hoje toda se lembram de mim, e bem! A irmã má que tive obrigou o meu pai a tirar-me do colégio. Precisava de companhia para andar com o namorado, e assim me tirou o futuro.
Mas mesmo assim fui em frente, à procura. Hoje sei que carinho e ternura, em certa medida, encontrei porque tenho uma filha. Mas o amor, o amante, a mão amiga que acaricia, que junta com a minha passeia apertada na praia ao pôr do sol…nunca, nuca encontrei. É certo, casei. Mas foi só isso. Agora é tarde, não vivi porque para viver não basta sermos bonitos, jovens, ricos com esperança de que as coisas podem melhorar. Aquela criança, menina e mulher nunca foi feliz. Tanto tinha para dar. Como gostaria de saber escrever e passar para o papel tudo que aqui falta dizer. Não posso! Porque mesmo tendo sido tão esquecida e rebaixada, respeito a ignorância de quem nasceu vazio por dentro, como o pai da minha filha. Custa muito envelhecer, dizem. Isso nunca me afectou. Olho pouco para o espelho, e por dentro sou criança - jovem e mulher, sou a mesma. Quando me deito ainda sonho, como não me lembro de o ter feito com dezoito anos. Dentro de mim há muita mágoa, muita tristeza. Mas não sei porque, sinto-me cheia de esperança enganosa, que um dia vou sentir que sou amada com muita ternura. Serei normal? Serei igual às outras pessoas? Será, que como disse um médico espanhol, tenho a sensibilidade fora do normal, a capacidade mental de sentir nos outros aquilo que eles mesmos não sentem?
Hoje, noutra casa, não é o palacete da minha juventude, mas uma bonita casa, somos cinco. Além da filha, da neta, do genro, de mim tenho o homem com quem casei que tenho que aceitar. O meu pensamento e eu própria não pisamos firmes o chão. Ando sempre a vagar num limbo que não consigo explicar com saudades de alguém que me fez feliz, que conseguiu por pouco tempo, é certo, dar-me a sensação de não estar a mais, de ser importante, respeitada…oh! Foi tão bom! Hoje gostaria ao menos de ouvir a sua voz. Tenho a certeza que a seiva da vida me inundaria, que abrandaria a dor do meu coração tão dorido. Onde estás? Onde andas? Talvez nem se lembre de mim…
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En estas palabras de despedida te pido, Me escuches por favor. Sé que fallé, los errores los cometí por amor Te quise envolver en mis sentimientos Sin darme cuenta que te ahogaba, Y hoy que no tengo nada de ti Todo es tristeza a mi alrededor. . Que triste es no tener un beso de bienvenida ni siquiera de despedida Hoy todo es hastío, es mañana sin amanecer. Es sol sin calor, es querer amar... y no tener a quien. Hoy, solo existen palabras de reproches, de ofensas. Certeras dagas que laceran mi corazón y mi alma dagas que cortan lo hermoso que hubo entre los dos. Y hoy la luz de tus ojos, alumbran un solo camino. En el no hay lugar para mi y como piedra de ese camino; detrás de ti quede
Y te alejas... mientras yo me rindo. Abandono esta inútil lucha, que nada bien me hace. ¿Qué adonde iré? Quizás a los pies del arco iris donde un día pensamos construir nuestro hogar Allí donde el cielo estrellado adorna el jardín y la fuente. Allí donde un rayo de luna, trazó un sendero para los dos. Allí donde el aroma de amapolas y de jazmín... me huelan a ti.
Y me sentaré en la orilla de la fuente que nos vio reír, que nos vio llorar y besarnos, Donde tantas veces nos ilusionamos con un mañana mejor. Y los pececillos de colores vendrán a mí para esconder mi llanto y ocultarán mis lágrimas con el brillo de su piel... y no estarás tú... Y mi casa se llamará... soledad.
f.n.h.a.
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