|
|
|
Tentando fazer uma poesia,
rimei versos à revelia.
Não pensei que esse mar
de palavras, quisesse falar...
Tracei um poema belo
(mas nem um tantinho sério),
pensando que com ele
eu fosse “decolar”...
Minha falta de personalidade
não imprimiu
nenhuma sinceridade.
Então descobri que fazer poesia,
não é só rimar
à revelia.
A.J. Cardiais
28.04.2011
|
Poeta
|
|
|
|
Esta dor em mim
vem num tom ruim.
Vem numa nota de dó
suspirado. Dói um bocado.
É uma dor sem gemido:
é um dó sustenido,
um dó comovido,
um dó espiritual.
A minha dor não é mortal,
nem é carnal...
É bem pior.
A minha dor é a dor
de quem sente dó.
É bem isso: dor de uma nota só.
A.J. Cardiais
13.09.2010
|
Poeta
|
|
|
|
Gosto de escrever com amor,
com vontade.
Não quero a vaidade
possuindo meu sentimento.
Gosto de escrever
como quem toca um instrumento:
sentindo todo prazer
em soltar as notas musicais.
De nada me adianta
saber demais,
e perder meu paladar.
Eu quero é deitar e rolar...
Quero habitar na poesia,
sem os acabamentos finais.
A.J. Cardiais
09.10.2011
|
Poeta
|
|
|
|
Juntar política mais religião,
chama-se poder total.
Uma domina pelo "bem",
outra domina pelo "mal".
Quando a política
não pode "dominar",
chama a religião
para ajudar.
Uma prega a Autoridade,
a outra prega a Verdade:
somos frutos do pecado.
Ê povinho abençoado...
Para alcançar a felicidade,
tem que viver "acorrentado".
A.J. Cardiais
04.07.2011
|
Poeta
|
|
|
|
Penso coisas,
solto versos.
Às vezes diretos,
às vezes complexos.
Quando estou vazio,
faço um poema imbecil,
que deixa a alma do vate
presa em algum combate.
Penso coisa,
traço versos
e lanço...
Quem tem medo de balanço
não serve pra navegar,
porque o mar é imenso
e o tempo pode mudar.
A.J. Cardiais
14.01.2016
|
Poeta
|
|
|
|
Eu queria algo romântico:
um poema de amor,
uma cartinha ridícula,
como bem disse Fernando*
Eu queria estar amando
e comendo na mão do meu amor,
sem nenhuma preocupação
de rimar amor e dor.
Se o amor estiver doendo,
mas eu estiver gostando,
tudo acabará rimando.
Sem a preocupação da rima,
ou de ser uma obra prima,
o amor é sempre pra cima.
*Fernando Pessoa
A.J. Cardiais
03.01.2016
|
Poeta
|
|
|
|
Uma metáfora forçada,
não embeleza nada...
Muito pelo contrário:
dificulta a absorção.
Deixe a metáfora pousar
sobre a criação,
e se encaixar
sem nenhum empurrão.
Uma metáfora frágil
não é muito ágil
dentro de uma ideia.
E quem força uma rima,
não aprende, não ensina,
nem diverte a plateia.
A.J. Cardiais
20.12.2015
|
Poeta
|
|
|
|
Sou uma pessoa feliz,
apesar dos contratempos
e das situações negativas
que batem em minha porta.
As pessoas se enganam
pensando que felicidade
é morar na cidade,
ou possuir bens materiais.
A felicidade é uma coisa interna,
e pode estar numa caverna,
no campo... Em qualquer lugar.
Felicidade é não ter que “procurar”
o que traz felicidade...
É deixá-la externar.
A.J. Cardiais
17.10.2015
|
Poeta
|
|
|
|
Enveredo pela madrugada fria
polindo versos e palavras,
livrando de normas escravas
uma singela poesia.
Sento-me para escreve,
(e nisso meu café esfria)
procurando me conter
na singeleza dessa poesia.
Enquanto a madrugada corre,
disputando com a noite vazia,
o sono que eu sentia, morre...
Insônia não rima com poesia,
porém o seu final acaba em “ia”.
Então um soneto me socorre.
A.J. Cardiais
02.06.2015
|
Poeta
|
|
|
|
Choro...
Mas minhas lágrimas
estão ácidas,
ardem meus olhos.
Estas lágrimas ácidas,
talvez sejam o resultado
de gritos aprisionados,
de estouros reprimidos.
Choro,
tentando apagar
esta sensação ruim...
Mas minhas lágrimas são lavas,
e saem queimando tudo,
dentro de mim...
A.J. Cardiais
23.10.2015
|
Poeta
|
|
