Poemas :  Dor e reflexão
A dor que nos vem,
e que achamos que é do nada,
às vezes é do além.
Então temos que seguir
a nossa estrada,
vivendo o agora e o outrora.
Porque haverá uma hora
em que tudo nos será cobrado.

Nesse caminho enlameado
da vida, tudo rima...
Tudo está entrelaçado:
o passado não passa,
fica ao lado...

Cobrando sua falta de atenção,
sua falta de educação
e de sentimento...
Toda dor espera um momento
de reflexão.

A.J. Cardiais
13.07.2007
Poeta

Poemas :  Tentando consertar minha vida
Estou tentando consertar
a minha vida...
Mas para alguns erros,
não existem consertos.

Fui negligente com o tempo.
Não observei os sinais.
Segui apenas o instinto: viver!
Então vivi, e nada mais.

Vivi, vivi, vivi...
Agora estou aqui,
procurando os velhos sinais.
O tempo é bom,
mas não volta... Jamais!

Não adianta alguém tentar
voltar atrás...
Tudo será apenas um recomeço.
O que foi, foi... Não volta mais.

A.J. Cardiais
31.07.2004
Poeta

Poemas :  Manual da ignorância
Ignorar é não saber...
Então procuro ignorar
tudo que não vai me melhorar,
ou me dar algum prazer.

Ignoro quem me ignora,
ignoro a ignorância,
ignoro a ganância,
ignoro o exibicionista,
ignoro o machista
e a feminista
(tem que ser meio termo),
ignoro quem usa terno,
ignoro o inferno,
o político ladrão,
o homem "valentão"...

Ignoro a "esperteza",
a safadeza
e quem agride a natureza.
Ignoro, ignoro, ignoro...
O que não ignoro,
com toda certeza,
eu devoro.

A.J. Cardiais
07.10.2016
Poeta

Poemas :  Vivendo e morrendo de amor
Todos querem
que eu fale de amor...
Mas eu não sei falar.

Eu só sei sentir,
eu só sei viver
e depois morrer
de amor.

A.J. Cardiais
10.07.2011
Poeta

Sonetos :  Necessidade de aventuras
Turbilhões de ideias
brilham dentro de mim...
Não posso dizer que são poemas.
Não posso dizer nada.

Uma palavra disparada,
arrebenta o elo da inspiração,
e quer transformar a ideia
numa canção...

Um plano...
Meu reino por um plano!
Ninguém entende essas loucuras.

Deixe-me em paz, imaginação.
Ideias vêm e vão,
pois necessito de aventuras.

A.J. Cardiais
17.10.2016
Poeta

Poemas :  Poesia é sentimento
Poesia é um sentimento,
que o poeta não sabe o momento
em que vai aflorar.
Pode ser um luar,
pode ser um "pé de vento"...

Dizem que a poesia é o belo...
Mas quem bate o martelo,
e faz esse julgamento?
Quem pode afirmar o que é belo?
Beleza tem classificação?

Alguém pode ter outra opinião.
Eu posso ver beleza,
na imagem de uma favela.
Porém, quem mora nela,
só deve ver tristeza.

Eu posso ver beleza,
em um monte de lixo...
Mas quem vive pior do que bicho,
no mais alto grau de pobreza,
não vê nada poético
e vai chamar-me de cético.

Poesia é um sentimento,
dentro da "filosofia"
de cada elemento.

A.J. Cardiais
28.01.2017
Poeta

Sonetos :  Fofoca ou desabafo
Jogo tanto “poema” fora,
por me recusar a escrever
sobre tudo que me aflora,
como se fosse um dever.

Por que o povo tem que viver,
tudo que me acontece
e que me apetece?
Onde está o saber?

Isto é só um desabafo.
Aí, quem lê diz: ah, isso eu faço.
E começa a desabafar...

O poeta que se toca
e não gosta de fofoca,
guarda-se no seu poetar.

A.J. Cardiais
03.08.2016
Poeta

Poemas :  Sem ingrediente
Abraço este momento,
à espera de um vento
de inspiração...

Para meu azar,
vem um "ventão"
e sopra a inspiração
pra outro lugar...

Desesperado,
procuro rimar
aleatoriamente...

Mas o poema sente
cheiro de falcatrua,
então fica "na sua",
deixando-me sem ingrediente.

A.J. Cardiais
16.09.2017
Poeta

Poemas :  Ponto final
Para ser final,
tem que ter o sinal
de fim.
Um final com reticências,
não diz as consequências...

Para encerrar uma fase,
não pode existir o quase.
Uma frase, uma fase, uma foice...
E foi-se!
Cortou-se o cordão umbilical,
extirpando todo mal.

Para um final de amor,
não existe nenhum doutor
que receite um ponto final...

O final só estará no fim,
quando você disser assim:
Pronto, acabou!

A.J. Cardiais
28.01,2017
Poeta

Poemas :  Eu não me fiz
Eu não "me fiz poeta",
e não me acho poeta.
Mesmo porque, não sei
qual a diferença.

O que é ser poeta?
Lunático, romântico, sonhador,
tecedor de palavras,
atirador de versos,
guerrilheiro de ideias,
ou alguém que sabe
manipular as palavras em versos?

Eu, que sempre fui como sou,
não sei dizer o inverso.
Sempre amei, comi, bebi, sofri...
Andei por lugares desconhecidos,
sem para quedas
e sem guarda chuvas...*
(Jorge Luiz Borges não fez nada disso)

Sempre procurei saciar
todas as minhas sedes.
Agora estou aqui me perguntando:
isto é ser poeta?

A.J. Cardiais
imagem: google

* Jorge Luiz Borges
Em: Instantes - Doces Palavras
Poeta