Sonetos :  Caco de Vidro
Gosto do poema selvagem;
do que arranha a imagem
e irrompe das entranhas
gritando para as montanhas:

Hei de chegar bem alto!
Gosto de poema do asfalto;
de poema andarilho,
que foge do trilho...

Gosto do poema quase rústico;
do não arquitetado,
do não planejado...

Gosto do poema caco de vidro
que, além de cortar,
ao sol consegue brilhar.

A.J. Cardiais
16.08.2016
Poeta

Sonetos :  Dominus tecum
O que há de vir, virá.
Como a noite vem escura,
como esta moldura
que acabo de exibir...

Como o elixir
que serve pra loucura,
como a candura
de um poderoso sorrir...

Tudo de bom
há de vir,
se você deixar.

Tem tudo de bom no ar...
Mas tem também
tudo de pior que há.

A.J. Cardiais
28.02.2010
Poeta

Sonetos :  O calcanhar de Aquiles
Ter sucesso é encontrar
o “calcanhar de Aquiles”...
Esse calcanhar é o amor.
O amor de qualquer forma:

O amor fora da norma,
o amor cheio de dor,
o que não se conforma,
o que não se dá valor...

O que não se explica,
o que dizem ser “amor de pica”...
Enfim, o amor vario.

É o amor que dá a emoção.
Quando ele entra no coração,
é um “puta que pariu”.

A.J. Cardiais
08.07.2016
Poeta

Sonetos :  Deslumbramento & angustia
Às vezes fico deslumbrado
vendo o sol se pondo.
Outras eu fico angustiado,
sem saber o porquê.

Às vezes a tarde é para mim,
como se fosse o fim:
o fim dessa vida estranha,
que tanto afaga como arranha,

Ou o fim de uma alegria
e o começo de uma agonia,
sem razão de ser.

Às vezes a tarde
me deixa covarde,
querendo morrer.

A.J. Cardiais
15.03.2016
Poeta

Sonetos :  Alfinetando
Nada a declarar...
Em minha vida,
eu só sei rimar,
viver e sonhar.

Me matar de trabalhar
pra que,
se quando eu morrer
nada vou levar?

O que eu aprender,
irá me acompanhar
aonde eu for...

E em qualquer lugar
quem tem saber
sabe se dar valor.

A.J. Cardiais
23.08.2011
Poeta

Sonetos :  Incensório
Uma musica me leva às origens
de não sei quando...
É um lamento da mãe África.
É um agouro, um banzo.

O que sinto, não sei dizer.
É uma dor, traduzida em prazer.
Sou um masoquista. Penso...
Rimo com o prazer do incenso.

No mundo das lamentações,
a musica me causa
desconhecidas emoções.

E o perfume do incenso
traz um prazer imenso
provocando reflexões.

A.J. Cardiais
24.07.2016
Poeta

Sonetos :  As coisas possíveis
Numa parede é possível conter
uma obra de arte...
Uma parede quando parte,
deixa cair montículos de rimas.

Paredes: obras primas
do pedreiro,
que ganha dinheiro
construindo casas.

Uma parede ganha asas
sob o olhar do poeta,
que vê além da estética...

Mas o poeta é um louco,
que vê num reboco
uma imagem poética.

A.J. Cardiais
24.07.2016
Poeta

Sonetos :  Soneto Mortal
Não procuro a morte,
nem corro dela.
Desfilo nesta passarela
apostando na sorte.

Viver é procurar ficar
sempre de bem com a sorte.
Independe de ser forte,
pra morte não visitar.

Também precisa se lembrar
que pra morte não há diferença:
ela não olha pra crença,

nem posição social.
A morte é sempre mortal
e trata todos por igual.

A.J. Cardiais
08.08.2011
Poeta

Sonetos :  Fora do Normal
O poeta pinta seu horizonte
com palavras brilhantes,
mesmo que defronte
esteja reinando um temporal.

O poeta não é carnal...
É um espírito dos sonhos,
que vive lutando
com pesadelos medonhos.

Às vezes o pesadelo nem é real...
É só sua luta
do bem contra o mal.

O poeta na verdade,
vive numa realidade
fora do normal.

A.J. Cardiais
09.07.2016
Poeta

Sonetos :  QUANDO O AMOR ESTÁ MORIBUNDO
Vagueio na noite, numa noite de inverno
Naquelas velhas ruas dos amores proibidos.
Como lobo solitário que passeia no inferno
Que procura no pecado seus amores perdidos.

Amores proibidos que tanto nos fazem sofrer,
Onde o Paraíso não existe mas sim sofrimento
Quero deixar esse deserto mas como fazer?
É a morte que cai e eu caio no esquecimento.

Para viver assim prefiro ter o gosto de morrer
Porque as carambolas da vida deixam mossas
Que não têm cura pois que ferem o coração.

O amor é uma doença, raro é uma conclusão;
Nem só com palavras doces se pode amar.,
Quando o amor está moribundo não há solução


A. da fonseca
Poeta