Sonetos :  Luz pequena
O poeta vê o poema
nos pés sujos de barro,
na poeira do carro
ou nos olhos da morena.

O poeta é uma luz pequena,
como a de um vaga-lume.
Mas, como é de costume,
quer iluminar uma arena.

Leva sua vida acenando
para algo impossível.
E assim vai rimando.

O poeta é um ser incrível:
quando está poetando,
se acha inatingível.

A.J. Cardiais
09/02/2013
Poeta

Sonetos :  Vestido de pericia
Vestido de pericia
Yo que sé cosas, pero nada digo,
mientras sufra de la ofuscación tanto.
Ese indigno desdén que ahora enligo
a nadie le converso este quebranto.

Anteriormente nunca fui contigo,
y cuando lo hice, me asombré de espanto
porque tu amor es para mí castigo;
pecho adentro el veneno ése atraganto.

Tienes la espina en tu ser escondida;
un atento manjar de la impostura.
El que lo acepte, perderá cordura.

Pero a mí tu vileza no me daña,
llevo puesto el vestido de la vida.
Un blasón de pericia me acompaña.

Julio Medina
14 de septiembre del 2016
Poeta

Sonetos :  Soneto dolorido
Eu não queria falar de dor...
Mas como não falar,
se é o que me acontece agora,
e que me devora?

Tento ocultar esta fase,
enrolando a ideia com gaze...
E me penitencio
fazendo silêncio.

Mas a dor é mais forte
e faz no silêncio um corte,
de onde jorra um soneto...

É um soneto dolorido,
que escorre do meu peito,
e deixa o povo comovido.

A.J. Cardiais
03.08.2016
Poeta

Sonetos :  Fofoca ou desabafo
Jogo tanto “poema” fora,
por me recusar a escrever
sobre tudo que me aflora
como se fosse um dever.

Por que o povo tem que viver,
tudo que me acontece
e que me apetece?
Onde está o saber?

Isto é só um desabafo!
Aí quem lê diz: ah, isso eu faço.
E começa a desabafar...

O poeta que se toca
e não gosta de fofoca,
guarda-se no seu poetar.

A.J. Cardiais
03.08.2016
Poeta

Sonetos :  Poem for consumption
My poems are lost.
In the life of the internet
They're looking for a way out.
not to only be consumed..

Today everything's consumption.
And man is the consumer.
Why I don't get used to it:.
I'm more conservative.

I don't know just how to discard.
something still suits me fine..
I'm more(inclined)to conserve.

And this business of give and takes,.
something's got to be ....
otherwise it's the life story of jazz..

A.J. Cardiais
Tradução: Yeli - Angel Marquez Acevedo
http://www.latinopoemas.com/modules/yogurt/index.php?uid=2499
Poeta

Sonetos :  Inspiração e respiração
Não coloco hora no poema,
porque hora não é problema
para quem gosta de poetar.
Então só procuro datar.

A data serve para mostrar
a evolução (ou não) do poeta,
e também que a inspiração
não segue uma linha reta.

Os altos e baixos nas criações,
deve-se a várias razões.
É como o pulsar do coração:

Hora sim, hora não...
Algumas vezes me inspiro.
Outras vezes, respiro.

A.J. Cardiais
03.08.2016
Poeta

Sonetos :  No couro
Às vezes, de madrugada,
a realidade me mete medo...
Me assusta um bocado.
Então fujo pro mundo dos sonhos.

Eu não faço segredo
de que sonho até acordado...
Sonhar me mantém vivo.
É minha forma de resistir...

Acho que foi por isso
que cheguei até aqui:
62 anos no couro.

Não digo 62, na alma também,
porque minha alma não diz
a idade que tem.

A.J. Cardiais
31.08.2016
Poeta

Sonetos :  Objetos descartáveis
Tudo hoje tem um prazo
de durabilidade.
Tudo tem “necessidade”
de ser descartado.

Não adianta ter cuidado
para não quebrar,
porque por algum motivo
você terá que trocar.

Tudo vem programado
para não durar,
e ficar ultrapassado.

Compare o computador,
compare o celular...
Logo perdem o valor.

A.J. Cardiais
21/11/2012
Poeta

Sonetos :  A bondade de Deus
Deus não se vinga
de quem blasfema.
Deus não é poema
para ser declamado.

Deus quer ficar guardado
dentro do nosso coração
e, no momento adequado,
sair para ajudar um irmão.

Deus não tem preconceito.
Ele quer ver o respeito
reinando entre os seres.

De todos os “deveres”,
amar a Deus é o mais perfeito,
porque iguala os prazeres.

A.J. Cardiais
01/10/2012
Poeta

Sonetos :  Caco de Vidro
Gosto do poema selvagem;
do que arranha a imagem
e irrompe das entranhas
gritando para as montanhas:

Hei de chegar bem alto!
Gosto de poema do asfalto;
de poema andarilho,
que foge do trilho...

Gosto do poema quase rústico;
do não arquitetado,
do não planejado...

Gosto do poema caco de vidro
que, além de cortar,
ao sol consegue brilhar.

A.J. Cardiais
16.08.2016
Poeta