Sonetos :  Desaconselhável
Não tenho solução para o mundo...
Aliás, não tenho nem conselho.
A vida é um eterno estudo,
a vida é um espelho.

Mire-se nas montanhas,
e veja a ganância
penetrando suas entranhas,
por pura ignorância.

Vivem à procura do ouro,
e destruindo nosso tesouro:
destruindo nossa vida.

O que é nossa vida,
sem a natureza?
Reparem que toda beleza

está sendo consumida
pela avareza.

A.J. Cardiais
22.10.2016
Poeta

Sonetos :  As coisas possíveis
Numa parede é possível conter
uma obra de arte...
Uma parede quando parte,
deixa cair montículos de rimas.

Paredes: obras primas
do pedreiro,
que ganha dinheiro
construindo casas.

Uma parede ganha asas
sob o olhar do poeta,
que vê além da estética...

Mas o poeta é um louco,
que vê num reboco
uma imagem poética.

A.J. Cardiais
24.07.2016
Poeta

Sonetos :  De mar adentro
De mar adentro
Alzarse vi a la arena en estampida
con el arribo oculto hasta la orilla
de una sirena asaz entristecida;
lágrimas le mojaban la mejilla.

Ella de mar adentro salió herida,
su angustia era pésima pesadilla;
con feroz torbellino arremetida
cuando irrumpía agua por la escotilla.

¡Y nereida derramó ruego al viento
quedando en este enredo el mar asido,
por olas ejerciendo cumplimiento!

Del remolino fue el desliz salido
de lo profundo en forma tan violenta;
perdiendo la liberación que ostenta.

Julio Medina
17 de octubre del 2016
Poeta

Sonetos :  QUANDO O AMOR ESTÁ MORIBUNDO
Vagueio na noite, uma noite de inverno,
Naquelas velhas ruas dos amores proibidos
Como lobo solitário que passeia no inferno,
Que procura no pecado seus amores perdidos.

Amores proibidos que tanto nos fazem sofrer.
Onde o Paraíso não existe mas sim sofrimento.
Quero deixar esse deserto mas como fazer?
É a morte que cai e eu caio no esquecimento.

Para viver assim prefiro ter o gosto de morrer
Porque as carambolas da vida deixam mossas
Que não têm cura, pois que ferem o coração.

O amor é uma doença, raro é uma conclusão.
Nem só com palavras doces se pode amar,
Quando o amor está moribundo não há solução


A. da fonseca
Poeta

Sonetos :  Causa poética
A madrugada me seduz...
Fico como uma mariposa:
rondando a luz,
em busca de alguma coisa.

Pode ser um par de rima.
Uma embaixo outra em cima
deixa meu soneto rimado,
mas nem um pouco "alinhado".

Soneto alinhado tem métrica,
rima dentro do padrão
e, às vezes, nenhuma emoção.

Em nome da causa poética,
navego numa poesia eclética
dirigida pela intuição.

A.J. Cardiais
07.10.2016
Poeta

Sonetos :  Realidade Corrosiva
Quando não tenho
com o que sonhar,
a realidade comparece
e começa a me questionar...

Mostra-me alguns fatos
que eu ouso distorcer.
A desculpa para estes atos
é o medo de sofrer.

O que não posso solucionar,
boto pra escanteio
e começo a sonhar...

Quando a realidade entra no meio,
começa um tiroteio
tentando me derrotar.

A.J. Cardiais
26.10.2016
Poeta

Sonetos :  Além do olhar
A poesia me faz enxergar
muito além do nosso olhar.
Quem só enxerga o que vê,
não conseguirá entender.

Quem só enxerga a razão,
não sentirá emoção
ao ver alguma coisa
que não tem explicação.

Às vezes a poesia é direta,
quando o poeta tem uma meta
e não está para brincadeira.

Quem não tem alma de poeta,
diz que poesia não presta
e que é tudo uma besteira.

A.J. Cardiais
03.10.2016
Poeta

Sonetos :  Vida e morte
Escorrego da saudade,
do tempo de vagabundo,
quando eu corria o mundo
em busca de felicidade.

A sensação que me invade,
é que não perdi meu tempo
buscando enriquecimento
no seio da simplicidade.

Hoje um prazer me devora,
quando olho para o passado:
eu vivi um bocado...

E ainda insisto em viver!
Mas, chegando minha hora,
estou preparado pra morrer.

A.J. Cardiais
07.10.2016
Poeta

Sonetos :  GAIVOTA QUE VOAS BAIXINHO
Gaivota que voas baixinho em voo de asas serenas
Vem visitar o meu ninho,vem colmatar minhas penas.
Sobre a minha cama verás meu corpo sofrer,
É um corpo que te ama e tem ânsia de viver.

Sonhei que te via voar airosa como uma gaivota
Não te conseguindo agarrar, para mim era derrota.
As tuas penas de cetim quando voavas baixinho
As senti na minha mão que eu fechei de mansinho.

Ao te colocar na almofada meus lábios provocas-te.
Sonhando com o teu corpo não o consegui afagar
Inerte não te pude beijar e para longe voas-te.

Não sei se foi pesadelo mas o meu coração te ama
Não sei se tu também no meu sonho me acompanhaste
Pela manhã quando acordei estavas na minha cama.

A. da fonseca
Poeta

Sonetos :  Emoção desordenada
O poeta vê poesia
onde parece não haver:
nos olhos de uma mulher,
no desabrochar do dia;

Numa palavrinha qualquer,
num lugar sem alegria;
Na pobreza, na beleza,
numa rima despencada...

O poeta vê tudo e nada.
Com sua imaginação
imaculada,

Faz uma dissertação
(às vezes desordenada)
da sua emoção.

A.J. Cardiais
16/03/2013
Poeta