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Seis horas... Ave Maria. Enquanto o céu se modifica para receber a noite:
Uma flor se fecha um coração perdoa uma pessoa reza um sino dobra uma criança chora um pai chega em casa um cheiro de café invade o ar...
As luzes se acendem as mentes se apagam o silêncio é geral...
Alguém ama alguém, alguém pensa em alguém, o tempo vai... A vida volta... São sete horas. A.J. Cardiais 22.11.1982
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Poeta
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Chego em casa com a sensação do dever cumprido. Materialmente, tudo em paz...
Toda a grana recebida já foi desfolhada... E o que restou? Nada.
A minha distração agora, será a poesia.
Entrego-me poeticamente a desnudar palavras e ideias.
A.J. Cardiais 01.12.1990
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Poeta
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Deixarei que este poema se vá... Talvez ele volte mais tarde, quem sabe? Talvez ele volte crescido, evoluído...
Talvez ele volte o mesmo, sem mudar um acento, ou talvez ele volte pior...
Mas por hora, o que me importa agora é que ele se vá...
Este não será o meu primeiro aborto.
A.J. Cardiais
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Poeta
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Muito reclamei por ter que levantar à noite para escrever; por ter que ruminar ideias remoer palavras, estruturar versos...
Sempre o mesmo movimento: deita, levanta, escreve... Pensa, repensa, rabisca... Isso não vai dar em nada! Grita minha razão, desesperada.
Um dia foi-se: cortaram o cabo, o elo, a inspiração... Ficou só preocupação.
Hoje ela voltou, iluminando minhas noites... Ah, quanta emoção!
A.J. Cardiais
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Poeta
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Chega a mim, fumaça e cheiro de poesia. Não quero desagregar o dia nem culpar os instantes.
O dia esta fadado a estes assuntos segunda, depois da festa. Tudo me envolve ou me absorve.
Tudo rima tudo ensina tudo acena...
É uma pena só poder registrá-lo com palavras.
A.J. Cardiais 25.06.1990 imagem: google
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Poeta
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Quero citar teu nome num poema. Quero ouvir tua voz. Quero deixar desabrochar em mim algo que espero que exista entre nós:
Um acordo, um pacto, um entretenimento de amor. Dissertando palavras fáceis, fui ao mundo...
Subi em sílabas etc. Curvei bugalhos, olhares equidistantes... Os holofotes em mim, talvez te indiquem o caminho.
Estou tão sozinho amor, que as frases me atropelam volúveis. Mudo, quieto, espinho... O teu nome em mim é pátria. Citá-lo-ei breve, num poema.
A.J. Cardiais 17.01.1990
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Poeta
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Todos olhares e risos me são fúteis, depois dos teus. A demagogia pode fazer parte de mim, mas a poesia também.
E em ti ter, e te ver poeticamente, jamais escolherei a real... Da poética sou um súdito. Da real sou um homem.
Não que eu queira sonhos, utopias e fantasias. Eu quero é a Poesia. A Poesia que é você, real, em se tratando de ELA ser mulher.
A mulher que é você (poesia) em se tratando de VOCÊ, poesia ser.
A.J. Cardiais 17.01.1990
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Poeta
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A vida me mostra um relógio... Luto contra o tempo. O tempo é longo mas, com espaços curtos e rápidos. E eu já perdi muitos espaços...
Agora tenho a pressa do ponteiro de segundos. Perdi a calma do ponteiro das horas.
E agora? Os ponteiros não giram ao contrário!
Perdi o meu tempo em segundos, confiando na calmaria das horas.
A.J. Cardiais 25.04.1989
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Poeta
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Gostaria de ter um amor livre como as nuvens. Enquanto amar: ser lento e maravilhoso, assim na terra, como no céu.
Quando “desamar”: ser simples ao se dissipar. Sem vestígios, sem sombras e sem... Nuvens.
A.J. Cardiais imagem: google
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Poeta
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Não escrevo quando quero. Também não sento e espero que o poema venha...
Procuro. Provoco. Invoco.
Feito fogo, procurando lenha.
A.J. Cardiais
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Poeta
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