Poemas :  Desatando os nós
Eu escrevo muito bem. Ah como escrevo...
Desenho letras em alto relevo
para a loucura da paranoia desvairada.

Que loucura! Estou aqui,
no auge da minha imaginação.
Imagine só: de fato, só um violão
e a voz daquela cantante,
cantando em dó,
para o poema sair.

Não, nem tente sorrir...
É só por uma música bonita
nesta letra besta, que talvez te agrade
e faça você cantar feito um louco.

Talvez você também seja um louco,
e só está procurando uma razão
para “uivar” para o mundo...
Eu, só estou tentando
desatar os nós.

A.J. Cardiais
19.03.2009
Poeta

Poemas :  O poeta e os sonhos
Para que serve o poeta,
enquanto está em fermentação?
Sua poesia não vale um pão.
Seu poema não para a escravidão,
e sua dor é só sua,
não da multidão.

O poeta rabisca o caderno,
cisca no inferno,
queima pés e pestanas,
queima a última grana
apostando em um sonho...

Ah pesadelo medonho...
Quem quer poesia?
Quem quer a ousadia
de quem vive um sonho?

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas sociales :  Desacelerando a vida
Precisamos desacelerar a vida.
Precisamos curar a ferida
que causamos,
no meio ambiente.

Desacelerem... Descerrem
as cortinas do passado
e vejam como éramos mais felizes,
antes de tanta poluição.

Precisamos enfrentar a vida
no mano a mano, no tete a tete.
E não armados até os dentes,
com tanta tecnologia.

Tem coisas que são trocadas
por pura mania,
nunca como única opção.

A.J. Cardiais
02.04.2009
Poeta

Poemas :  Concentração e devoção
Os meus poemas são
energias concentradas
e acumuladas,
de momentos diversos
e sentimentos devocionais.

Saem da concentração
de palavras,
e vão para os corações
carentes de emoções.

Os meus poemas são minha fé,
minhas orações,
meus olhos e meus pulmões,
vibrando por alguma coisa.

A.J. Cardiais
30.07.2018
Poeta

Poemas :  Reparação
Quando as pessoas
se olharem como gente,
não haverá o diferente.

Liberdade é ser
o que quiser:
homem, mulher...

Discriminação
é não respeitar,
e dar opinião
procurando mudar.

Religião deveria ser
algo para "religar",
e não para separar.

A.J. Cardiais
11.01.2017
Poeta

Poemas :  Metáforas - 2
Aprendi metáforas com meu pai.
Ele só bebia café forte.
E o nosso, por ser fraco,
ele chamava de "mijo de barata".
Até hoje eu só bebo "mijo de barata".

Ser poeta é isto:
Observar as nuances da vida,
e infecta-las com metáforas.

A.J. Cardiais
05.05.2017
Poeta

Poemas :  O desejo
Talvez,
a partir do desejo,
possa nascer o amor...

Mas é preciso
que haja algo mais
entre o casal.

Se ficar limitado
somente à parte carnal,
o desejo, depois de saciado,
vira ponto final.

A.J. Cardiais
02.02.2011
Poeta

Poemas :  O equilibrador de palavras
Não sei "destrinchar" um poema
como os teóricos fazem.

Também não sei "montar"
um poema,
como eles montam.

Eu só sei equilibrar
pedras sobre palavras
e palavras sobre sentimentos,

Formando uma falsa alvenaria
que eu ouso dizer
que é poesia.

A.J. Cardiais
23.07.2011
Poeta

Poemas :  Ideal de felicidade
O ideal de felicidade invade os lares
pela tela da TV.
É lá que você quer estar...
É lá que você quer se ver...

Tudo que aparece na tela,
você tem que comprar...
A sua vida vira uma novela.
O seu mundo é o dos personagens...
Você não vive in loco,
você vive por imagens.

Imagina-se morando naquela mansão,
imagina-se vivendo aquela emoção
imagina-se sendo, ou namorando
com aquele mulherão,
imagina-se com o corpo "saradão"...

E sua vida deixa de ser realidade,
vira ficção.

A.J. Cardiais
26.12.2009
Poeta

Poemas :  Poeta - o clandestino
O poeta pede carona às palavras
para seguir sua estrada...
O poeta é um clandestino,
neste país chamado vida.

Seus argumentos
não valem de nada,
pois seu futuro
é uma onda passada.

O que faz o poeta aqui,
no meio dessa podridão?
Será ele um espião?

O poeta observa as nuvens,
enquanto a multidão
observa o cifrão...

Será que ele conversa com Deus?
Será que está pedindo perdão?
Ninguém sabe... Nem ele!

A.J. Cardiais
Poeta