Poemas :  O poeta e os sonhos
O poeta e os sonhos
Para que serve o poeta,
enquanto está em fermentação?
Sua poesia não vale um pão,
seu poema não para a escravidão
e sua dor é só sua,
não da multidão.

O poeta rabisca no caderno,
cisca no inferno...
Queima pés e pestanas.
Queima a última grana
apostando num sonho...

Ah pesadelo medonho...
Quem quer poesia?
Quem crê na ousadia
de quem vive de sonho?

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Sonetos :  Poema sem poesia
Poema sem poesia
Estou num vazio...
Não é do mar,
nem é do rio...
Sou rima somente.

Vou nadando
contra a corrente
e mergulhando
no vazio...

Sou o cio
do silêncio.
Sou a palavra no cio.

Sou o que foi escrito
e agora “está frito”,
porque a poesia partiu.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Poemas de reflexíon :  Segredos da vida
Segredos da vida
Fico escrevendo coisas
(talvez sem importância)
para ir levando a vida
até a “última instância”.

Com a mente distraída,
(mas levando tudo à sério)
tento descobrir o mistério
até a hora da minha partida.

A vida não é brinquedo.
Mas se não levá-la brincando
você acabará apanhando.

A vida guarda um segredo,
que só lá “do outro lado”
é que tudo será revelado.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Convocando a alcateia
A lua me irradia...
Ela não está pedindo
que eu lhe faça poesia.

Ela está pedindo
para eu soltar meu lobo
e sair uivando para ela.

Hoje ela está amarela,
e quer plateia.

A lua convoca a alcateia
para ficar uivando
à sua passagem.

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas de amor :  Amo-te por inteiro
Amo-te por inteiro
Amo-te por inteiro:
Dos pés aos cabelos,
por dentro e por fora.
Amo-te a toda hora.

Dormindo ou desperta,
vestida ou descoberta
o teu corpo para mim
é festa.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Minha vida teatral
Minha vida teatral
Minha vida é uma arte.
Invento um amor,
invento uma dor,
para sobreviver
ou para sofrer.

Minha vida é uma arte.
Ela está em qualquer parte,
em qualquer flor,
em qualquer lugar:

Nos olhos de uma menina,
nos lábios, no andar,
no vestir, no calçar...
Eu qualquer lugar:

Numa feira, num curtume,
num bordel, num curral
cheirando estrume...
Vaqueiros aboiando,
gados ruminando...
Mas eu não estou lá.

Estou aqui, cá, no meu lar,
vivendo tudo isso,
numa parabólica natural...

Este é o meu bem,
este é o meu mal,
esta é minha vida teatral.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas de amor :  Corpinho de flor
Corpinho de flor
Amei...
Ela, com aquele corpinho de flor,
despetalou-se em meus braços,
perfumou-me de amor
e saiu enigmática...

Hoje espero seu desabrochar
num sonho qualquer,
num cálice ou, preferencialmente,
numa manhã ensolarada.

A.J. Cardiais
07.01.1990
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Poeta

Poemas :  Sensações poéticas
Sensações poéticas
Tudo em mim fervilha poesia.
Tudo em mim centelha poesia:
É o vento que me açoita ou acaricia,
a luz da noite, a luz do dia,
os sons da urbe et orbi.

Tudo em mim cheira poesia:
Roupas nos varais,
Ave Maria,
galos, noites e quintais... (Belchior)

E se for falar onde está a poesia,
eu varo noite, varo dia
e talvez não mostre nada...
Mas sempre existe sua luz
em cada estrada.

A.J. Cardiais
27.12.1996
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Poeta

Poemas :  Poeta Viciado
Poeta Viciado
Deixo-me tomar pela poesia,
sem preocupar-me com o terreno
em que estou pisando.
As palavras vão me levando
e os versos me embriagando...

Tomo uma dose de fantasia
para criar coragem
e continuar escrevendo.

Vocês não estão vendo,
mas estou completamente “chapado”.
A poesia está aqui ao meu lado,
me incentivando...

Se alguma coisa der errado,
não culpem este poeta, coitado.
Eu só estou escrevendo
para ficar “viajando”...
Sou um poeta viciado.

AJ Cardiais

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Poeta

Poemas de reflexíon :  Minha solidão
Minha solidão não quer compartilhar
de companhias vazias,
só para encher o lugar...

Minha solidão se incomoda
quando está numa roda vazia.
Ela sempre tem companhia:

Está com a imaginação,
está com a poesia,
está com meus “invisíveis”,
está com coisas impossíveis
de qualquer um entender...

Minha solidão, quando vem me ver,
vem para conversar comigo...
Quem tem uma solidão compreensiva,
não se sujeita a “amizade” nociva.

A.J. Cardiais
Poeta