Poemas :  No vento da literatura
No vento da literatura
Gosto quando a poesia
chega de surpresa...
Pode não ter beleza,
mas que tenha amor.

Como se saída de uma flor,
para enfeitar a vida,
vai bailando distraída
sem nenhum temor.

Gosto da poesia,
como um beijo roubado.
Como um beijo estalado
numa face dura,
para aliviar a dor
de toda amargura.

Gosto da poesia pura,
da poesia sentimento;
Da que navega no vento
da literatura.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas de reflexíon :  Vida, estranha vida
Vida, estranha vida
Queria “desenhar” a vida.
Mas a vida não se desenha.
Cada um traça sua lida
conforme a dívida que tenha.

Uns tentam escalar a montanha.
Outros imaginam a subida.
Um teme a “bola dividida”.
Outro é “na dividida” que ganha.

Uns procuram uma saída.
Outros procuram uma façanha.
Uns levam uma vida divertida.
Outros levam uma vida tacanha...

Não existe fórmula definida
para enfrentar esta vida estranha.

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

Sonetos :  Rimando devagar
Rimando devagar
Existo em meus poemas.
As minhas rimas
são pequenas,
para caberem em mim.

Existo mesmo assim:
um poeta “pequeno”.
Nos meus versos tem veneno,
que pode ser bom ou ruim.

Vou atravessando a ponte
que leva ao horizonte:
àquela “linha do mar”.

Vou "poetando" devagar,
porque correndo cansa.
Se há poesia, há esperança.

A.J. Cardiais
Poeta

Poemas :  Válvula de escape
Válvula de escape
A dor que eu trago,
não falo...
Escrevo e largo.
Deixo-a ir, não retenho.

Da dor que eu venho,
eu quero partir.
Não sou carregador,
sou poeta.
Sou o estafeta
da linguagem.

Sempre trago uma mensagem
escondida nas entrelinhas.
Da dor que eu vinha,
(no começo da linha)
consegui fugir...

Nada como tingir
sua vida
da cor que mais lhe agrada.

A,J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Relatório de rotina
Relatório de rotina
Domingo à noite... Nada por fazer.
Não quero ficar sentado vendo TV.
Vou para o quarto ruminando
pensamentos que me devoram.

Tento expulsá-los, mas não consigo.
Eles grudam em mim,
como se fosse um castigo.
Eles querem me destruir.

Imagine você, domingo à noite,
sem ninguém para lhe distrair...
Conversar por conversar,
não é um papo.
Não há uma troca nesse ato.

É jogar conversa fora.
É deixar o tempo ir embora,
e depois reclamar do tempo...
Eu quero é aproveitar o tempo,
mesmo sem fazer nada.

Mesmo estando assim,
com as pernas esticadas,
estou fazendo algo:
Estou meditando.
Estou estudando as situações.
Estou explorando o desconhecido.

Depois, quando me perguntarem
se todo que eu escrevi foi vivido,
responderei: nem tudo foi vivido.
Mas tudo foi sentido.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Na correnteza
Na correnteza
Preciso trabalhar mais...
Preciso arregaçar as mangas do poema
e botá-lo para lutar
contra as injustiças sociais.

Meu mal, em mel se fez.
Minha indignação ficou para trás.
Minha fome feroz de tudo,
esbarrou num sem fim do mundo,
e ficou brincando de rimar...

Deixei de sonhar, parti para o estudo...
Perdi-me no sem fim do mundo,
e voltei com cara de tacho...
E agora, onde eu me encaixo?

Solto este poema na correnteza,
e deixo que me mostre
os caminhos da pureza.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas :  Falando ao coração
Falando ao coração
Ei, coração! Você tem que bater.
Mas não precisa acelerar...
Se você não bater, apanha.
Com isso eu posso até morrer.
E se você bater muito forte,
pode me matar...

Ei, coração! Você precisa ter manha...
Vê se não se assanha,
quando encontrar um amor.
Nunca se altere, seja lá o que for.
Também não acelere,
pois pode me causar dor.

Ei, coração!
Você tem que estar comigo.
Tem que ser meu amigo
e nunca me perturbar.

Você está em mim
e eu estou com você...
Se não nos unirmos
nós vamos nos matar.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas sociales :  Soltando o palavrório
Soltando o palavrório
Não me cobrem o sentido...
Hoje estou imbuído
de soltar o palavrório.
Ter, eu tenho acessório:
um monte de palavras em minha mente;
um monte de imagens à minha frente;
inúmeras razões aparentes...

Começaremos pela chuva: essa água benta,
que quando cai na terra mistura-se,
fica fedorenta,
e me dá margem para rimar.
Vou aproveitar e falar da enchente,
que está matando muita gente
e causando desolação...

A culpa de tudo é do Bicho homem...
Estou chamando de “Bicho”,
por não ter outro nome
que eu possa usar,
para “desqualificar” esta nossa espécie...
Incluo-me também apesar de não concordar
com tanta coisa que vejo.

Intitulamo-nos de seres “Racionais”...
Com que razão usamos este título?
Talvez tenhamos razão:
o racional não usa o coração;
É frio e calculista. Por esta razão,
perde de vista a intuição,
o instinto de sobrevivência,
que nos outros “animais”
deve ser a única “inteligência”.

Estou sendo muito árduo
com a “nossa” espécie...
Mas acontece que todo mundo esquece
das outras formas de vida.
Quando a Ciência dividiu
a Natureza em “reinos”: reino animal,
reino vegetal, reino mineral...
Transformou tudo em reinados.
E para cada reinado existe um Rei.

Alguém respeita o reino vegetal?
Alguém respeita o reino mineral?
Alguém se lembra, por acaso,
que todos eles estão em nós?
Alguém se lembra, por acaso,
que para sobreviver nós precisamos
do animal, do vegetal e do mineral?

Alguém se lembra disso quando,
para expandir sua plantação,
destrói toda a vegetação
que há em volta?
Alguém se lembra disso
quando constrói suas fábricas de poluição
e polui todos os outros reinados em volta?

Pois é... Tudo tem volta.
A mãe Natureza, para mostrar
que está viva, se revolta...
E para isso Ela conta com a ajuda
do Deus Sol e da Deusa Chuva.
Animais "acionais", limitem suas ambições,
limitem seus desejos!
Sejam um pouco emocionais.
Usem mais seus corações.
Olhem em volta e entrem em comunhão
com os outros reinos...
Se eles nos faltarem, nada sobreviverá.
Principalmente nós... Aí sim, será o FIM.

A.J. Cardiais
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Poeta

Poemas sociales :  A incerteza de tudo
A incerteza de tudo
Os homens guerreiam a troco de nada,
ou por uma ambição desenfreada.
Os homens fazem devastações...
Observo o verde, e meu coração palpita...

Ouço o ronco da moto-serra,
que não dorme em serviço,
e em pouco tempo destrói-me,
destrói-nos, mata a Terra.

Quando chegará o IBAMA?
Vou à luta sozinho.
Escrevo, escracho, xingo,
jogo pragas e pedras...
Sou ameaçado.

Quando chegará o IBAMA? o CRA?
a CONDER? Sei lá...
O Órgão que puder ajudar.
Nossas IRMÃS estão sendo mortas,
e muito em breve nós estaremos
no mesmo caminho.

Nós, seres humanos.
Nós, pobres mortais.
Nós, os “racionais”.

A.J. Cardiais
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IBAMA = Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis.
CRA = Centro de Recursos Ambientais
CONDER = Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
Poeta

Poemas :  Mente trabalhando
Silêncio...
Estou trabalhando em algo.
Embora você só me veja,
aqui sentado,
mas minha mente dá
um duro danado...

Às vezes fico até cansado
de tanto pensar...
O que é que vocês pensam?
Uma mente cansada,
é pior de que um corpo cansado.

O corpo, você deita e descansa.
A mente é como uma criança:
você tem que procurar
algo para lhe agradar,
para depois relaxar.

A.J. Cardiais

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Poeta