Crónicas :  Esfriando na Gaveta
Esfriando na Gaveta
Não sou muito chegado a ficar redigitando meus textos, porque toda vez eu tiro, acrescento ou modifico alguma coisa. Eu gosto mais é de copiar e colar. Se bem que às vezes que eu faço isto, acabo alterando o texto também. Por este motivo que os mestres Drummond e Mario Quintana diziam que era para guardar o texto na gaveta, e depois ir "aparando", moldando... Com calma.

Mas na era da internet os textos urgem. Ninguém mais espera esfriar. Tem uns até que vão para a prateleira saindo fumaça. Aí o leitor acaba se engasgando com os erros gramaticais etc. Para falar a verdade, eu bem que tento deixar na gaveta para esfriar. Mas a maioria das vezes, o que acaba esfriando é minha empolgação. Tem texto que eu escrevo e fico empolgado, achando uma maravilha. Depois que passa a "empolgação", eu acho uma droga. Aí já não estou mais com aquela expectativa. Já não estou mais sonhando com ele fazendo sucesso, pois já perdi a embriaguez. Mas eu posto assim mesmo. Vou fazer o quê, se este foi o meu momento? É como um filho "fracassado": você nunca vai renegá-lo, por ele ser um fracassado, vai?

A.J. Cardiais
imagem: google
Poeta

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