Textos : O Médico Inexperiente(Sketch XXII) |
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O Médico Inexperiente
A cena se passa em São Paulo. Data: 1991. Cena Única Um consultório bem arrumado com um esqueleto do lado esquerdo da mesa do médico. Três médicos chamados Aurélio, Athos e Ary estão conversando distraidamente. Aurélio- Eu me sinto tão inexperiente na carreira de médico, meus amigos. Athos- Mas você já tem quase dez anos, Aurélio. Não deveria se sentir inexperiente com todo esse tempo de serviço. Aurélio- Mas é uma insegurança interna, sabe. Eu estou sempre lendo alguma coisa que deveria saber de cor. Ary- Mas isso todo médico faz. Aurélio- Mas eu faço a cada dez minutos. É chato até. Athos- Talvez seja apenas uma fase que você está passando. Ary- Ou está se cobrando demais uma perfeição que sabe que não existe. Aurélio- Talvez. Eu não sei. Eu sei que eu sou um médico inexperiente. Ary e Athos se entreolham como que dizendo: Devemos realmente responder isso? Ary- Sabe, eu acho que a cada dia a medicina se reinventa. Então podemos ser considerados cada um de nós: Médicos inexperientes. Aurélio- Acha mesmo isso? Ary- Com certeza.(Olhar de ajuda para Athos). Athos- Sim, eu também acho isso, Aurélio. Aurélio- Vocês são ótimos amigos. Estão sempre me deixando animado e confiante comigo mesmo. Ary- Sabemos como é se sentir inseguro com o que se faz. Athos- Sim, realmente sabemos. Aurélio- Eu sou assim apenas com minha profissão. Athos- Mas a profissão é o aspecto principal de nossas vidas. Eu creio, quero crer, que mais um ou dois anos, e você perde totalmente essa insegurança. Ary- Sim, nós... Neste momento ouvimos uma voz chamando os doutores Ary, Aurélio e Athos para se apresentarem na enfermaria principal. Athos- Vamos ao trabalho, meu caro doutor Aurélio, é praticando que você realmente vai perder essa insegurança. Athos, Ary e Aurélio saem do consultório. Ouvimos barulho de choro ao longe. O pano desce rapidamente. Fim |
Poeta
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