Textos :  Luzes no Campo(Sketch XXI)
Luzes no Campo(Sketch XXI)
[size=x-large]Luzes no Campo







A cena se passa no Peru, em 1965.



Cena Única



Uma casa no campo. Vemos uma porta que dá para a varanda, e um cõmodo médio onde um homem está ouvindo rádio. Perto dele há um rapaz de 14 anos.



Alessandro- Veja, Alonso. O Brasil realmente não volta mais à democracia. Já escolheram o presidente, Médici. Realmente nossos amigos terão que lutar para acabar com esse fascismo.


Alonso- Pobres brasileiros, mas isso está se tornando moda aqui no continente. Muitos ditadores, mais leis, e pouca liberdade.


Alessandro- Isso é verdade, mas nosso continente tem fama e história de lutar pela liberdade. Vai haver muita luta.


Alonso- E muito derramamento de sangue, com certeza.


Alessandro- E pensar que u ia morar lá o ano passado.


Alonso- Eu estive lá em 1962. Uma terra incrível.


Alessandro- Sem dúvidas, mas que agora passará por maus bocados. Minha mãe morou lá por quinze anos antes de me ter.


Alonso- Na época de Getúlio, então.


Alessandro- Não, acho que foi em 1920... Foi numa época em que houve uma revolução em SP.


Alonso- Ah, em 1924!


Alessandro( contente por fazê-lo lembrar)- Sim, isto mesmo. Ela me contava histórias sempre daquea época.


Alonso- Devem ser bem interessantes e realmente valer a pena parar para ouvir.


Alessandro- Sim, é por isso que minha década favorita é a década de 1920.


Alonso- Os anos loucos foram incríveis, mas sabemos como acabou. E sabemos o que trouxe para o mundo após.


Alessandro- Nem gosto de me lembrar o que veio depois. Mas me diga, está gostando de ficar aqui?


Alonso- Um pouco. Não estou acostumado à vida no campo.


Alessandro- Bom, ficará aqui quase quinze dias, já se passou sete, mais oito dias apenas...


Alonso- Não sei como você se acostuma a morar aqui sozinho. Não tem medo?


Alessandro- Não, para quem viveu o que eu vivi, morar sozinho não é nada.


Alonso- O bom é que não há muitos vizinhos por aqui.



Alessandro- Sim, é incrível não ter uma casa colada a outra como é na cidade.


Alonso- É uma das coisas mais estranhas que se vê nas cidades, execto as dos Estados Unidos, e na verdade nem são todas.


Alessandro Estupidez maior. As casas ficam parecendo um minhocão ou então massinha de argila.


Alonso- Fora que são pequenas... Mas claro, isso vai por causa das construtoras que não querem construir casas maiores.


Alessandro- Sim, mas...



Nesse momento vemos luzes fortes invadir a cena. Alessandro fica assustado. Ele pega a espingarda.


Alessandro- Fique aqui, Alonso. Já é a terceira vez que vejo essas luzes esse mês.


Alessandro sai para a varanda e não o vemos. Depois de dois minutos ouvimos um tiro de espingarda, um grito de Alessandro e mais nada. Alonso não consegue se aguentar e vai até a varanda. Ouvimos ele cair no chão e desmaiar. O pano desce.


FIM[
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Poeta

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