Textos : Noite de Baile(Sketch XVII) |
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Noite de Baile A cena se passa na Holanda, em 1919. Cena Única Uma sala bem mobiliada com duas portas laterais e uma na frente. A porta da frente leva a um quarto. Em cena há dois homens. Um chamado Florian e outro Frederik. Eles estão impaciente e olham para os próprios relógios. Florian- Estamos aqui há quase meia hora. Minha irmã, mãe e sua esposa simplesmente não conseguem se decidir o que vestir para o baile. Frederik- Não preciso nem dizer que isto é a mania mais feminina de todas, não? Florian- Mesmo assim, deste jeito chegaremos atrasados ao baile. Frederik- Não vejo problema nisso. Seria até bom para nós. Florian- Para horários sou como os ingleses, detesto atrasos. Mas creio que daqui a cinco minutos elas saem do quarto. Frederik- Ou não. Mas me diga, Florian, você está mesmo empolgado para ir a este baile? Florian- Nenhum pouco, meu caro. Estou indo por causa de minhas irmãs e mãe. Mas gostaria de ficar em casa esta noite. Frederik- E tem mais um baile semana que vem que teremos que ir. Florian- Farei de tudo para escapar desse. Nem que eu comece a jogar e fumar com os amigos. Frederik- Já faço isso, mas se eu não ir, sabe o que acontece, não? Florian- Você poderia realmente escapulir por algumas horas, mas acho que por causa dessa ansiedade delas será muito difícil. Frederik- Há dias estou ouvindo de minha mulher sobre este baile. Sabe como detesto ouvir a mesma coisa mais de uma vez, não sabe? Florian- Oh, sei, e nisso sou igual a ti. Mas elas estão empolgadas e elas idealizam os bailes. Você deveria saber disso. Frederik- Sei, e já fui a dezenas de bailes sabendo disso, e parece que não consigo pensar em nada para me livrar deles. Florian- Ainda bem que são apenas os bailes. Um amigo meu tem uma mãe que tem... Bom, digamos que ela tem o que eu chamo de doença social. Ele tem que acompanhá-la a casamentos, velórios, batismos, piqueniques, óperas, etc. Ele muitas vezes está até mais contrariado do que estamos aqui. Frederik(decepcionado)- Pobre coitado, mas eu ainda hei de arranjar um jeito de me livrar de ir a lugares que não quero com minha esposa. Florian- Se me permite ser sincero, poderá arranjar conflitos com tua mulher. Com minha mãe estou acostumado a ter certas rusgas, mas eu te aconselho a ir a esses lugares, ou então, torcer para que sua mulher se torne mais introspectiva e caseira. Frederik- Impossível, meu caro Florian. Minha mulher também tem a tal da doença social. Ela não consegue passar uma semana sem ir a algum lugar. Florian- Isso prova que ela mesmo com os conflitos da vida consegue superá-los na companhia das pessoas. Frederik- Sim, é o que parece. Mas me diga, você realmente sai sempre com sua mãe e irmã? Porque parece que elas são vistas algumas vezes desacompanhadas. Florian- Consigo fugir algumas vezes, mas é raro agora, principalmente porque minha mãe agora está mais empolgada com todo tipo de eventos. Frederik- Imagino. Minha esposa também está assim. Florian- Primavera também, você sabe como elas ficam alvoroçadas nesta estação. Frederik- Sim, eu sei, elas... Neste momento a porta se abre e três belas mulheres saem. Saskia- E então meu caro filho Florian, como estou? (Ela dá duas voltas exibindo o vestido). Florian- Belíssima mamãe. Nunca a vi tão bela como hoje. Veerle- E quanto a mim, meu irmão? (Faz o mesmo que a mãe). Florian- Tão bela quanto as flores de nosso país na mais dileta primavera. Veerle sorri encantada. Wilhelmina- Veja querido Frederik como estou bela também. Frederik (sorri encantado) - Sim, minha linda. Nunca te vi tão bela. Estou muito orgulhoso de ti. Saskia- Vamos logo, creio que estamos atrasadas. O carro já está pronto, Florian? Florian- Sim, mamãe. Veerle- Vamos, estou ansiosa por este baile. Creio que haverá boas surpresas. Florian dá os dois braços. Sua mãe do lado direito segura o braço, e o mesmo faz sua irmã no esquerdo. Frederik acompanha sua mulher segurando-a pela cintura. Todos saem. Ouve-se um pequeno barulho de ventania pela casa, mas nada muito preocupante. O pano desce. FIM |
Poeta
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