Textos :  Hipocondria(Sketch V)
Hipocondria(Sketch V)
Hipocondria









A cena se passa em Portugal, Lisboa, em 1911.











Cena única









No centro do palco uma mesa cheia de remédios, duas cadeiras perto da mesa, um sofá afastado no canto direito, uma porta à esquerda. Um homem chamado Manuel Cerqueiros está sentado em uma cadeira. Ele passa a mão nos joelhos.











Manuel- Ah, essa maldita dor em meus joelhos, Com certeza é artrite, ou então reumatismo, ou mesmo osteopenia. E a cefaléia que não passa, provavelmente um aneurisma, uma trombose cerebral. Ah, Céus, e meus intestinos. Eles simplesmente não funcionam corretamente. Doença celíaca com certeza! (Levanta-se rapidamente da cadeira, vai até a mesa e pega um pote de remédios, abre e toma dois) - Sim, este me indicaram para os intestinos! (Volta a sentar na cadeira.)

Meus olhos também não estão nada bons! (Levanta e caminha pela sala. Ele estreita a vista) - Oh, com certeza estrabismo convergente! Droga, e aquele médico súcio me disse que eu não tinha nada nos olhos!







Manuel vai sentar no sofá. Fica inquieto.





Manuel- Oh, preciso tomar um para essa cefaléia! (Vai até a mesa, pega um frasco vermelho, abre e toma uma pílula) - Sim, esse sempre me ajuda em momentos de intensa cefaléia.





Começa a andar pela sala. Passa a mão no peito.





Manuel- Oh, palpitações! Elas começaram quando eu menos esperava! E não tenho nenhum remédio para o coração. Provavelmente uma artéria irá realmente romper!( Passa a mão pelos cabelos).







Manuel vai novamente a mesa e dessa vez pega um frasco azul de remédios, abre e toma dois. Fecha o frasco e coloca de volta na mesa.









Manuel- Esse pelo menos me deixa menos ansioso. Oh, como sou ansioso! E como tenho depressão sazonal! O tempo muda, e eis que estou mudado! Mas não1 Isso não irá acontecer comigo! Pois... Há, a minha neurose, sei o que pode resolver.







Ele vai a mesinha e pega uma pasta. Ele passa a pasta nas mãos e no rosto suavemente. Ele suspira aliviado.







Manuel- Oh sim, agora me sinto melhor, mas eu espero que minhas dores nos pés realmente não voltem. E o inchaço em minhas mãos é terrível todas as quartas!





Volta para o sofá, deita-se.









Manuel- Maldita languidez! Meus acessos de preguiça só podem ser alguma neuropatia! Estou convencido de que é psicastenia! ( Ele levanta mais uma vez, dá três voltas na mesa de remédios, e depois volta ao sofá.)











Manuel- Agora minha ansiedade tornou-se em fobia! Oh, como tenho tantos acessos emotivos! Certamente terei que fingir que está tudo bem quando minha irmã aqui chegar.







Voz de mulher off (É a vizinha de Manuel) - Morreram duas pessoas hoje de neurose, uma de psicastenia, e outra de artrose, e ah, uma também de inchaço nos pés!







Manuel- Oh, eu sei como resolver tudo isso. Em meu quarto há pastas, há pomadas. Irei lá e terei que dormir. Não durmo há três dias!





Manuel antes de sair pega dois frascos de remédios da mesa. Ele sai rapidamente. O pano desce.








FIM.
Poeta

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