Textos : A Catedral do Sono( Sketch III) |
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A catedral do sono
A cena se passa na Escócia, em 1948 Cena única Um dormitório superior em uma catedral, quase como se fosse um porão. Lá há antigas estátuas, um ou dois guarda-roupas antigos, uma poltrona quase ao centro com um homem que está deitado nela dormindo. Perto dele está uma garrafa vazia e um charuto. Ele se chama George Mccalum. Não há muita luz nesse lugar, então vemos pouco como ele realmente é. Entram duas figuras vestidas de negro e encapuzadas. Figura I- E aqui estamos. Ele realmente dorme há três dias. E andou bebendo, veja. Figura II- Provavelmente já chegou aqui com a bebida e com o charuto .(Observa bem George deitado na poltrona dormindo). Figura I- E já é a segunda vez que o resgatamos. Será que ele realmente sabe de suas atividades noturnas como ritualista? Figura II- Ouvi de uma pessoa que o conhece que ele tem flahses de memórias, mas ainda algo muito vago para saber de toda a verdade. Figura I- Ainda bem que só há nós dois aqui nessa catedral, e mais aquele outro padre que nada desconfia. Porque se ele soubesse, estaríamos em problemas. Figura II- Ele não diria nada. Ele é discreto. Gosta de ficar sozinho. Não é nenhum problema para nós. Figura I- Sim, mas você sabe, há tantas histórias nesse povoado, e nós sabemos que quando as histórias começam a ganhar um padrão, elas são consistentes e não podem ser negadas. Figura II- Sim, mas o que... Esse é o primeiro homem que vem até aqui. Você sabe, ele estava em perigo. Não podíamos deixá-lo de ajudar. Figura I- Sim, claro. Figura II- O que me preocupa é o vício dele. Todo bêbado acaba sempre falando demais. Figura I- Sim, devíamos ter tirado a bebida dele quando chegou. Mas ele está tão fraco, e isolado há três dias aqui nesa parte da catedral. Ele não irá a lugar nenhum. Figura II- Talvez acorde daqui a pouco. A pessoa que o conhece disse que ele dorme no máximo seis horas por noite. Figura I- Por que não o transferimos para um hospital nosso? Figura II- Já fiz a solicitação. Ele será levado em dois dias. Figura I- Eu gostaria que fosse amanhã... Figura II- Você está com medo demais para uma primeira pessoa envolvida em um culto que aparece aqui na catedral. Por favor, acalme-se. Figura I- Tudo bem, é que... Esquece. Vamos tomar chá? Figura II( como se não tivesse outra escolha)- Vamos. Logo ele acorda. Os dois saem. George ainda está dormindo quando entra em cena um corvo. Ele para em um banquinho e fica grasnando. George acorda assustado. Vê o corvo. Ele arregala os olhos, pega uma vassoura e começa a espantar o corvo que fica grasnando e voando. O corvo sai de cena. George volta a dormir. Depois de dois minutos, o corvo volta e fica perto de George. Ele acorda novamente e pega a garrafa e taca no chão e o corvo sai correndo voando. George mais uma vez adomece. Pela última vez, o corvo vem grasnar diante dele. Dessa vez George quase o pega, o corvo tenta bicá-lo, mas não consegue. George consegue dar um tapa no corvo que cai no chão, levanta e vai embora. Dessa vez as duas figuras entram e vão até George. George- Ei, quem são...? As Duas figuras não respondem, eles simplesmente pegam George pelos pés e mãos. George( voz fraca)- Me soltem! Por que estão fazendo isso?( Ele cai no sono). As Duas figuras o levam. Depois disso, o padre que havia sido citado no começo entra. Ele olha o ambiente todo bagunçado, deplorável, e sente um frio na espinha. Ele decide se sentar na cadeira em que George estava. Fecha os olhos por um momento, a luz vai ficando cada vez mais escura. Um grasnar de corvo se ouve. Um grito de horror do padre. O pano cai. FIM |
Poeta
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