Textos :  A Melodia do Medo( Sketch II)
A Melodia do Medo( Sketch II)
1. A melodia do medo



A cena se passa na Espanha, em 1913.




Cena Única




Um porão contendo três armários. Um na parede esquerda onde tem uma porta e dois na parede do meio. Umas dez caixas ao lado de uma mesinha, todas fechadas, três banquinhos, um cabide, alguns chapéus velhos, roupas antigas em um cesto, uma velha rabeca, etc. No porão vemos um rapaz moreno, cabelos escuros, olhos negros, de 18 anos. Ele se chama Adolfo. Ele está trancado no porão, e procura um meio de sair.



Adolfo- Madrecita de Dios! Ayuda me! Já é a segunda vez que fico trancado neste porão, e da última vez... Oh, da última vez comecei a ouvir música vinda de fora. Oh, como detesto essas músicas que sempre tocam quando estou em casa! Na verdade, quase nenhuma música me agrada. Ou seja a melodia, o tom, a letra, ou tudo junto! Ayuda, Dios!


Ele vai até um armário e pega umas folhas, revira as folhas para ver se acha uma chave, mas não acha nada, joga tudo no mesmo lugar desorganizadamente. Vai até o primeiro armário do meio. Procura nas gavetas dele, mas não acha nada.


Adolfo- Cáspite! Meus dedos estão todos empoeirados! Isso aqui não se limpa há tempo. Preciso pedir ao Juan para limpar aqui.


Adolfo anda pelo porão olhando para todos os cantos para ver se acha alguma chave. Revira as roupas, mexe em duas caixas e não acha nada.



Adolfo( mãos na cabeça preocupado)- Estou aqui há quase uma hora. Por que fui tirar a siesta aqui? Essa porta sempre emperra, ou sei lá, só pode ser azar mesmo!




Adolfo continua procurando. Logo ouvimos em off um barulho de música popular. Adolfo para estremecido. Ele fica pálido, começa a ficar com medo. Ele se senta em um banquinho.


Adolfo- Não posso acreditar nisso! Não me faltava mais nada! Trancado nesse porão pela segunda vez, e agora a ouvir música!( Coloca as mãos no rosto consternado). Eu... Simplesmente preciso sair daqui e ir para o quarto dos fundos onde não se ouve quase nada!


Adolfo continua a procurar. Ele mexe em mais duas caixas colocando o conteúdo no chão. São alguns livros. Ele revira todos em busca de uma chave. Nada. Ele chuta alguns livros e a música continua tocando o que deixa Adofo mais preocupado.


Adolfo- Dios! Yo no puedo más! Eu preciso sair desse porão maldito!



Ele vai até o último armário e na gaveta da esquerda para a direita, ele acha três chaves. Sorriso de contentamento. Ele pega as chaves e vai até a porta. Testa uma, não funciona. Testa outra, não funciona. E na última, ele já está totalmente desesperançoso, mas ainda assim tenta, a chave quase funciona, mas a porta que é de ferro não abre.


Adolfo- Bom, se nada funciona... Bom, eu me lembro que da última vez... Bom, meu pai uma vez costumava me dizer que falar Eu crio enquanto falo realmente pode funcionar. Oh, mas eu vou dar mais uma busca por esse porão que adora me pregar peças.


Volta para o fundo do porão e remexe o restante das caixas. Enquanto tudo isso acontece, ainda há música soando. O que impulsiona Adolfo a buscar mais rapidamente para se livrar do som da música. Ele decide ir a porta e diz:


Adolfo- Eu crio enquanto falo! Eu crio enquanto eu falo! Eu crio enquanto eu falo! Eu crio enquanto eu falo! Eu crio enquanto eu falo!


A porta começa a se abrir. Adolfo tem uma expressão de contentamento, mas susto, pois é a primeira vez que pratica tal palavra, mesmo assim ele sai apressadamente do porão que ainda se ouve a música. E o pano desce.




FIM
Poeta

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