Poemas sociales :  QUANDO A MISÉRIA ESTÁ PRESENTE
Que a festa comece e a miséria se divirta.
Uma mesa feita de pano estendido chão,
Quase cheia de nada mas nela há a vida
Daquilo que não temos mas há o coração.

Que sejam pretos Árabes ou Europeus
O barco é o mesmo sem porto de abrigo,
Sem bússola nem remos, a vida é um ilhéu
Deserto de felicidade, parece ser castigo.

À volta desse pano branco, pobre mesa,
Os pais e os filhos pouco têm para comer;
Chega o fim do ano só tendo a certeza
Que outro vai chegar e nada lhes vai trazer.

Procurando um osso o amigo sempre fiel,
Um cão que os ama os protege, não diz nada.
Magro como os donos, com o destino cruel
Diria que dormiu em cima de chapa ondulada.

Chegou a meia noite e as doze badaladas.
Ouviram-se os foguetes e o fogo de artificio.
Nesses pobres chegaram lágrimas cruzadas
De desespero e de uma vida de sacrifício

Imploram aos Deuses que a vida lhes dê prazer,
Justiça divina que não sabem se podem acreditar.
Novo Ano vai começar na incerteza do viver,
Nada pedem, mas têm direito de ver o Sol brilhar

A. DA FONSECA
Poeta

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