Crónicas :  Escrevendo para as paredes
Escrevendo para as paredes
Fico procurando sobre o que escrever... Assunto é o que não falta. Mas acontece que eu tenho uma maldita preocupação com o futuro deste país. Não se espante por eu ter chamado de maldita, porque é maldita sim. Se é algo que me incomoda! E o que nos incomoda, só pode ser maldito. Quando vejo um bando de políticos corruptos, gananciosos e desumanos, “tomando conta” do país, e outro bando que se diz “politizado”, só esperando a oportunidade de se dar bem, fico injuriado e tento alertar o pobre do povo.

O povo... Mas que povo? O povo não gosta de política, o povo não gosta de ler, o povo só quer se entreter e esquecer da vida dura, ou da vida de duro. O povo já se entregou e acha que não pode fazer nada...
Quando vejo esses jovens idolatrando celebridades que só estão preocupadas com o glamour, com os holofotes e as capas de revistas, mas não dizem uma palavrinha sobre o futuro desses jovens, sobre o futuro do Brasil, eu fico injuriado. Essas celebridades podem até dizer que ajudam obras assistenciais, mas isso não muda nada... As obras assistenciais não assistem a todo mundo. Eu quero vê-las fazendo como os artistas da minha geração: Chico, Caetano, Gil, Vandré, Glauber... Eu quero vê-las mostrando a cara e falando para o povão: “Está tudo errado, vamos mudar esta situação. Não é este o Brasil que nós queremos”. Mas elas não vão fazer isso... Estão todas ricas, milionárias, de bem com a vida. Elas não vão procurar se indispor com os políticos... É a política da boa vizinhança: rico não incomoda rico.

Falando em se indispor com os políticos, eu vi o que aconteceu com o cantor Luis Caldas, aqui na Bahia, porque ficou contra ACM: ele foi condenado ao ostracismo. Se ele não tivesse talento e o reconhecimento dos colegas, teria “sucumbido”. Aí eu pergunto: que “democracia” é essa? E não se enganem não, porque filhos e netos de tubarões são tubarõezinhos. O povo fica alimentado essas “ferinhas”, na esperança de que elas façam do Brasil um “mar de rosas”. Se elas fizerem do Brasil um “mar de rosas”, elas vão comer o que? Apesar de comerem tudo que encontra pela frente, as rosas não servem para alimentar tubarões. E onde tem tubarões, o mar só fica é vermelho.

O título: Escrevendo Para as Paredes, é uma analogia ao que as pessoas dizem quando alguém está falando e ninguém está escutando: falando com as paredes.

A.J. Cardiais
imagem: google
Texto extraído do livro Mora, na Filosofia
Poeta

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