Crónicas : DA MÃE DE SANTO AOS PSIQUIATRAS |
|
---|---|
DA MÃE DE SANTO AOS PSIQUIATRAS
Quando eu tinha uns 14/15 anos tomei um porre e foi por dor de cotovelo, pois a mina que me alugava durante a semana nos finais de semana ficava com o noivo, e eu lá em cima, do alto da rua, com uma amiga e um amigo mais chegado me tirando sarro e rindo da minha desgraça. . E ele, depois de ter passado um pouco o meu porre, disse que estava indo com a mãe num centro de sarava e eu pedi para ir junto a próxima vez. Foi a minha primeira busca de solução para um problema que eu sabia que os outros não tinham. Lá chegando perguntei para uma mãe de santo das mais antigas: “O que é que eu tenho” e ela me respondeu: “Que você tem o que meu filho!” e eu saquei que estava no lugar errado, mas fiquei indo lá para curtir o batuque até que um “preto velho”. que não falava com ninguém, disse que se eu não levasse a sério ia “apanhar muito” e eu parei de ir. Eu tinha uma "falha de fabricação" no lado social. E este mal sem explicação só foi piorando e cheguei aos dezoito anos aos trancos e barrancos. Tinha muita mina para casos, mas “paixões” nunca mais depois de ter tido outra experiência, quando já com 16, mas que acabou muito mal, pois a mulher (tinha 23 anos), com quem fiquei por quase dois anos, foi levada embora no apagar das velas e eu, além de ter tido a minha primeira ameaça de morte, nunca mais a vi da noite para o dia. Mas foi quando cai no exercito que eu pedia para morrer, pois ali o meu pânico social ficou mais evidenciado, pois eu tinha que conviver com todo mundo 24 Horas por dia, além da tantos chefes, e precisei pela vez de um psiquiatra. A psiquiatria pouco podia fazer naquela época, mas ele me receitou uns remédios que, com a receita, a minha mãe conseguiu me tirar de lá. Mas o meu problema se manteve lá fora e tive que ir para outro, no caso um psicólogo que dava aula em uma faculdade e escrevia em jornais. Com o tempo eu atravessava a rua quando via alguém que eu teria que cumprimentar. Fiquei com este psicólogo por um tempo até que as sessões passaram a ser de grupo, e com elas as discussões de egos mal resolvidos se digladiando de um lado e, de outro, pessoas caladas que só assistiam, coitadas. Neste período eu conheci uma literatura que me deu muitos esclarecimentos sobre muita coisa e aí achei por bem parar de ir lá, pois conheci leis profundas que regem o mundo e a nossa vida. Mas o mundo era um mar revolto e eu não sabia nadar, muito menos manter a cabeça fora d’agua. Aquela literatura me ensinou tudo do mar, mas aprender a usar isso teria que ser comigo. Mas aquele psicólogo não cobrava caro era mais um pesquisador. Ele era esforçado, embora sempre mudo, mas quando eu disse que ia parar até me isentou do pagamento para não me perder, mas já tinha dado para mim. Arranjar os empregos era fácil, passava nas entrevistas, mas depois o bicho pegava, o dia a dia era um tormento, até chegar um ponto em que desisti de tentar e, felizmente, a minha família não dependia da minha ajuda financeira. E foi a partir deste período que eu aprendi a conquistar mulheres sem precisar falar muito, e foram muitas, mas “amor” (confundi as paixões tidas com amor) como tinha experimentado antes, eu não conseguia sentir mais e isto me desesperava e me levava a outra e outra e outra... Até que, quando já não aguentava mais, conheci uma mulher me aceitava como eu era, e eu sabia que não adiantava ir embora como sempre fiz, pois com a próxima seria a mesma coisa, e a próxima e a próxima, então me esforcei e consegui ficar junto por longos dez anos Mas a minha situação financeira já estava bem encaminhada e melhorou bastante neste período, além dela não depender de mim nesta área.. Sobrevivi a estes dez anos, mas começou a me bater uma depressão muito grande novamente e a ter pensamentos apavorantes, então eu tinha que resolver os meus demônios, então peguei a minha mala e fui para um hotel com as suas solitárias paredes. Tinha que haver uma saída, mas antes da separação tentei algumas vezes consultar uma outra psiquiatra que só ficava me dando umas cruzadas de pernas e para isto eu não precisava ficar pagando. Eu chorava copiosamente, feito criança, e ela com aquelas pernas...,e eu já tinha me tornado meio compulsivo na área, então lutava contra isto também, nunca me viciei em nada, embora tenha experimentado de tudo. Comecei a beber todas, eu não tinha para onde ir a não ser bares para me relacionar, e nesta altura já tinha dinheiro para frequentar bons restaurantes, bons bares, bons tudo, mas sofria ainda com a fragilidade afetiva tremenda, embora muito bem camuflada e começou os recionamento de vida curta novamente. Até que um dia encontrei um amigo tomando refrigerante num evento e ele me disse que estava se tratando de Síndrome de pânico e me confessou que outro colega nosso estava se tratando no mesmo médico. Não demorou muito para eu ir lá pedir o nome do psiquiatra. Pensei “deve ser mais um destes que eu conheci” e fui sem muita esperança, mas o cara me ganhou, não quis saber nem se eu tive pai ou mãe e já começou a me ensinar relaxamento e eu aprendi isso e como era boa aquela sensação, e depois me mandava conhecer pessoas "como lição de casa". Eu não podia ficar sozinho, e como ia lá duas vezes por semana (eu tinha pressa), tinha que levar os relatos e não podia ser sempre as mesmas pessoas, tinha que variar. Então eu conheci cada pessoa! E sabe de uma coisa? Você não sabe como tem mulheres por ai querendo conhecer alguém que não queira nada delas, a não ser a sua companhia para sair e eu acredito que com os homens deve acontecer a mesma coisa, só que eles não se abrem entre si e vão levando esta de conquistadores emuralhados nas suas desconfianças em eterna solidão e insatisfação em todos os níveis. Mas como a finalidade era desenvolver afetividade e amizades, então era importante não ter sexo, então eu tinha que conviver com aquilo que me dava fobia, que era envolvimento afetivo, e procurei seguir os conselhos dele, na medida do possível, e fui conquistando e tendo amigas de verdade que duram até hoje. Era para dizer que eu estava em tratamento de socialização e que sexo prejudicaria o meu tratamento e tal e eu comecei a ver como as mulheres podem ser nossas amigas. Comecei a aprender outro lado para mim totalmente desconhecido e um lado muito bom, o lado da afetividade, da amizade e da confiança. Aquele psiquiatra era muito bom e não posso dizer que transformou a minha vida num mar de rosas, mas me tornou uma pessoa melhor, mais afetiva, mas a pedra final da minha busca não foi ele que colocou. Depois dele continuei na minha lida, pelo menos mais uma parte dela eu tinha resolvido e muito tempo depois, quando li o livro “Mentes Inquietas”, da Dra. Ana Beatriz Barboza Silva, me achei e fui no consultório de um neurologista, pois psiquiatria não queria mais, e disse: “Eu tenho “Transtorno de Déficit de Atenção, TDAH", e o senhor teria algum remédio para me indicar?”. Tinha, mas não resolveu. Eu já tinha um relacionamento sério, depois de todas aquelas namoradas como lição de casa, mas não estava nem 50% legal ainda, mas eis que lendo o livrinho do meu plano de saúde encontro um neurologista que por coincidência também estava na relação de psiquiatras. Bingo, não podia ser melhor, e fui lá com cara de poucos amigos, e ele me disse na segunda visita, que apesar da minha cara amarrada da chegada, ele já sabia que não era TDA que eu tinha, e que eu estava mais era para bipolaridade, males que se confundem em parte. Então estou tomando os remédios, pena que os bons ainda não são baratos, mas a minha vida posso dizer que já é normal. Ainda tenho os meus percalços, mas isto todo mundo tem. Quanto tempo passou isto? Quase cinquenta anos de uma vida de muita luta. Antigamente Bipolaridade era chamada de Psicose Maníaco depressiva. Já imaginou eu dizer para alguém lá no passado, na década de oitenta/noventa, ou mesmo ainda hoje, que eu tinha uma psicose? Todo mundo correria de mim ou mandariam me trancafiar e, com certeza, eu mesmo me excluiria da sociedade estigmatizado e com horror, quando este mal não é nada de mais, e o único prejudicado somos nós mesmos que nunca nos sentimos bem, pois ou estamos depressivos ou agitados, ou seja, longe do centro, longe do equilíbrio emocional que nunca sentimos. Este termo "maníaco" é que era infeliz, pois neste caso ele quer dizer que você é a "mil", piradão, no bom sentido, só que isto não tem nada de mais, principalmente naqueles anos setenta e posteriores. O final dos anos sessenta e a década dos anos setenta foi um período bipolar, com o polo na euforia, o contrário do até então, onde os músicos viviam caindo pelos becos escondendo os seus vícios como John Coltrane. Já nesta década posterior e com o advento dos festivais de rock foi "chutado o balde" e as drogas foram usadas escancaradamente como diversão e teve as suas baixas naqueles que exageraram exponencialmente, como Jimi Hendrix e Janis Joplin, a maior cantora de rock de todos os tempos, mas bipolares ao extremo e autodestrutivos, mas a maior parte sobreviveu, assim como nós anônimos. Para sobrevivermos temos que ser inventivos, pois estamos numa frequência distorcida, como uma rádio fora da estação, mas temos que manter algum controle e as drogas ou bebidas, hoje mais do que nunca, só agravam o problema. É só arrumar mais uma encrenca sem volta. O bipolar vê o mundo como um ambiente adverso, então desenvolve um poder de articulação muito grande para poder sobreviver. Você tem dois inimigos, o mundo de fora e o que você tem dentro de você. Você não tem paz, pois não se adequa ao ambiente, mas tem de passar que está, e todo dia é uma luta. Cada dia uma batalha. Não tem noite bem dormida, não tem descanso. É como viver montado em um boi brabo, que às vezes descansa e às vezes quer tirar você de cima, mas você está amarrado a ele, não tem como escapar. A medicina evoluiu muito nesta área, tanto nos remédios como nos diagnósticos, pois ficar só em terapia nestes casos é inócuo, pois este distúrbio é químico e você tem que compensar o organismo com remédios que são para toda a vida, pelo menos por enquanto, mas logo a teremos. Não tem este negócio de infância mal sucedida. O meio em que você nasceu é só a igual espécie que te atraiu para esta vida terrena, mas os motivos dos sofrimentos, estes, foi você quem fez por merecer, você os criou em vidas passadas, mas até ai não vai a ciência e, se não fosse assim, o mundo seria muito injusto e arbitrário se os fatores fossem só os genéticos. Por que motivo eu e outros seriamos os premiados? Não haveria justiça se fosse assim e o mundo seria ridículo. Eu e outros iguais não tivemos problemas nenhum relacionados a traumas, embora pela nossa desarticulação os acabasse tendo, mas só nascemos com a química meio desajustada e que nos faz ficar correndo sempre atrás do prejuízo, em distorção com o meio. Mas para sofrermos tanto em uma pequena vida não existe explicação se não considerarmos existências anteriores, então as minhas pesquisas não se reduziram só à psiquiatria. Eu tinha um Norte, aquela filosofia encontrada lá atrás era perfeita, mas os meus problemas não pararam. Descobri o meu diagnóstico, Bipolaridade, mas então também já sabia que tinha errado muito em outra vida. Conheci um cientista louco, inteligentíssimo, mas muito soberbo, (fomos amigos por um tempo) que desenvolveu uma ciência que ele chamava de Numeriatria, baseada na Numerologia, e ele me explicou tim tim por tim como eu me sentia, e o porquê, e eu nunca tinha visto aquilo, como é que ele podia saber como eu me sentia, se nem eu mesmo sabia verbalizar naquela época? Ele falou quarenta anos depois o que eu queria saber daquela mãe de santo. Um exemplo que eu poderia dar é você imaginar que de repente um cara como o Sadam ou um Kadafi, ou um religioso impiedoso e arbitrário da idade média, nasce na próxima vida no meio de todos aqueles e outros que ele fez sofrer ou oprimiu, mas só que agora sem nenhum poder. Os outros à sua volta nem vão ligar para ele nesta nova vida, mas a sensação anímica que ele vai ter, sem ter poder nenhum agora, é que todo mundo o quer pegar. Sentir-se-á desprotegido e com a sensação que muitos o querem pegar. E a sensação minha era essa, que todo mundo queria me pegar, então coisa boa eu não fiz. Abusei de poderes que eu tive e oprimi e fiz muitos sofrerem. Pela colheita (o que sentimos agora) podemos presumir a semeadura de outros tempos. O mundo seria muito injusto para quem vêm com um transtorno desse que para não se tornarem visíveis, para camuflá-los socialmente, vai um esforço enorme e fora outras grandes discrepâncias que há na sociedade e que parecem injustas, mas não são, como uns nascerem tão ricos e outros paupérrimos, uns nascendo na rica e culta Noruega e outros na Somália ou no Afeganistão. Tudo isto eu já sabia lá quando tinha 19 anos e encontrei a Mensagem do Graal, Na Luz da Verdade, do escritor alemão Abdruschin (www.graal.org.br), depois de muita caminhada, de todas as caminhadas, mas eu precisava além do conhecimento ali tido, achar descanso para algo que a medicina ainda não tinha, mas ficar parado não ia adiantar nada. E hoje, no amor, também já posso dizer que encontrei a joia mais rara. Hoje os diagnósticos estão mais fáceis e você não imagina como reconheço hoje, na sociedade, pessoas fazendo muito mal a quem está a sua volta e à sua própria família, ou manipulando pessoas inteligentíssimas e até grandes lideres, para tê-los sobre a sua influência, estes são os psicopatas do dia a dia! E a Dra. Ana Beatriz tem outro livro “MENTES PERIGOSAS - O psicopata mora ao lado”, e você não imagina como os tem à nossa volta, eles gostam de serem o centro e os manipuladores das atenções e para isso não medem consequências, mentem, falseiam, deturpam, difamam com a maior naturalidade. Em todas as variantes da sociedade há os bons e os maus e não é diferente entre os bipolares, já na psicopatia não tem o lado bom e eu já conheci alguns. Entre os homens há um maior número, mas quando mulheres são "imbatíveis". Os bipolares da geração setenta que não tinham freio, como eu tinha, eram alucinados e muito doidões, mas eram pessoas geniais, mas a maioria passou do tempo e se perderam pelos cantos do mundo, mas uma boa parte sobreviveu, principalmente os com o polo predominante na euforia, como muitos músicos que não se entregavam. Com relação aos '"psicopatas que moram ao lado" sabe aquelas pessoas maravilhosas, sem defeitos, sempre alegres, e que nos agradam tanto e são tantas vezes “injustamente” tão mal compreendidas? Cuidado, você pode estar sendo manipulado há muito tempo e fazendo mal indiretamente a muitos à sua volta, por influência dela, sem se tocar que está sendo usado. "Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass www.hserpa.prosaeverso.net |
Poeta
|