Poemas : Epitaphius |
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Epitaphius
Na boca, o gosta da palavra, Que ousei pronunciar ao vento para ecoar no infinito. No chão, os pés doloridos da caminhada, Que o destino me levou a trilhar. Na cabeça, as nuvens acariciando sonhos Que guardo no coração até que se realizem. Nas mãos, a atitude do afago Que tantas vezes serviram de alento. No céu, os olhos a descobrir o horizonte Que um dia irei tocar com a alma. Nas asas, o pensamento recriando momentos Que foram eternizados pelo meu existir. No corpo, o elevar dos sentidos Que me faz sentir o fogo da vida. Nos ouvidos, a atenção ao silêncio Que tanto me fala de solidão. Nos olhos, as águas do coração Que lavam minhas dores e sarem as feridas. No caminhar, um sentido a mais Que descubro um dia de cada vez. Nas pedras, o duro aprendizado Que em cada tropeço me impulsionam a perseverar. Na chegada, o sabor da vitória Que almejo provar e fartar-me. Na voz, um canto de paz Que desejo aprender com os pássaros. Nos cabelos, a brisa mais leve Que me faz sentir saudades, muitas saudades. Na fala, uma prece a elevada Que ecoa no céu de minha boca. No coração, um sentimento a curar Que dói cada dia um pouco mais. Na alma, a verdade do que sou Que reservo àquele que me criou. No dar, o tudo de mim Que não levarei sem deixar semeado. No fogo, a prova deixando marcas Que tatuam minha face. Na coragem, o risco de pertencer Que aceito correr sem escudos. No medo, a ousadia da descoberta Que me faz sempre muito mais Eu. No dia, a luta assumida por ser fêmea Que o fazer por gosto me excita. Na noite, o desfrutar da volúpia Que desperta a loba faminta por lua. Na vida, o viver sem limites Que me lança num abismo de ilusões. Porque com a morte, tudo finda! |
Poeta
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