Sonetos :  LEGADOS
LEGADOS

Legados que pudessem traduzir
A mesma insensatez de outras verdades
Criando no vazio as celas, grades,
Negando liberdades ao porvir.

O medo noutro ensejo a resumir
As tantas e dispersas veleidades
Os olhos entre campos e cidades,
A morte numa espreita a me sorrir.

No passo mais sutil, numa emboscada,
A face mais temível degradada,
Recolho meus cadáveres e refugos,

Escarpas desenhadas pelo tempo,
Heranças do mais duro contratempo,
No açoite a traduzir terríveis jugos.

MARCOS LOURES
Poeta

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